Capítulo 56

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                        E M I L Y


— O quêê?! — não consegui evitar o susto ao ouvir os nomes das minhas colegas de quarto. — Professora espera, isso só pode ser um engano deixa eu ver essa lista. — estendi a minha mão para pegar a folha mas a professora Karla a afastou de mim.

— Emy eu não sou cega e sei ler muito bem, obrigada. — sorriu. — Sim, esses são os nomes que compartilharão o mesmo quarto. Vou ler novamente caso não tenha escutado bem. — ela olhou para a folha branca. — Emily, Lara e Boára. Esse é o grupo que vai ficar no quarto 42 e essa aqui... — pegou uma chave. — É sua chave. — me entregou uma e outra para Lara. Karla olhou para além de mim a procura de algo ou alguém.

— Onde está a Bô? Caramba, será que ela se perdeu? Quantas vezes eu tenho que dizer pra não se separarem? Eu não acredito! — disse preocupada. A professora saiu em busca da maloqueira me deixando ali afundando no meu azar.

— Eu não acredito que de tantos lugares mais luxuosos no Brasil, foram escolher logo o interior de São Paulo para as nossas férias. Isso aqui nem ao menos cheira bem. — reclamou Lara. — O colégio já nos proporcionou viagens melhores. — tapou o nariz.

Com certeza o gosto da Lara não tem nada a ver com o meu. Adoro flores e o cheiro que o campo oferece, o ar puro e a visão privilegiada do verde e do vilarejo logo atrás de algumas árvores, sem falar na pousada em si que apesar do luxo retrata certa simplicidade.

E ainda dizem que no Brasil não há coisas fascinantes, pois os que dizem isso são aqueles que nunca repararam na magia do nosso verde, da nossa arquitetura que é tão bonita quanto a de qualquer outro país.

— Por favor, vê se não suma novamente Boára. — olhei para trás e a professora Karla vinha com a maloqueira que parecia impaciente. — Como você não estava aqui, provavelmente não ouviu. Suas colegas de quarto serão Lara e Emy.

Ao constatar em seu rosto um meio sorriso, senti uma certa preocupação. — Ah é? — ela colocou suas mãos nos bolsos de sua calça.

— Espera professora, eu quero trocar. — tentei contornar a situação.

— Não posso trocar Emy, foi tudo perfeitamente organizado pela própria diretora. — ela entregou a última chave para a maloqueira. — Tentem não perder as chaves, está bem? Agora vão para seus quartos pois daqui a meia hora vamos fazer um tour juntos pra conhecermos o lugar. Até daqui a pouco. — se despediu e saiu tão rápido que eu nem consegui pronunciar um "a".

— Droga de lugar, está enfestado de mosquitos! — Lara saiu em direção aos quartos.

Boára me encarava com um sorrisinho cínico, não parecia contente só, acho que ela se divertia em ver a minha cara amarrada, em ver um pouco de desespero estampado em meu rosto. Então, me recompus e ergui o queixo.

— O que foi ursinha, tá com medo de mim? — estávamos próximas de novo e por um breve momento percebi seus olhos fitarem minha boca.

— Medo de você? Hahá, jamais! — ri de nervoso. O canto dos lábios dela se ergueu num breve sorriso.
— Claro que não. Tu "num" teria medo de dormir no mesmo quarto que eu, né não? — ela estava me provocando.

— Não. — minha voz saiu rouca, então me recompus. — Claro que não.

— Firmeza, te espero no quarto... — sua mão acertou a minha bunda com certa brutalidade. — Potranca! — a expressão intimidadora deu lugar a um sorriso debochado e arrogante. A maloqueira saiu em direção ao quarto e eu, fiquei paralisada, incrédula.

Do que foi que ela me chamou?

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora