Capítulo 52

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                       EMILY


Como ela ousa me beijar de novo? Pior ainda, como eu ouso deixar ela me beijar daquele jeito, de novo?

— Chega! — falei, logo depois de afastar a minha boca e me levantar. Senti meu rosto queimar de raiva, de vergonha ou sei lá o que mais. — Para de ficar me beijando, eu não gosto quando você faz isso. — olhei pra tudo menos pra ela.

— Há tá. — ao se levantar teve a audácia de se aproximar de novo. — Engraçado que eu nem te vi reclamar.

— Você se acha né? — tentei me livrar daquele olhar insolente e sagaz, mas foi em vão. A maloqueira seguia meus movimentos com os olhos e qualquer que fosse a minha tentativa de me afastar ela de repente estava ali, respirando o meu ar. — Olha aqui garota, eu já tô cheia das suas palhaçadas, ok. Eu não te aguento mais. Será que é difícil de entender que eu mal te conheço e já te odeio? — disparei tudo o que estava entalado na garganta.

Boára me olhou como um leão olha para sua presa, como um animal com o orgulho ferido e voltou a se aproximar só que dessa vez, bruscamente. — O que foi? Vai me bater? Era só o que me faltava. — a encarei.

— Se eu não fiz nada com aquelas baratas lá na sala, tu acha mesmo que eu vou fazer com uma coisa mais insignificante que elas? Nem. — balançou a cabeça em negativo. — Saka só. — sua mão se fechou no meu rosto e antes que eu tentasse me defender, ela me beijou de novo, não como antes, foi rápido apenas um selar de lábios e por algum motivo algo em mim protestou. — Isso, foi um beijo sem importância. Nem vai achando que tu é diferente não ôh metida. Tem tanta gata por aí e se cê tá achando que eu vou ficar me arrastando... — apertou a mão em meu rosto ainda mais forte. — Tá é muito enganada.

Eu tinha mesmo mexido com o orgulho dela e ela, com o meu.

— Me solta! — minha raiva me levou para uma distancia segura.

— Agora vaza! — comandou.

— Sua idiota! Sua...

— Emy! — a voz conhecida chamando o meu nome me fez olhar para o alto do pequeno morro, porém distante. Aquele sorriso me era mais que familiar.

— Não pode ser. — sorri. — Gustavo?

Saí de pressa e corri o mais rápido que pude e quando me dei conta já estava pulando em cima dele. Como um bom atleta ele me segurou firme e me abraçou. Em poucos segundos estávamos nos beijando enquanto Guto me girava.

— O que você ta fazendo aqui? Por que não disse que viria? — ele me colocou no chão mas não me largou.

— E aí Sardentinha. — me deu um selinho.

— Você me pegou de surpresa. — sorri, animada.

— Essa era a intenção, vai que eu te pego com algum marmanjo. Tenho que ser esperto. — revirei os olhos. — Brincadeira.

Eu vim passar alguns dias por aqui, com você. — pousou o dedo no meu queixo.

— Senti saudade. — o abracei.

— Eu também. — disse me apertando. — E o que você veio fazer aqui atrás do colégio?

A pergunta me fez olhar para trás e procurar pela maloqueira que havia sumido.

— Ah, eu vim procurar a Giulia. Às vezes ela vem aqui com as meninas. — menti.

— Hum, e com quem você tava conversando? Acho que eu vi alguém. — ele também olhou para a mesma direção, procurando algo.

— Era só uma garota da minha sala. — bufei tentando disfarçar enquanto passava a mão na ponta da minha orelha. — Mas me diz, como vai a faculdade? Me fala sobre os amigos e... — dei de ombros. — E as amigas.
— Gustavo sorriu e me beijou novamente, nos abraçamos e por cima de seus ombros tentei avistar a maloqueira mas ela realmente tinha ído embora, o que me fez abraçar Guto ainda mais forte.

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora