Capítulo 75 :

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CARLA DIAZ

Tentei falar com Arthur três vezes desde a manhã, mas todas as chamadas foram direto para a caixa postal. Eu acabei lhe enviando uma mensagem de texto antes que Otavio e eu gravássemos com Marco Souza. Quando terminamos, a mensagem ainda não aparecia como entregue. Eu estava ficando preocupada por diferentes razões.

Otavio: Tudo bem? — perguntou no caminho de volta para o aeroporto.

Carla: Desculpe, sim — menti. Bem, mais ou menos. — Eu não gosto de voar. Fico nervosa durante horas. — Era verdade, mas não era o que me preocupava hoje.

Otavio: Eu acho que nossos lugares são próximos um do outro. Minha mão está disponível para segurar e apertar, se for necessário. — Forcei um sorriso.

Carla: Obrigada. Mas normalmente eu preciso de mais de um limpador de baba do que de uma mão. — Ele olhou de soslaio para mim e voltou a olhar para a estrada, então eu expliquei: — Eu tomo um calmante e apago. É isso ou o meu coração pode quebrar algumas costelas de tanto bater forte.

Otavio: Ah. Limpar a baba, então. Mesmo que eu estivesse ansioso por uma desculpa para segurar sua mão.

Esta viagem provou que Otavio era o cara legal que eu inicialmente pensava que ele era, não o cara mau que Arthur tinha me avisado. Embora eu estivesse feliz por não ter saído com ele. Até Arthur, eu evitava qualquer um que pudesse fazer meu coração disparar.

Deixar qualquer um entrar depois de Marcelo parecia como se eu o estivesse traindo. Mas, de alguma forma, Arthur encontrou o caminho para o meu coração sem que eu sequer visse acontecer.

Otavio e eu tínhamos acabado de passar pela segurança quando meu telefone tocou no bolso da jaqueta. O nome de Arthur piscou na tela.

Carla: Ei. Estive tentando falar com você o dia todo. Está tudo bem?

Arthur: Desculpe. Eu estava no hospital, e meu telefone estava desligado. Eu só liguei agora. — Ele soou esgotado.

Carla: Tudo bem. Eu estava ficando preocupada. Como está Marlene?

Arthur: Nada bem. Eles estão fazendo uma tomografia de verificação agora, então estou indo para o meu quarto tomar um banho rápido e mudar de roupa. Ela teve um derrame.

Carla: Ah, Deus. Sinto muito.

Arthur: Obrigado. Eles estão mantendo-a viva por aparelhos agora, mas não nos dão muita esperança de que o segundo exame vá ter um resultado melhor do que o primeiro. Ela tem uma hemorragia no cérebro e não é forte o suficiente para sobreviver à cirurgia.

Carla: Não sei o que dizer. O que eu posso fazer?

Arthur: Não há nada que ninguém possa fazer. Os médicos estão fazendo tudo que podem e ainda não estão certos de que será o suficiente.

Carla: Estou no aeroporto. Meu voo deverá pousar às sete. Você vai estar lá a noite toda?

Arthur: Sim. Provavelmente vou ficar novamente esta noite. Eu tenho treino amanhã cedo, e já perdi o de hoje. Não tenho certeza de como as coisas serão, mas quero ficar o máximo de tempo que puder. O treinador vai me multar, mas ele vai entender quando eu explicar as coisas pessoalmente.

Carla: Eu posso levar o jantar ou ficar com ela para que você possa fazer uma pequena pausa.

Arthur: Obrigado, mas estou bem por enquanto, Carlinha.

Carla: Eu gostaria de ter tido a oportunidade de conhecê-la antes disso tudo. Pela maneira como você fala, eu sei o quanto ela significa para você.

Arthur: Sim. Ela é uma pessoa maravilhosa. Mais família para mim do que a maioria da minha família de sangue. Eles dizem que o sangue é mais espesso que a água, mas isso não quer dizer merda nenhuma. Todo mundo precisa de água para viver.

Carla: Esse é um belo pensamento. Você deve lhe dizer isso, Arthur, mesmo que seus olhos não estejam abertos. Talvez ela possa ouvi-lo.

Arthur: Quer saber? Você está certa. Há um monte de merda que eu provavelmente deveria ter dito a ela antes.

Carla: Tenho certeza de que ela sabe como você se sente, mas essas palavras podem ajudá-la tanto quanto a você.

Arthur: Obrigado, linda.

Carla: Eu que te chamo de lindo. — Ele riu fraco.

Arthur: Eu também posso te chamar linda, o que é um fato.

Carla: Ta bom.  Espero que tudo acabe bem.

Arthur: Eu também.

Normalmente, eu tomaria meio comprimido antes de entrar em um voo curto. Em vez disso, tomei um inteiro. Deixando de lado os meus temores regulares, eu estava ansiosa para voltar para casa, querendo estar lá para apoiar Arthur, se ele precisasse de mim.

Infelizmente, eu descobriria logo, logo que eu não era a única pronta para consolá-lo.

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