BOÁRA
Nada me deixava mais puta do que ir embora de um rolê cedo, mas aí é que tá, não fiquei irada e pior ainda, não conseguia tirar o maldito sorriso da cara, tava parecendo uma palhaça.
Devo confessar que a ursinha se sai bem numa briga, e que a filha da puta é marrenta pra caralho, é uma droga mas isso me atrai.
— Graças a Deus saímos daquele lugar. — reclamou ela pela décima vez enquanto me seguia. Saímos da casa mas o carro estava estacionado na terceira esquina e Duca ficou de nos encontrar lá.— Tá ligada que tu reclama demais né? Vira o disco gata, tu reclama pra caralho. — revirei os olhos.
— Você é insuportável garota! Sabe de uma...? — dizia, andando com dificuldade por conta dos saltos. — Eu não sei o que me deu na cabeça pra ter topado sair com você! — passamos por uma rua estreita e entramos em outra.
— Dá pra falar baixo? — blá blá blá. Aquilo já tava me incomodando.
— Vai se ferrar! — soltou. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa o barulho estridente da sirene e as luzes de giroflex me fizeram automaticamente tapar a boca da ursinha.
— Cala a porra da boca! — a levei pra perto da cerca bem do nosso lado. Dois carros de polícia passaram na direção da mansão e por sorte não nos viram. Duca provavelmente já estava no carro mas não dava pra gente ficar a vista. — Vam'bora daqui, agora. — baixei a voz. A ursinha com os olhos arregalados apenas assentiu. Emy começou a caminhar, mas não no mesmo ritmo que eu por causa dos sapatos. — Tira esses sapatos. — pedi, já impaciente.
Bem que o mané tinha me avisado.
— O que? Jamais! — ela passou na minha frente e continuou andando.— Tira os sapatos ou eu te deixo aqui. — ameacei.
— Não! Eles foram caros demais pra eu deixá-los pra trás. — disse andando. — E aliás, são os meus sapatos favoritos e ninguém vai me fazer jogá-los fora. — finalmente parou e me encarou ameaçadoramente.
— Não precisa jogar eles fora. — ela pensou durante um tempo e enfim decidiu tirar os sapatos, os peguei das mãos dela, arranquei os saltos e os entreguei novamente. A ursinha com os olhos arregalados olhou para os sapatos e em poucos segundos em seus lábios se formaram um lindo biquinho.
— Você é uma bruta! — me empurrou.
— Cala a boca e coloca logo essa porra. — mandei.
— Meus sapatos... — reclamou com a voz rouca enquanto calçava os sapatos.
Caralho, esse jeitin de falar me derrete. Isso é novo e um pouco assustador também.
— Bora! — a peguei pela mão e corremos pela rua, quando estávamos um pouco distantes da casa ouvimos barulho de gente gritando e percebi que as pessoas da mansão estavam correndo também, foi aí que apressei o passo e claro, tive que praticamente puxar a ursinha porque ela é delicada demais pra correr.
Patricinhas... vai entender!
Estávamos longe da mansão e nada do Duca aparecer.
Espero que não tenha rolado nenhuma treta, porque dessa vez ele pode se dar mal de verdade.— Maloqueira idiota! Maldita seja! — a ursinha não parava de reclamar por um segundo. Eu não sei se mato ou se beijo essa filha da puta. Tô decidindo ainda.
Pro nosso azar apareceu uma viatura e tivemos que correr por uma rua deserta e escura, onde logo do nosso lado tinha uma decida que parecia um parque cheio de árvores e com a grama aparada.
— Ai meu Deus eu vou ser presa, meu pai vai me matar e ainda vou ser alvo de comentários maldosos no colégio e o Gustavo... — ela foi falando umas paradas que eu não entendi. Que mané é Gustavo?
Mal tínhamos despistado uma viatura logo veio outra e dessa vez tivemos que correr pra valer. — Eu não aguento mais correr! — disse ela quase parando.— Como cê é fresca. — a puxei e ela parou de vez.
— Eu vou me entregar! — disse ela sem ter a mínima noção do que disse.
— Deixa de ser idiota patricinha! — a puxei novamente mas a viatura se aproximava lentamente, apesar de que eles ainda não tinha nos visto.
— Se quiser ir embora...
— Cala a maldita boca garota! — falei enquanto a puxava e nesse puxa puxa acabamos nos enrolando e caindo na decida do tal parque, rolamos e rolamos até chegar perto de uma árvore.
— Ai caralho! — reclamei ao sentir a dor do impacto do meu corpo contra uma árvore. Percebi que Emy tava estirada na grama e fui rapidamente ver se ela estava bem. — Ei... — a chamei e vi que ela tava com os olhos abertos e parecia assustada. — Cê tá bem gata? — perguntei realmente preocupada, mas a garota se lançou contra mim num acesso de raiva.
— Isso tudo é sua culpa, sua maloqueira idiota! Você quase matou nós duas! — ela me empurrou fazendo com que eu caísse na grama e subiu encima de mim, colocou suas mãos no meu pescoço e senti uma certa pressão mas nada tão forte.
— Calma! — pedi me esforçando pra não rir, mas foi em vão porque me deu um acesso de riso, o que a fez parar de tentar me matar.
— Do que você está rindo? Hein? — perguntou ela ainda encima de mim. Me ajeitei e olhei diretamente em seus olhos.
— Cê tá bem? — cessei o riso mas não dava pra negar a diversão na minha cara.— Não, graças a você! — disse, com raiva.
— Onde é que tá doendo? — passei as minhas mãos em suas coxas. — Aqui? — ela me olhou séria mas um pouco incomodada, então subi um pouco as minhas mãos até sua bunda e a apertei. — Ou aqui? — nem percebi quando nossos rostos ficaram próximos apenas a fitei fixamente.— Quer saber? você é uma ridícula que adora se aproveitar da situação. — ela tentou se levantar e eu a segurei.
— Nem sei do que tu tá reclamando, cê teve emoção pra uma vida inteira hoje, porque aposto que tu nem sabe o que é adrenalina. E tem mais, isso não é nem a metade do que eu passo numa noite, então fica de boa. — ela pegou no meu rosto com as duas mãos o esmagando e me fazendo olhar pra ela.
— Eu nunca mais quero saber de você, nunca mais ouviu?! Você é louca, uma maloqueira idiota e maluca. — seus olhos carregados de raiva ainda me fitavam a procura de algo.
— Sabe qual é o teu problema? — perguntei
— Qual? — ela quis saber. — Qual é a droga do meu problema?
— Teu problema é falta de pegada. — bati minhas duas mãos contra sua bunda e a apertei novamente. — É falta de carinho. — mordisquei seu seio por cima de seu vestido. — É falta de beijo. — enrolei minha mão em seu cabelo atrás da nuca e a puxei.
Nossos lábios se chocaram de forma absurdamente possessiva e brutal, busquei sua língua imediatamente antes que ela pudesse tentar se afastar e pra minha surpresa não houve protesto. Com ela encima de mim ficava mais fácil de manter todo o sincronismo.
Até aqui tinha acontecido um ou dois selinhos mas isso... Era por isso que eu tava esperando, sem exagero ou decepção. — ela afastou meu cabelo do meu rosto e o colocou para trás, o que significava um talvez.
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Maloqueira
RomanceDizem que existe uma pessoa para cada pessoa. Alguém que vai chegar pra trazer o caos, te encher de dúvidas, te sacanear de vez em quando, te enlouquecer, acabar com o seu dia e te fazer chorar. As vezes essa mesma pessoa também vai te trazer paz e...