Capítulo 72 :

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Os primeiros minutos do passeio foram desconfortavelmente tranquilos. Eventualmente, Otavio falou:

Otavio: Bem, eu acho que sei por que você não quis sair comigo.

Carla: Desculpe. Eu provavelmente deveria ter te dito, mas, quando você me chamou da primeira vez, nós não estávamos namorando ainda, e eu realmente estava ocupada como eu disse. Em seguida, da próxima vez, nós ainda não namorávamos quando eu disse que sim, mas, com o tempo, nós...

Otavio: Está tudo bem, você não tem que se explicar. — Ele olhou para mim e, em seguida, de volta para a estrada. — Eu não vou mentir e dizer que não estou decepcionado, mas não vou deixar as coisas desconfortáveis.

Carla: Obrigada. — Meus ombros relaxaram um pouco.

A viagem foi realmente muito relaxante. O sol quente batia em minha cabeça enquanto o vento proporcionado pela capota aberta me manteve agradável e fresca. Começar em minha nova posição poucos meses atrás, encontrar Arthur, e depois me preocupar com o reaparecimento de sua ex perdida há muito tempo realmente tinha me deixado estressada.

Carla: Eu nunca estive em um conversível. Eu amei. Você alugou este carro?

Otavio: Não. Na verdade, tenho uma casa aqui mais ao sul. Em Goiânia. E tenho um carro na casa.

Carla: Eu não sabia disso. É muito longe do hotel?

Otavio: Vinte minutos com o tráfego.

Carla: Ah. Eu posso pegar um táxi de lá, para que você não tenha que sair do seu caminho.

Otavio: Eu não me importo. Mas você é bem-vinda para ficar na minha casa, em vez de no hotel. — Meus olhos se viraram para ele. — Relaxe. Eu tenho uma casa de hóspedes. Você pode ficar lá. Nós nem sequer temos que estar na mesma casa.

Carla: Obrigada pela oferta, mas eu vou ficar no hotel.

Otavio deu de ombros como se não fosse grande coisa. Ele estava tão descontraído. Ficar em sua casa de hóspedes provavelmente não deveria ter sido um problema, mas, de alguma forma, parecia errado. O hotel era definitivamente a melhor opção.

O tráfego diminuiu quando chegamos a Goiânia, e meu telefone tocou na bolsa. Peguei-o e li a mensagem de Arthur.

Arthur: Sentado no avião. Atrasado. O que você está fazendo?

Eu decidi mexer com ele um pouco.

Carla: Tomando margaritas ao lado da piscina e pegando um bronzeado. Ainda bem que eu coloquei um traje de banho na mala.

Arthur: Com Narvaz?

Carla: Com quem mais eu poderia estar?

Arthur: Isso é a porra de uma brincadeira, certo?

Carla: Acho que você vai descobrir quando olhar minhas marcas de sol.

Arthur: Sua bunda vai ter marcas da minha mão quando eu pegar você.

Carla: Humm... Eu vou gostar disso.

Arthur: Isso é a porra de uma brincadeira?

Carla: Sobre as bebidas e a piscina? Sim. Já sobre as marcas de mão...

Arthur: Estou ficando duro no avião ao lado de um jogador de quase 100 quilos.

Carla: HAHAHA

Arthur: Acabam de anunciar que estamos finalmente liberados para decolar. Tenho que desligar o celular. Gostaria que você estivesse voltando para casa comigo. Mesmo depois de três dias com você, eu sinto sua falta toda vez que saio.

Meu coração derreteu um pouco no meu peito. O homem literalmente me encantava sem nem tentar. Eu era louca por ele e, finalmente, aprendi a relaxar e me divertir.

Carla: Eu também.

Era mais de meia-noite quando meu telefone tocou novamente; eu tinha acabado de adormecer. O nome de Arthur brilhou na tela. Eu respondi, sorrindo, com a voz grogue.

Carla: Alô.

Arthur: Te acordei?

Carla: Está tudo bem. Eu tinha acabado de dormir.

Arthur: Eu não deveria ter ligado tão tarde. Desculpe. Te ligo de manhã. — O tom de sua voz me fez sentar. Estendi a mão e acendi a luz.

Carla: Qual o problema?

Arthur: Peguei minhas mensagens quando pousamos. A casa de repouso me ligou. Eles levaram Marlene em uma ambulância para o hospital.

Carla: O que aconteceu?

Arthur: Eles não têm certeza. Ela estava um pouco fora de si durante o dia. Então, tirou uma soneca, o que não é normal para ela, e não acordou mais. Seus sinais vitais começaram a cair, por isso chamaram uma ambulância.

Carla: Ah, Deus. Lamento muito. Você está indo para lá agora?

Arthur: Sim. Levaram-na para o Hospital Samaritano. Estou em um uber a caminho.

Arthur berrou ordens para o motorista pelos próximos cinco minutos, lhe dizendo para não tomar certas ruas. O nível de estresse na voz dele aumentou quando ele se aproximou.

Arthur: Eu vou sair e correr as últimas quadras. O tráfego está parado na Oitava Avenida. Porra, em plena meia-noite. — Ele puxou o telefone longe de sua boca e falou com o motorista: — Estacione, deixe-me sair. — Eu ouvi a porta do carro e as abafadas palavras enquanto ele saía da cabine.

Carla: Eu vou pegar um voo assim que amanhecer.

Arthur: Você tem que fazer a entrevista. Seu chefe de merda já está no seu pé por minha causa. Fique. Eu mesmo não sei o que está acontecendo ainda.

Carla: Mas...

Arthur: Durma um pouco. Vou enviar uma mensagem quando eu souber mais.

Carla: Por favor, faça isso.

Arthur: Sim, está bem. Eu vou correr. O hospital fica apenas a mais uma quadra de distância, e eu provavelmente deveria ligar para a Ana e contar o que está acontecendo.

Eu fiquei acordada por algumas horas na esperança de saber mais alguma coisa, mas Arthur ainda não havia mandado uma mensagem quando eu adormeci. Eu odiava estar tão longe. Queria estar lá para ele. Ainda que fosse apenas para me sentar ao seu lado, ouvir más notícias e o confortar.

E talvez, apenas talvez, havia uma parte minha egoísta que queria ter certeza de que ninguém mais estava sentado no meu lugar oferecendo-lhe conforto.

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