Capítulo 41

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                       EMILY

Maloqueira ridícula! Estúpida!

Além de mal educada ainda é sem noção, mas isso é pra eu aprender a não tentar andar com esse tipo de gente de novo. Isso é pra eu largar de ser burra!

Eu não vou cair nessa, não vou tentar ir embora sozinha porque é muito perigoso e aliás, foi ela quem me trouxe e é ela que vai me levar de volta pra casa sã e salva.

A idiota dançava com várias garotas seminuas ao seu redor enquanto que dentro de mim a raiva e o instinto assassino aumentavam. Não sabia se estava mais irritada com a forma que ela havia me tratado ou com o jeito escroto com que estava agindo, assim como também estava em dúvida se arremessava uma garrafa na cara dela ou se a asfixiava de forma brutal.

Me sentei afim de me acalmar e na espera de que a maloqueira se cansasse e voltasse. Na verdade, me vi na espera de um pedido de desculpas porque a culpa foi dela. Poxa, ela podia ter me levado a um lugar normal, com pessoas normais e vestidas.

— A Bô não se contenta com mina nenhuma. — disse alguém atrás de mim. Quando olhei, vi que se tratava do amigo da maloqueira, o tal Duca. — Essa mina curte todas. — ele deu a volta no sofá e se sentou do meu lado.

— Acho que eu não tenho nada a ver com isso. — me fiz de desentendida quando na verdade entendi perfeitamente o que ele quis dizer.

— Tá na cara que tu tá afim dela. — sua audácia me fez encará-lo, incrédula.

— Está na cara? — inclinei a cabeça para trás afim de acentuar ainda mais a minha pergunta. — Na cara de quem? — tentei soar calma mas acho que não deu certo.

— Cedo ou tarde você vai perceber que a Bô não consegue fechar com uma mina só. — antes que eu pudesse revidar o atrevimento ele se levantou e saiu, me deixando sozinha novamente.

Enquanto isso, a sem vergonha dançava coladinha com um monte de piranhas piriguetes, que sorriam feito hienas.

Já chega! Eu mal cheguei e to cansada, com fome e irritada. Não é justo me trazer pra me deixar assim, sozinha. Antes que isso fique pior, eu vou dar um basta e voltar pra casa, mas eu não vou embora sem a maloqueira, aaah mas não vou mesmo.

Me levantei de pressa e respirei fundo, andei em direção a maloqueira e tentei falar com ela.

— Ei! — chamei mas nem deu bola. — Ei, garota! — chamei novamente mas Bô fingiu não me ouvir e continuou dançando com uma das garotas na sua frente.

Ninguém me ignora assim.

Me aproximei da maloqueira, empurrei a garota que estava em sua frente e me pus a frente dela que parou de dançar mas olhou para o lado e não pra mim.

— Espero que tenha sido sem querer sua vadia! — a garota que eu havia empurrado me empurrou de volta.

— Não, não foi sem querer! — a empurrei novamente.

Definitivamente não era assim que eu queria que minha noite começasse ou acabasse. Odeio brigas mas odeio ainda mais gente brigona.




[...]

— Ei vadia, vem pra quebrada pra arrumar confusão? Tá pedindo uma surra? — a garota morena e muito alta se aproximou ameaçadoramente.

Eu vou levar uma surra mas eu não estou nem aí, desde que a maloqueira me leve pra casa, mesmo que a preço de um barraco.

— Escuta aqui sua louca, a conversa aqui não é com você, licença. — me virei e olhei Bô que me encarava um pouco confusa, talvez. — Me leva pra casa! — o que era pra ser um pedido saiu como uma ordem.

— Te vira. — ela pôs-se a sair mas eu a segurei pelo braço.

— Por favor. — dessa vez saiu como um pedido porém um pouco desajeitado.

— Agora cê sabe ser educada? — disse ela, séria.

— Ei sua cadela, não me ignora não! — a garota que eu empurrei pegou no meu cabelo mas consegui me soltar a tempo.

— Eu vou te mostrar quem é cadela! — a raiva me fez agir como um animal à ponto de ir pra cima da piranha piriguete mas fui segurada pela maloqueira, tentando apartar a briga.

— Tá toda se roendo porque tua mulher tava dando em cima de mim, levou gaia né cadela? — disse a garota enchendo a boca e indicando com gestos a maloqueira.

— Sério? — ri nervosa. — Nem brinca querida, mesmo se ela fosse minha namorada, quem sairia perdendo em me deixar pra ficar com você seria ela, afinal de contas eu não sou rodada. — disparei e a maloqueira me puxou.

— Tá doida? Tá arrumando encrenca num lugar que nem conhece. — disse a mesma me levando pra longe da piranha folgada com quem eu estava brigando.

— A culpa é sua! — falei me soltando dela e arrumando o meu cabelo. Sem motivo algum a maloqueira começou a rir. — Do que é que você está rindo?

— Já te falei que tu fica gata cheia de raivinha? — riu. — Não precisa do ciúme ursinha, pode me usar a noite toda se quiser. — debochou, como sempre.

— E quem disse que eu estou com...

— Bora, vou te levar pra casa. — a maloqueira se aproximou e me deu uma mordida na orelha. — Promete que vai me oferecer uma casquinha?
Pelo visto sua irritação comigo já havia passado e seu bom humor retornado.

— Você é uma... — ergui a mão no intuito de afastá-la ou talvez agredi-la já que minha raiva ainda não tinha se dissipado e eu não conseguia esquecer tão fácil um acesso de ódio, mas a maloqueira segurou a minha mão com precisão.

— Essa tua marra só me aproxima mais. — ela mordeu a minha mão de leve e eu me soltei.

— Aiii, vamos embora! — ergui o queixo e cruzei os braços.

— Tá, antes de ir tu não quer nada? Uma bebida, erva ou um beijo? — minha boca foi se abrindo em forma de um "Ó".

— Como assim erva? — arregalei os olhos e Bô deu uma gargalhada. Foi mais que uma simples gargalhada, foi um riso totalmente espontâneo e divertido, eu diria que um riso bonito.

— Brincadeira. — a gargalhada deu lugar a um sorriso genuíno. — Mas o lance do beijo é real. — completou.

Revirei os olhos e a empurrei. — Sua ridícula! — ela continuou sorrindo. Saí deixando-a para trás e caminhei em direção a saída tremendo de raiva e sentindo um frio horrível na barriga.

Eu nunca me imaginei sentindo tanta raiva por alguém como estou sentindo agora, e é tão difícil de lidar.

MaloqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora