BOÁRA
Uma musiquinha irritante soava na minha cabeça mas o sono não me permitia acordar. Senti algo gelado em minhas costas e me levantei imediatamente.
— Mas o que... — meus olhos abertos com dificuldade finalmente conseguiram enxergar. — Ah qual é, cê pirô? — encarei a ruivinha já de pé com um copo vazio na mão.
— Já está na hora de você ir embora daqui garota. — revirei os olhos mediante a seu ataque.
— Oxi, e o café?. — olhei para o relógio. — Porra gata, cê bebeu? Ainda são quatro da madruga. — cocei minha cabeça.
— Você devia me agradecer por não ter chamado a policia enquanto você dormia. Agora vai embora da minha casa sua maloqueira sarnenta. — seus olhos correram pelo o meu corpo.
— E veste uma roupa pelo amor de Deus. — desviou o olhar. Sorri ao ver suas bochechas coradas.
— Não quer dar mais uma olhadinha? Quem sabe tocar. — gesticulei pegando em meus peitos.
Não tive como não rir.— Tá legal. Já tô me mandando. — olhei envolta do quarto. — Merda, a minha roupa...
— Espera... — disse ela se virando e indo em direção a sua penteadeira, pegou algo dentro de um cesto que estava ao lado e voltou jogando minhas roupas na cama.
— Eu as deixei na secadora, veste e vai embora. — automaticamente levantei uma sobrancelha.
— Tu fez isso por mim? Na boa, acho que tô apaixonada. — brinquei e lhe mandei um beijo. Minha roupa estava um pouco amassada mas até aí nem liguei. Pouco tempo depois eu já tinha me vestido e a ruivinha não parava de bater o pé impaciente.
— Assim eu vou achar que tu tá louca pra eu ir embora. — falei sarcástica
— Imagina. — disse ela irónica o que me fez sorrir. Aquele pijaminha com desenhos de ursinhos a deixava uma delicia apesar de ser um pouco infantil.
— Vai logo, eu não tenho todo o tempo do mundo e aposto que você também não. — cruzou os braços
— Se me pedir com jeitinho eu prometo que faço tudo o que você quiser, ursinha. — pisquei enquanto colocava meu tênis que ainda estava molhado, dos males o menor.
Me levantei da cama já pronta e percebi que meus arranhões já nem doíam tanto, aliás eu nem me machuquei tanto quanto eu tinha pensado.
— Ótimo. — disse ela. — Agora ponha-se pra fora da minha casa antes que meu pai ou a Dandinha apareça.
— É muito difícil resistir a um pedido teu, mesmo cê com essa marra toda. — me aproximei mas ela se afastou. — Calma eu só quero te agradecer. — falei sorrindo. É interessante tirar uma com a cara dela.
— Me agradeça indo embora. — ela fica vermelhinha quando está brava e parece que suas sardas aumentam com sua mudança de humor. É doce não é?
— Tô caindo fora. — levantei as mãos em sinal de rendição. Me aproximei rápido dela e lhe dei um selinho. — Só pra tu não dizer que sou mal agradecida. — fui até sua janela que quando aberta dava direto pra uma pequena sacada.
A abri e me apoiei no corrimão, fui apoiando meus pés em algumas pequenas aberturas na parede e desci até a janela de baixo, me deparei com o que me parecia um mini jardim e com cuidado e o mínimo de barulho possível pulei o muro sem dificuldade.
Ainda estava escuro e eu tentei não andar feito uma suspeita e em poucos minutos cheguei em casa, entrei e o silencio tomava conta de tudo então aproveitei a onda e fui subindo de vagar acompanhando o mesmo silêncio pra que ninguém me ouvisse.
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Maloqueira
RomanceDizem que existe uma pessoa para cada pessoa. Alguém que vai chegar pra trazer o caos, te encher de dúvidas, te sacanear de vez em quando, te enlouquecer, acabar com o seu dia e te fazer chorar. As vezes essa mesma pessoa também vai te trazer paz e...