Capítulo 87 :

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Nossos olhares se encontraram. O impacto de ver a dor em seus olhos claros sem brilho me atingiu como um golpe direto no peito. Senti como se alguém tivesse chutado meu peito com uma bota com bico de aço e chegasse a segurar o meu coração na mão.

Ficamos assim por alguns segundos, mas pareceu muito mais tempo. Então, de alguma forma, seus olhos conseguiram capturar os meus, enquanto eles percorriam a mesa. Sua mandíbula se apertou ao encontrar Otavio Narvaz sentado ao meu lado. Eu vi dor em seus olhos, logo antes de ele virar a cabeça e caminhar até sua mesa.

Felipe: O que diabos aconteceu? — perguntou.

A mesa inteira estava assistindo a troca de olhares. Com a cabeça enterrada em equipamentos, Felipe era provavelmente a única pessoa na estação que não sabia sobre o meu relacionamento com Arthur. Keh chutou Felipe sob a mesa e respondeu por mim.

Keh: Apenas alguns jogadores encarando uma garota bonita. — A garçonete apareceu do nada.

Xxx: Você está pronta para pedir o prato principal?

Carla: Eu vou querer um Martini de maçã.

Xxx: Ok. E para o jantar?

Carla: Não estou com fome.

Keh: Merda. — Keh murmurou

Com razão. Eu não era muito de beber e, da última vez que bebi Martini, fiquei de cama por dois dias. Eu não conseguia sequer me lembrar de metade da noite. Na época, eu tinha pensado que era a coisa mais assustadora e que nunca gostaria de estar bêbada assim de novo.

Mas, naquele momento, eu queria seja lá o que fosse necessário para me fazer esquecer. E rápido. Durante o meu primeiro Martini, olhei discretamente para Arthur. Durante meu segundo Martini, olhei-o como se ele tivesse acabado de chutar o meu cachorro. Depois do terceiro Martini, eu mal podia conter as lágrimas. Ele não olhou mais para mim pelo resto da noite.

Keh viu meu rosto e terminou o jantar o mais rápido possível. Quando levantamos para sair, eu não consegui segurar as lágrimas por mais tempo. Elas vieram tão rápido que borraram minha visão. Quando as limpei, pude ver claramente Arthur olhando para mim do outro lado do restaurante.

Eu afundei na cama. Keh tentou me despir, mas eu era um peso morto. Ela só conseguiu me rolar e tirar meu casaco e sapatos.

Keh: Você está bem? — Eu balancei a cabeça e puxei meus joelhos para cima, passando os braços em torno deles.

Pelo menos o choro tinha parado.

Keh: Eu vou lavar o rosto e escovar os dentes. Precisa de alguma coisa? — Balancei a cabeça de novo. O álcool me deixou muda.

Ela estava amarrando o cabelo em um coque alto quando houve uma batida suave na porta. Ela foi até lá, suspirou alto e caminhou de volta para mim.

Keh: É o Arthur. Vou me livrar dele. Fique aqui. — Eu balancei a cabeça, duvidando que poderia até mesmo levantar se eu quisesse.

Arthur:: Ela está bem? — A voz de Arthur foi baixa.

Keh: Está. Só precisa de uma boa noite de sono.

Arthur: Eu quero vê-la.

Keh: Não acho que seja uma boa ideia.

Arthur: Você parece uma boa amiga, mas, só para você saber com antecedência, eu vou te levantar e passar por você, se não sair do meu caminho.

Keh: Arthur... — Ela o advertiu. Eu murmurei da cama, me levantando.

Carla: Deixe-o entrar. Está tudo bem. Eu não estou tão bêbada. — Ela balançou a cabeça.

Keh: Não tão bêbada, hein? — Acenei para ela com a mão.

Carla: Ele está acostumado a lidar com as mulheres nessa situação. Certo, Arthucoli? — Minha tentativa de falar Arthur Picoli, obviamente, falhou. — Talvez eu devesse ter feito isso. Cheirado um pouco de heroína, então, ele se apaixonaria profundamente por mim. — A mandíbula de Arthur apertou.

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