Capítulo 92 :

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Levei João, o neto João neto e um de seus amigos para o Dia de Entrevistas. Os dois vestiam camisetas do time com meu nome e não calaram a boca na parte de trás do carro todo o caminho até o estádio.

Seu entusiasmo era contagiante.

Arthur: Eles sempre são barulhentos? — Olhei para João. Ele assentiu. — O bom Deus faz as pessoas velhas ficarem surdas por uma razão.

Mesmo chegando ao Dia de Entrevistas quatro horas antes do início, o lugar estava cercado. Mais de dois mil membros da mídia de todo o mundo e quatro mil fãs eram esperados para participar do evento, que era o pontapé inicial extraoficial para a próxima semana da Copa das Confederações.

Se hoje fosse algo parecido com anos anteriores, a multidão no campo seria mais semelhante a um circo do que um evento.

Fãs loucos vestidos como super-heróis, mulheres com corpos pintados, e perguntas muitas vezes sem sentido. O time tinha arranjado segurança extra e um manobrista, com uma área de estacionamento cercada para cada time. Eu me orientei pelas indicações para a entrada.

Arthur: Assim que entrarmos, vigie de perto esses dois. Os fãs podem ficar bastante agitados. — João sorriu.

João: Tão mole por trás da aparência durona. Seus companheiros de equipe sabem quão covarde você realmente é?

Arthur: Cala a boca, linguarudo. —  O manobrista saiu disparado com o meu carro, cantando pneu, e nós quatro caminhamos para a entrada através das barricadas de madeira da polícia.

Ambos os lados estavam alinhados com os fãs que tinham, provavelmente, acampado a noite toda. Levantei João neto sobre os ombros e caminhei para a multidão alinhada em três filas para dar autógrafos.

Um garoto de quatorze ou quinze anos tinha metade do corpo inclinado sobre a barricada de madeira. Peguei o seu primeiro, escrevendo meu nome, em seguida, passei o bloco e a caneta para o meu passageiro.

Arthur: Fala meu querido! Você quer ambos os autógrafos, certo?

O garoto balançou a cabeça, mesmo que ele não tivesse ideia de quem era o menino que estava em meus ombros.

Arthur: Você assina também, peixinho.

João Neto: Eu não sei como escrever meu nome.

Arthur: Basta fingir, é o que eu faço. Rabisque muito. — João Neto equilibrou o bloco em cima da minha cabeça e fez o que eu lhe disse.

A multidão estava entusiasmada. Nós autografamos por quinze minutos e, em seguida, fomos para dentro antes que eu fosse multado por estar atrasado para a reunião do pré-evento da equipe.

Entreguei a João e aos garotos o crachá VIP para colocarem em volta de seus pescoços e os bilhetes de admissão de fã.

Arthur: De volta aqui às seis?

João: Você que manda, chefe.

Arthur: Chefe? Agora você está falando como deve. — Eu sorri para João. — Gostei.

Quinze minutos antes de o evento começar, eu estava sozinho em um camarote de luxo acima do enxame de pessoas no chão da arena. Olhei para fora através da janela de vidro e tomei um gole da minha garrafa de água. Os dois lados da arena estavam alinhados com cabines criadas para cada um dos jogadores se sentar.

Microfones pendiam dos fios acima do solo, e eu sabia por experiência própria que as multidões de repórteres logo estariam gritando suas perguntas e empurrando ainda mais microfones na nossa cara. Esta semana era o ápice pelo que cada jogador trabalhou: chegar a Copa das Confederações.

No entanto, eu não me sentia com vontade de comemorar com o resto da equipe depois da nossa reunião. Em vez disso, desci para a primeira área privada que encontrei a fim de ter alguns minutos para olhar para ela.

Fazia dez longos dias desde que eu tinha visto seu rosto, e eu gostaria de aproveitar o que pudesse ter. Agora eu sabia o que sentia um fã enquanto perseguia um jogador.

Uma parte de mim ainda estava chateada com ela por dizer que não me amava. Mas uma grande parte minha não acreditava que era verdade. Seus olhos disseram algo diferente do que seus lábios mentirosos pronunciaram.

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