EMILY
Deus, por que eu tenho que aguentar essa garota? Será que não tem nenhum outro fardo pra carregar não? Eu não suporto aquela idiota e se eu pudesse, expulsava ela do colégio.
Ela me enfurece de tal forma, que eu jamais imaginei sentir algum dia. Não, não é só irritação, tem a ver com aquilo que eu sinto quando ela chega perto.
Raiva.
Eu sinto raiva, muita raiva. Tanta, que eu poderia ir pra cima dela, coisa da qual eu também jamais imaginei querer.
Cheguei em casa quase soltando fogo pela boca. Papai e Edu brigavam como sempre mas resolvi ignorar de verdade dessa vez. Subi para o quarto e joguei a bolsa na cama, soltei um longo suspiro exausto e fui tomar um banho.
Enquanto tirava a espuma do shampoo no meu cabelo, minhas lembranças me pegaram de surpresa. A boca macia e suave da maloqueira beijando a minha de repente era uma lembrança tão vívida, como se eu estivesse vivendo aquele maldito momento de novo. As mãos dela subindo a barra do meu vestido, seus dentes trincando o meu pescoço. — minha respiração começou a mudar. Algo entre as minhas pernas me deixava confusa, uma briga entre o sim e o não se iniciou em todo o meu corpo e eu me vi numa situação da qual eu nunca tinha vivido antes, senti vontade de fazer algo que jamais tentei fazer por nem ter pensado no assunto como uma possibilidade. Aquela lembrança me despertou o desejo de me tocar.
Ao admitir pra mim mesma o que eu estava sentindo naquele momento, me despertei antes que eu fizesse algo idiota e vergonhoso, mesmo que fosse só pra mim.
Desliguei o chuveiro e saí do banheiro o mais rápido que pude, fugi dos meus pensamentos da melhor maneira que achei, pensando nas próximas provas, nas brigas do papai com o Edu, no Gustavo e em doritos. Claro, porque me masturbar no banheiro pensando numa garota não seria melhor que passar o dia comendo doritos. Não mesmo. Certo?
Emily, para![...]
Finalmente, chegou o último dia de aula e eu estou para ficar livre por quase dois meses. É uma sensação inexplicável.
Deu a hora do intervalo e eu aproveitei para ir entregar alguns livros na biblioteca, acabei me deparando com a Shirley a secretária da diretora, que passou por mim com muita pressa. Em seguida a diretora veio andando em minha direção e também parecia com pressa, mesmo assim resolvi falar com ela sobre o grêmio.
— Senhora Duarte, eu...— Desculpe Emy, eu estou com pressa. — disse ao passar por mim.
— Espera diretora, eu...
— Agora não Emy. — entrou feito um foguete no banheiro particular, para os funcionários.
Ué, o que aconteceu?
— Ai meu Deeeeus. — ouvi alguém falar. Suzana, a cozinheira vinha correndo em minha direção e passou por mim da mesma forma que a diretora e logo atrás vinha Laura que também entrou no banheiro voando.
Será que estão todos passando mal?[...]
Fui para o refeitório mas não comi nada, fiquei conversando com algumas garotas a respeito das férias e então o sinal tocou. Entrei na sala pedindo, implorando para que as duas últimas aulas passassem voando da mesma forma que a diretora, a secretária e as cozinheiras voaram rumo ao banheiro. Olhei de relance para a maloqueira ao que ela entrou na sala, tentei desviei o olhar mas a flagrei olhando para as pernas da Giu, e é claro que me incomodou. Não que eu me importasse, mas é uma falta de respeito ser tão atirada assim, que horror.
A idiota piscou pra Giu que lhe lançou um sorriso, e o mais incrível é que ninguém viu aquilo, ou talvez eu é que estivesse reparando demais.
Peguei minha bolsa a abri e enfiei a mão a procura do meu livro de português. Num segundo eu revirava minhas coisas e noutro minha mão segurava algo mole e peludo que se movimentava rápido. Ao que percebi que eu segurava um rato enorme e branco, arregalei os olhos de forma que talvez pulassem para fora da minha cara. — AAAAA! — gritei e joguei o rato pra cima sem me importar onde a praga iria cair.
— AAAA! — Lara gritou e quando a olhei me deparei com muitas baratas saindo da mochila dela. Todos começaram a gritar, menos alguns garotos. Que riam da nossa cara.— AAA! Meeu Deus... um rato! — gritei e subi em cima da cadeira, as baratas começaram a voar pra cima de todo mundo.
— AAAAiiiii tem baratas no meu cabelo... tira tira tira! — disse Giulia pulando.
— Calminha gata. — disse a maloqueira se matando de rir e tentando tirar as baratas do cabelo da Giulia.
Foi ela, eu sei que foi ela! Eu sei!
Eu vou matar essa garota, eu juro que eu vou matar ela!
Deus eu odeio baratas e ratos então.
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Maloqueira
RomanceDizem que existe uma pessoa para cada pessoa. Alguém que vai chegar pra trazer o caos, te encher de dúvidas, te sacanear de vez em quando, te enlouquecer, acabar com o seu dia e te fazer chorar. As vezes essa mesma pessoa também vai te trazer paz e...