Aulas, Cria!!

Capítulo 63 :

Arthur olhou ao redor da sala antes de tomar um gole considerável. Colocando a bebida na mesa, ele levantou um joelho e se virou para mim.

Arthur: Eu lhe dei um tabuleiro de damas de madeira. Ela vive em um lar de idosos e gosta de jogos. Ela os vê na TV todos os dias e gosta de jogar jogos de tabuleiro.

Carla: Ah. Isso é legal da sua parte. Ela é uma amiga do seu pai? — Ele me olhou diretamente nos olhos desta vez.

Arthur: Ela é a avó da Ana, Marlene.

Havia mais nesta história. E eu não tinha certeza se queria saber o resto dela.

Arthur: Depois que Ana desapareceu, Marlene começou a ficar muito confusa. Ela não tinha família, além da filha e uma neta viciadas em drogas. A mulher passou toda a sua vida vendo o lado bom das pessoas e, no entanto, quando chegou sua vez, quando ela precisava desse lado bom para ela, as duas estavam longe de ser encontradas.

Arthur tinha um braço pendurado no encosto do sofá, eu estendi a mão, peguei a sua e apertei.

Arthur: Minha mãe e eu nos revezamos cuidando dela por um tempo, depois que eu voltei da faculdade. Mas, então, o meu pai se aposentou e voltaram para Conduru, e eu estava viajando quatro dias por semanas com a equipe. E não era seguro para Marlene estar sozinha. Então, a coloquei em uma casa de repouso cerca de três anos atrás.

Carla: Uau. E você ainda mantém contato com ela?

Arthur: Não perdi nenhuma semana desde que a coloquei lá. Prometi a ela que veria meu rosto sorridente a cada semana. — Arthur gargalhou. — Houve segundas-feiras em que eu não estava bem, mas não deixei de aparecer por lá na terça.

Carla: Isso é incrível, Arthur. Muita gente não faria isso por outra pessoa. Especialmente alguém que não é nem mesmo da sua própria família.

Arthur: Ela sempre foi como da família para mim. Eu era jovem quando eu e minha mãe viemos para o Rio. Marlene nos ajudou  sempre que podia. Além disso, alguém tinha que estar lá para ela. Ana é que não estaria.

Eu estava curiosa para perguntar sobre ela desde a noite em que ele me contou sobre o que aconteceu na faculdade, mas a oportunidade nunca tinha se apresentado. Até agora.

Carla: O que aconteceu com Ana? Você mencionou que ela desapareceu após a noite com Anderson.

Arthur: Ela se foi por bastante tempo depois disso. Não apareceu até o meu primeiro ano jogando como profissional. Foi provavelmente o seu período mais longo sóbrio desde que éramos adolescentes. As coisas estavam bem por um tempo. Até não estarem mais.

Carla: Isso não parece bom.

Arthur: Não era. Ela desapareceu novamente uma noite. Eu procurei durante dias. Fui a todos os buracos de drogas de onde eu já a tinha tirado um dia. Perdi metade dos meus treinos, e, quando eu aparecia, era uma porra de desperdício de tempo. Eu não tinha foco. No meio do campeonato, a polícia bateu na porta de Marlene uma noite. Havia alguns campos de desabrigados, principalmente dependentes que tinham desistido da vida em geral. Um barco da polícia patrulhava uma manhã e encontrou-a flutuando com o rosto para baixo.

Carla: Meu Deus.

Arthur: Ela ficou sem oxigênio por quase três minutos e estava azul por causa da temperatura da água. Marlene e eu passamos dois dias no hospital. Ela teve duas paradas cardíacas, e eles a reanimaram. Eles não sabiam se ela teria danos cerebrais quando acordasse.

Carla: Isso é horrível lindo.

Arthur: Se fosse você ou eu, teríamos morrido ou estado em um tubo de alimentação babando para o resto de nossas vidas. Mas não Ana. Dez dias depois, ela saiu do hospital como se nada tivesse acontecido.

Carla: Uau.

Arthur: Eu pensei que talvez a coisa toda a tivesse assustado.E, por um tempo, eu acho que até assustou. Até três de dezembro, há seis anos.

Carla: O que aconteceu nesse dia?

Arthur: Nada. Foi a última vez que a vi. — Arthur parou, levantou o copo da mesa e engoliu o resto da bebida. — Até esta terça-feira.

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