Capítulo 120 :

1.2K 72 6
                                    


Arthur: Mãe! — Encontro minha mãe na recepção com semblante preocupado e quase caio duro por isso.

Enfrento multidões correndo atrás de uma bola, mas penso que não serei capaz de enfrentar as notícias que tem para me dar.

Arthur Onde está Carla? — Levo um beliscão e entre ela e a Carla não sei qual me bate mais, virei um saco de pancadas mesmo.

Beatriz: Podia demorar mais um pouco! — Fala como se tivesse culpa pelo atraso. — Carla está lá dentro e mal falam comigo. Dei uma de bisbilhoteira, não que eu goste disso, bem sabe que odeio fofocas, mas ouvi que a esposa do joagador estava com a pressão muito alta.

Arthur: Pronto, vou morrer de um ataque cardíaco, só pode. — Nem espero minha mãe terminar e parto como um louco atrás de um funcionário do hospital.

E sabe quando você está louco de pressa e preocupação e todo mundo desparece?! É sempre assim! No balcão não havia ninguém. Podiam ser mais organizados!

Xxx: Arthur Picoli! — Uma moça morena vestida elegantemente com um dos uniformes da maternidade me reconhece. Ser famoso tem suas vantagens. — Deve estar procurando por sua esposa. — Me olha com admiração e tenho que lembrar de bater uma foto com ela, mas depois.

Arthur: Sim! Poderia me levar até ela? — Pergunto apressado, sem me preocupar com os protocolos. Ela já sabia quem eu era e depois eu mandava meu empresario preencher a papelada e pagar a conta.

Xxx: Creio que o senhor deva preencher a ficha da gestante!

Arthur: Depois você vê isso com meu empresário, certo?! O nome dele é Robson.

Xxx: Mas eu não posso deixar o senhor entrar! — Ah, mas poderia mesmo. — Temos alguns protocolos para seguir.

Senhor, como odiava os protocolos, por isso resolvi ser jogador, tudo mais simples, sem linguiça para encher.

Arthur: Olha só, bato foto com você, com suas amigas e até dou autógrafo, mas dê um jeito de eu chegar até minha esposa antes da minha filha nascer ou não sobrará mais nada de Arthur Picoli para vocês. — Carla é capaz de me matar, é mais brava do que boi em véspera de rodeio.

A moça me olha assustada, sem entender muito e nem precisava entender, bastava apenas me levar ao encontro de Carlinha.

Arthur: Não vai me dizer que minha filha já nasceu?

Xxx: Oh não! Maria Clara não nasceu ainda. Carla Diaz estava fazendo exames a última vez que me avisaram. A assessoria do hospital tem acompanhado a evolução do parto de modo a informar em suas redes sociais. Há uma agitação impressionante da mídia em volta de sua filha, o que é perfeitamente plausível, considerando que o senhor acabou de ser indicado ao Fifa.

Eita que essa mulher era bem informada.

Xxx: Prazer, Leide Abreu! Sou enfermeira aqui na maternidade e logo nossa assessora de imprensa virá conversar com o senhor.

Arthur: Sem imprensa, por favor! — Mal consegui me livrar e já querem me colocar de volta nos holofotes. — Escolhemos essa maternidade porque nos prometeram discrição e que lidariam com a imprensa. Então, exijo ver minha esposa e assistir o nascimento da minha filha.

Leide: Claro! Mas o senhor deve compreender que tudo aconteceu muito rápido e que não tivemos tempo para nos organizar.

Arthur: Por favor, Leide! — Nome chique esse e bem sonoro. — Quebra meu galho e me leve até minha esposa.

Tento fazer cara de pai desesperado, o que não é muito difícil, já que estou desesperado mesmo. A convenci depois de me fazer prometer que não iria dedurá-la à direção por quebra de protocolo.

Mal sabe ela que vou é exigir que dobrem seu salário. Subimos alguns degraus e chegamos a uma ala elegante da maternidade. A enfermeira havia me levado para as acomodações que seriam ocupados por Carla e minha filha, mas não as encontramos ali.

Me senti enganado e murchei.

Leide: Fique aqui, por favor, que irei ver para onde a levaram! — A enfermeira diz.

Espero por longos cinco minutos e quando a porta abriu, Leide me informou que Carla havia sido levada para a sala de parto. A segui pelo corredor e quando chegamos, todos já me reconheceram, incluindo Doutora Milena que estava com o semblante taciturno.

Arthur: Doutora, onde está minha esposa? — Pergunto num misto de euforia e preocupação.

Dra: Acalme-se, meu jovem! Carla Diaz está bem e sendo monitorada, mas nos preocupamos com sua pressão que está um pouco acima do recomendável. Estávamos apenas esperando sua chegada e uma nova avaliação para decidirmos se faremos uma cesárea. As contrações ainda estão muito espaçadas e...

Não consigo mais compreender o que me fala e sinto medo. Meu Deus, nunca pensei que sentiria tanto pavor na vida!

Dra: Está bem? — Pergunta preocupada.

Arthur: Não foi nada, só um mal súbito! Acho que foi a emoção que me tomou de repente. —  Tentei disfarçar um pouco, afinal, tinha uma fama de macho para zelar.

Dra: Sei! — Ela revira os olhos, dando a entender que não havia acreditado.

Arthur: Está bem! Amarelei mesmo! — De nada adiantava negar o óbvio. — Por isso que são as mulheres que trazem os filhos ao mundo. — Solta uma gargalhada e acabo por concordar.

Dra: Leide, arrume um uniforme para o papai de primeira viagem aqui e o leve até a esposa antes que tenha que chamar ajuda para levantá-lo. Vejo vocês em breve! — Bate nas minhas costas e sai como se nada tivesse acontecido.

Essa coisa de médico ficar calmo é irritante, queria só ver se fosse o filho deles nascendo.

Comentem

Aulas, Cria!!Onde histórias criam vida. Descubra agora