E M I L Y
Gustavo arrumou um quarto muito bonito, na parte mais elegante e charmosa da pousada. O amplo quarto de casal foi delicadamente decorado e arrumado para um jantar a dois, uma mesa muito bem arrumada, vinho tinto (provavelmente caro), comida gostosa e logo atrás da mesa ficava a cama cheia de pétalas de rosas, e isso porque não era meu aniversário e o dia dos namorados foi a um mês atrás sem contar que já não estávamos mais namorando.
Eu estava convicta de que não iria mais a esse jantar, mas aparentemente Guto sabia ser persistente. No fundo, eu também sabia que esse não era o único motivo e que um dos motivos estava dormindo em algum lugar, com certeza com alguma menina, não que isso de alguma forma fosse do meu interesse, mas por algum motivo eu me importava.
O outro motivo tinha mais a ver comigo mesma, saber o que de fato eu ainda sentia pelo Gustavo era mais importante do que qualquer outra coisa e talvez isso tenha me deixado tensa desde que me sentei à mesa.
— Você parece tensa. — Gustavo colocou sua mão sobre a minha. — Até parece que nunca fizemos um jantar como este antes. — seus olhos se atentavam ao meu decote e vez ou outra aos meus olhos.— Na verdade eu ainda estou nervosa pelo o que aconteceu hoje. — senti sua mão apertar a minha.
— Tá tudo bem, sardentinha. — subiu a mão pelo meu braço. — Eu estou aqui com você agora.
— Eu sei. — dei um meio sorriso e sorvi mais um gole da minha taça de vinho.
— E aquela garota, parou de te incomodar? — meus olhos se atentaram quando percebi a quem ele se referia. — Eu ainda não tive tempo de falar com ela, mas eu prometo que...
— Eu não quero falar dela, ok? — o interrompi.
— Tá legal, desculpa amor. — sorveu um gole de vinho e mais outro em seguida.
— Você não terminou de falar o motivo pelo qual Pedro e você não se falam mais. — mudei de assunto.
— A gente se fala de vez em quando. — Gustavo continuou bebendo.
— Sério? Acho que o Pedro não concorda. —ele me encarou imediatamente.
— O que foi, vocês andam conversando pelas minhas costas? — seu humor mudou.
— Não, mas nos encontramos a algumas semanas e...— Vocês se encontraram? — ele quase engasgou com o vinho.
— Sim, e conversamos. — pousei os braços sobre a mesa.
— E o que foi que aquele idiota te disse, hã? — deu outro gole.
— Por que está nervoso? — uma ruga surgiu em suas têmporas, estava claramente aborrecido, mas logo a expressão se desfez e a irritação amenizou.
— Desculpa, eu não quero falar disso. — Guto se levantou, rodeou a mesa lentamente e pôs-se ao meu lado. — Não vamos estragar esse momento só nosso. — estendeu a mão para mim. — Eu só quero acabar com a saudade enquanto estivermos juntos. — seus olhos pairaram sobre os meus, decidi lhe entregar a minha mão e ele me guiou alguns passos para frente, ficamos parados em frente ao pé da cama e automaticamente minha cabeça assimilou o momento, com o que aconteceu entre a maloqueira e eu no nosso quarto antes de encontrarmos escorpiões em baixo dos lençóis, é claro.
— Gustavo, eu... — ele pousou o dedo em meus lábios.
— Vamos aproveitar. — me puxou para mais perto e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa ele me beijou.
Tantas coisas se passaram na minha cabeça antes daquele beijo então eu resolvi calar todas as vozes de consciência que me enlouqueciam há algum tempo desde que um terremoto bagunçou a minha mente e me entreguei. Me deixei levar pelo silêncio, pelo toque não tão suave, porém acolhedor do meu ex-namorado. O dia de amanhã? Preferi não me importar e deixar rolar.
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Maloqueira
RomanceDizem que existe uma pessoa para cada pessoa. Alguém que vai chegar pra trazer o caos, te encher de dúvidas, te sacanear de vez em quando, te enlouquecer, acabar com o seu dia e te fazer chorar. As vezes essa mesma pessoa também vai te trazer paz e...