Capítulo 18

17 2 0
                                    


                        LARA

Os dias foram se passando e Bô não tentou conversar ou me matar, inclusive está tão indiferente e concentrada na bunda das piranhas do colégio que me detona sem fazer esforço.

— Já sabe o que vamos fazer no fim de semana? — Maria passava o batom rosê enquanto olhava seu reflexo no banheiro.
As vezes cabulamos aula.

— Uma festa. — arrumei meu cabelo e minha roupa que estava toda amassada.

— Tem certeza? Da última vez que você deu uma festa na sua casa o seu pai surtou. — me lançou aquele olhar investigativo do qual ela sabe que eu odeio.

— Que engraçado, eu não me lembro de ter te perguntado alguma coisa. — peguei meu batom maçã do amor e o contornei em meus lábios.

— Ok, já não está aqui quem comentou. — ergueu as mãos em rendição.

— Ótimo, porque temos que organizar uma festa. — prossegui.

Enquanto retocávamos a maquiagem o silêncio pairou sob o banheiro, comecei a caminhar em meus pensamentos retornando para o meu martírio que tem nome e sobrenome, Boára Fourman. Antes que eu pudesse ir muito longe Maria se aproximou como quem não queria nada além de pegar um rímeo emprestado e juntou seus lábios aos meus. Eram macios e tão ousados que não me importei em borrar o batom.
Nos beijávamos as vezes.
O "as vezes" significa um raramente mas o "raramente" é talvez um mais que de vez em quando.
Coisas de mulheres. — foi o que concordamos quando nos beijamos pela primeira vez. Maria sentia falta de alguém e eu da Bô enquanto ela estava no Rio de Janeiro sendo a mais vagaba das sapatas.

— Eu já disse que aqui não. — me desvencilhei de nosso beijo erótico e limpei minha boca manchada de batom.

Olhei para os arredores e não havia ninguém, Como poderia ter se estávamos completamente sozinhas? Ainda assim era um risco tal ousadia no colégio.
Maria é uma garota bonita, tem um estilo parecido com o meu e é tão popular quanto eu, talvez nem tanto mas é conhecida por ser filha de um dos caras mais ricos do país e mais perigosos também, dizem as más línguas. Seu olhar é tão penetrante e gélido que me atrai, apesar de não ser o tipo de garota com quem costumo ficar. Beijá-la não é um sacrifício, confesso.

— Tá bom, vamos então decidir quem vai. — disse após um suspiro resignado.

— Dessa vez eu quero convidar as novatas.
— disparei e ela me encarou sem entender.

— Lara, você nunca convida novatos para suas festas.

— Pra tudo existe uma primeira vez. — voltei a retocar a maquiagem.

Minha gata de rua vai voltar pra mim. Isso eu garanto.

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora