CARLA DIAZMeu chefe era um perfeito babaca. As reuniões de segunda à tarde consistiam em três horas de Fernando Alencar contando para a maioria dos homens da divisão de programas esportivos sobre sua última conquista.
Olhei fixamente pela janela enquanto ele continuava querendo saber se qualquer um de seus ancestrais do sexo masculino tinha suas almofadas monogramadas com suas iniciais.
Uma verdadeira chatice, não sei o que era pior Fernando não calar a boca ou os babas ovos de plantão.
Eu ri baixinho e me levantei.
Fernando: Srta. Diaz? — Ele gritou da ponta da mesa de reuniões, que tinha capacidade para vinte cadeiras e três fileiras de profundidade.
Sessenta pares de olhos se viraram para olhar em minha direção.
Carla: Sim, Sr. Alencar?
Fernando: Você tem algo a dizer?
Carla: Não. Eu esperava escapar desapercebidamente. Há um jogo hoje à noite e preciso checar o guarda- roupa.
Fernando: Bem, corra, então, não deixe que uma coisa pequena como uma reunião da equipe a impeça de brincar de se vestir.
Babaca.
Houve algumas risadinhas enquanto eu me dirigia para a porta, mas realmente não me importei.
A maioria deles estava apenas com inveja. Hoje à noite, eu cobriria o jogo do Flamengo contra o Vasco ao vivo, enquanto eles assistiriam ao jogo na TV com uma cerveja em uma mão e a outra enfiada na cueca suada.
Mais de trinta jornalistas foram entrevistados para a minha nova posição como narradora na transmissão da equipe de futebol, mas era eu quem ia conversar com os jogadores esta noite no pós-jogo — não eles.
Isso não me fez muito popular no grupinho.
Mesmo que eu tenha trabalhado oitenta horas por semana nos últimos anos para chegar onde estou, os homens que trabalhavam trinta foram os primeiros a dizer que eu tinha conseguido isso usando minha vagina mágica.
Danem-se eles.
Em vez de ir direto para o guarda-roupa, fiz um desvio para o meu escritório. Keh não perdeu tempo e me acompanhou. Ela veio correndo e se a poiou no braço de uma cadeira de visitas, os pés descalços sobre o assento.
Keh: Pensei que você poderia precisar disso. — Seus olhos miraram uma barra de sabonete no meio da minha mesa desarrumada.
Carla: Eu estou fedendo?
Keh: É para o vestiário no pós-jogo. Já faz algum tempo. Achei que podia usar a tática de deixar o sabonete cair, sabe?
Carla: Você é pior do que o Sr. babaca. — Refiro-me ao meu chefe e guardo os arquivos de pesquisa na minha maleta de couro, enquanto conversamos.
Eu sabia cada estatística de cor, mas planejava ver tudo de novo no trem mesmo assim.
Carla: Sem sabonete para mim. Eu tenho mais um mês na minha limpeza.
Keh: Limpeza é para cólons, não vaginas.
Carla: Faz apenas cinco meses, mas tem sido bom para a alma. — Keh riu.
Keh: Cinco meses sem sexo? Parabéns querida, ta ai uma coisa que eu não conseguiria.
Carla: Claro que conseguiria.
Keh: Não rola nem um dedinho na madrugada a fora. — Eu jogo uma bola de papel em sua direção. — Você deveria experimentar.
Carla: Bacana. Eu vou ficar com o meu suco verde, obrigada.
Keh abriu a bolsa e tirou um frasco de esmalte pink. Ela começou a pintar as unhas dos pés, que já eram rosa-choque, bem ali no meu escritório.
Carla: O que você está fazendo? — Ela parou e olhou para mim como se eu fosse idiota.
Keh: Pintando meus dedos do pé. Eu coloquei uma primeira demão hoje de manhã, mas esta cor realmente precisa de uma segunda camada.
Carla: Você tem que pintar as unhas no meu escritório?
Keh: O meu escritório vai ficar fedendo.
Carla: Mas não há problema de feder o meu?
Keh: Você está sempre cheirando merdas assim. Livros, comida Carla Days...
Carla: É diferente. Eu escolhi cheirar aquelas coisas. — Não era o momento de admitir que dois dias atrás eu tinha feito um pedido de esmalte de unha da Avon.
Por que ninguém inventou antes o esmalte de unha perfumado?
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Não aguentei esperar 🤭
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Aulas, Cria!!
FanfictionSinopse: Na primeira vez que encontrei Arthur Picoli ele estava no vestiário masculino. Foi a minha primeira entrevista como jornalista esportiva profissional. O famoso Atacante do Flamengo decidiu me mostrar tudo. E, por tudo, não quero dizer que e...