Capítulo 53

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                       BOÁRA

Duca me deixou em casa, acabei dispensando a zoeira e o rolê. Dispensei até as gatas que o Neguim ía me apresentar. Aquela otária acabou com o meu humor. Cara, porque é que eu beijei aquela mina idiota? Eu não consigo pensar quando to perto dela. A metida deve ter algum tipo de praga e quem chega perto fica idiota também, igual a ela.

— Chegou cedo hoje. — o velhote estava sentado na poltrona da sala de estar. Desisti de subir o primeiro degrau e me arrastando fui até o velho.

— Manda coroa. — falei sem paciência.

— Coroa? — ergueu uma das sobrancelhas brancas.

— Na boa, eu não tô de bom humor cara.

— Eu percebi. — as mãos estavam entrelaçadas uma na outra enquanto seus olhões de cor azul me analisavam. — Você chegou cedo e claramente não está com uma linda expressão no rosto. — suspirou.

— Quer conversar?

— Não. — respondi, ríspida. — Quer falar mais alguma coisa?

— Sim. — disse ele, quase no mesmo tom. Fez um gesto pra que eu me sentasse no sofá mas eu continuei em pé. — Está decidido. Você vai viajar com a turma do colégio e vai passar alguns dias com os seus colegas. — foi a vez de uma das minhas sobrancelhas se erguer.

— Haha tá. — bufei incrédula. — Qual é coroa, cê não leva jeito pra fazer piada.

— Rita já cuidou da sua mala, você viaja amanhã. — se ajeitou na poltrona. — O ônibus sai as oito na frente do colégio e você estará lá no horário. — o sorriso cínico estampado em seu rosto enrugado me fez perceber que ele não tava brincando. Qualquer vestígio de diversão mínima que seja, foi se apagando do meu rosto.

— Eu vou te levar agora mesmo pra um asilo. Bora. — realmente cogitei a ideia.

— Veja lá como fala Boára! — disse em tom de ameaça.

— Cê enlouqueceu, é isso? — aumentei a voz. — Eu não vou viajar com aquele bando de mimados, falô!

— Gostando ou não, você vai. — se levantou.

— Cê tá mesmo maluco se acha que eu vou viajar com aquele bando de otários lá da escola. Até parece. — o afrontei. — Nunca velhote. Nunca!



[...]

Que merda de mala! Colocaram um guarda-roupa inteiro nessa porra, até as rodinhas tão parando.

Ah velhote, cê ganhou essa, mas eu te prometo que não vai faltar diversão nessa merda de viagem. Eu vou cobrar essa direitinho vô, pode ter certeza.

— Ai! Será que você não olha por onde... — quando me virei pra ver em quem esbarrei vi que o dia já começou errado. — Não pode ser. — a ursinha cruzou os braços.

— Sai pra lá. — a empurrei com todo o meu mal humor e joguei a minha mala no maleiro do busão.

— Sua grossa! — disse.

— Algum problema? — um cara alto, com sobrancelhas grossas e cara de gigolô se aproximou dela e pegou em sua mão.

É o cara da cena ridícula de ontem. Parecia cena daqueles filmes de romance melosos que passa na sessão da tarde e que o velhote as vezes assiste.

— Não. — respondeu ela.

— Na verdade tem sim. — me pronunciei. — A parada é que a tua namorada fica cheia de ideia pra cima de mim. — me aproximei da ursinha. —Gata, tenta entender que eu não curto as sem graça e que tu não faz o meu tipo. — pisquei e caí fora.

Entrei na porra do ônibus ainda de mal humor por ter que respirar o mesmo ar que aqueles otários por quase uma semana.

— Oi Bô! Será que posso me sentar com você? — Giulia apareceu toda gata num vestidinho curto com as perninhas lindas quase toda de fora. Acho que não vai ser tão ruim assim. Não, não vai ser.

— Cê sabe que pode sentar até no meu colo se quiser morena. — sorri

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora