Capítulo 24

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                         EMILY

O teto parecia o melhor lugar para se olhar enquanto acontecia uma verdadeira guerra fora do meu quarto.

— Quantas vezes eu tenho que dizer que eu não quero aqueles seus amigos aqui dentro? — papai gritava muito.

— Essa casa também é minha! — Edu também.

— Sua? Tá achando que eu sou o que seu moleque? — o barulho de algo batendo provavelmente tinha vindo do punho do meu pai contra a porta do quarto do meu irmão.

A discussão lá fora ficava cada vez mais intensa mas eu não me preocupei, afinal era tão normal que eu sabia de cór como terminaria e quem sairia perdendo.
Fechei os olhos e comecei a imaginar um lugar distante, um lugar muito distante como eu sempre fazia pra garantir a minha sanidade.
Um choque mental me fez levantar, passei as mãos em meu cabelo o colocando para trás e respirei fundo antes de ter a ideia mais absurda do mundo.
— Eu vou pra essa droga de festa. — sussurrei pra mim mesma.


[...]

O táxi me deixou no enorme portão da casa de Lara que parecia estar tomada por uma multidão de pessoas. Já era tarde, quase meia-noite mas também decidi muito tarde que sairia de casa antes de enlouquecer e matar a minha família.
Um vestido cinza solto no busto e um pouco justo do abdomem pra baixo e uma sandália MaryJane me deixaram básica. O cabelo prendi apenas uma lateral deixando o restante solto. No rosto coloquei apenas um batom e o rímeo, apesar de odiar as minhas sardas odeio mais andar montada o tempo todo.
Os seguranças abriram o portão e antes de entrar soltei um suspiro resignada. Já na entrada haviam pessoas se pegando pra valeu perto dos arbustos, mais para frente pude ver algumas pessoas bebendo e fumando maconha, o som estava auto e quanto mais me aproximava mais pessoas eu via principalmente as conhecidas. A piscina estava lotada e a casa estava chegando lá.

— Olha só quem veio. — Lara apareceu na minha frente.

— Oi Lara, como vai? — nos olhamos fixamente por um instante, havia uma certa rivalidade dela comigo mas eu ainda não entendia bem o motivo.

— Fiquei preocupada que não viesse com a desculpa de que fosse estudar. — ela cruzou os braços e ergueu o queixo em sinal de superioridade.

— Você quase sempre não aparece, até parece que é melhor que todo mundo. — sua sobrancelha direita também se ergueu e logo seus lábios se contorceram num falso sorriso. — É brincadeira Emy, até parece que não me conhece. — me olhou de cima abaixo cética.

— É eu te conheço. — falei mais pra mim mesma que pra ela.

— Qual é, não vai ficar chateada vai? Se eu fosse você desamarrava essa cara e ia me divertir. Tem muito gato aqui e como quase nunca bebe, hoje você pode se permitir. — ela passou por mim me encarando mas logo sumiu em meio as muitas pessoas.

Ela quer que eu me permita pagar o maior mico da minha vida pra nunca mais voltar ao colégio. A Lara pode ser imprevisível mas no mínimo devo tomar cuidado, aliás qualquer um deve.



[...]
No que diz respeito a festas eu não sabia muito, mas a festa parecia animada e as pessoas mais receptivas.

— E aí Emy. — Pedro saiu da multidão com um copo cheio de alguma coisa.

— Pedro! — sorri animada por ver alguém mais íntimo.

Pedro tem belos olhos castanhos claros e um cabelo perfeito, uma mistura de Leo DiCaprio e Rodrigo Santoro. Ele já está na faculdade e é ou, era o melhor amigo do Gustavo. Desde que foram para a Universidade não ouço falar muito na amizade dos dois. Guto me liga as vezes ou me manda mensagem mas não menciona mais o Pedro.

— Gata que saudade. — ele me abraçou e em seguida beijou o topo da minha cabeça.

— Foi você quem sumiu seu idiota. — dei um tapa em seu braço.

— Ah qual é? Achou que eu esqueceria você? — pegou a minha mão e a beijou.

Seu jeito cretino e galinha de ser não mudaram nada.

— Você é um babaca. — ri.

— Por você eu mudaria. — repetiu a frase que disse a milhares de garotas quando estava no colégio, até que a Giu o pegou de jeito, o suficiente pra ele ficar de quatro por ela durante quase um ano.

— Ah claro. Com certeza. — fiz sinal de positivo e ele riu.

— Vem cá, você viu a Giulia por aí? — deu um gole em sua bebida e colocou uma das mãos no bolso da calça como se quisesse demonstrar tranquilidade.

Até que demorou.

— Na verdade não, mas provavelmente ela está lá dentro. — indiquei a casa com o olhar.

— Hum. — prendeu o lábio inferior quase que por inteiro entre seus dentes enquanto pensava em alguma coisa.

As pessoas passavam por nós sem o mínimo de educação, o lugar estava ficando ainda mais lotado e senti o empurra-empurra me incomodar. De repente mais do que um empurrão me fez olhar imediatamente para a cara do imbecil mas me decepcionei ao ver que se tratava de alguém conhecido, na realidade se tratava de um projeto de garota super mal-feito. A maloqueira abriu aquele sorriso abusado como quando faz toda vez que nos vemos.

— Ai Deus, assim não dá. — bufei.

— Que foi gata? Te machuquei? — a idiota colocou a mão na minha cintura. — Tá doendo onde? Aqui? — me puxou pra mais perto, o que não era muito difícil já que estávamos ficando todos muito próximos uns dos outros. Pedro me observava com atenção então me afastei da maloqueira o mais rápido que pude.

— Dá pra parar?!

Bô encarou Pedro assim que percebeu meu olhar na direção dele mas o ignorou por completo e voltou a olhar pra mim.

— A noite só tá começando ursinha. — um calor súbito surgiu no meu peito tão rápido quanto aqueles olhos perceberam.

— Bô, vem! — alguém interrompeu os parcos segundos de hipnose. Uma garota de cabelo azul puxou a maloqueira que não se incomodou em ser sequestrada. O calor em meu peito se transformou em raiva e frustração.

— Você conhece? — Pedro perguntou, meio confuso.

— Na verdade não, e tenho ódio de quem conhece. — cruzei os braços enquanto encarava a visão da maloqueira escrota no meio da multidão abraçada a uma garota que com certeza não era do colégio.

Maloqueira nojenta! Idiota!

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora