Capítulo 96 :

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Senti seu cheiro voltando para a sala.

Carla: Você quer algo para beber? — Ela estava sorrindo, e, de repente, seu rosto se fechou.

Eu segui a linha de visão para o álbum de fotos. Ela caminhou até a mesa e o pegou, guardando-o no móvel sob a TV.

Arthur: Não, obrigado — respondi. Ela franziu o cenho. — Você me perguntou se eu queria algo para beber.

Carla: Ah. Sim. Certo. — Ela fez uma pausa e olhou ao redor da sala. — Estarei pronta em mais alguns minutos.

Quando ela desapareceu, olhei para onde Carla tinha colocado o álbum de fotos. Amor jovem. Perda. Futebol. Era como se uma lâmpada tivesse sido ligada pela primeira vez. Minha cabeça caiu para trás no sofá. Como eu não tinha percebido antes?

Me acertaram tantas vezes assim na porra da cabeça nos treinos? Bati a mão na testa e gemi. Jesus Cristo, Arthur. É tão óbvio.

Levantei-me e andei para frente e para trás por alguns minutos, tentando acalmar meus pensamentos antes de caminhar para o quarto.

Arthur: Ei. — Eu me inclinei contra o batente da porta e esperei que ela saísse do closet.

Ela saiu vestindo uma saia azul-marinho e uma camisa branca, com um conjunto de pérolas em torno do peito e pendurado até a cintura. Elegante, mas sexy. Embora eu preferisse o top rosa sem sutiã.

Carla: Estou demorando muito? — Ela estava carregando um par de saltos azul-marinho na mão.

Arthur: Não. Podemos sentar?

Carla: Aqui?

Arthur: Eu só quero falar por um minuto. — Ela hesitou, mas, em seguida, caminhou até a cama e sentou-se na borda.

Eu me ajoelhei, me equilibrando em um joelho, e tirei os sapatos de sua mão, deslizando um de cada vez.

Carla: Obrigada. — Ela olhou para mim, confusa.

Arthur: A qualquer hora. — Havia tanta coisa que eu queria dizer, mas não tinha certeza de como.

Carla: Tudo bem? — perguntou ela.

Arthur: Tirando o fato de eu ser idiota pra caralho? Sim, está tudo bem.

Carla: Eu não estou entendendo.

Arthur: Posso te perguntar uma coisa?

Carla: Claro.

Arthur: E você vai responder?

Carla: Vou tentar.

Arthur: Por que não estamos mais juntos? — Ela fechou os olhos. Quando os abriu novamente, seus olhos estavam tristes.

Carla: Eu não sei como explicar isso.

Arthur: Experimente. Eu vou escutar.

Carla: Bem. Naquela noite, quando fui à sua suíte e Ana estava lá, eu fiquei triste. Com ciúmes mesmo. Eu odiava a ideia de outra mulher estar perto de você. Mas quando você me disse que nada aconteceu, eu acreditei em você. Nunca duvidei que você manteria sua palavra sobre ser fiel.

Arthur: Mas você ainda acha que eu tenho sentimentos por ela. O mesmo tipo de sentimentos que tenho por você. — Ela desviou o olhar.

Carla: Eu não sei o que pensar.

Arthur: Olhe para mim, Carla. — Lágrimas brotaram em seus olhos. — Você quer saber o que eu acho? Eu acho que você amou Marcelo da mesma forma como eu amava Ana. E quando o perdeu, ficou ferida por muito tempo. Tanto que você estava com medo de se apaixonar novamente. — Eu limpei uma lágrima solitária de sua bochecha. — Esse tempo todo eu pensei que você estava com medo de se apaixonar por mim, que eu era o problema.

Carla: Não é você.

Arthur: Eu sei disso agora. Você tem medo de se apaixonar.

Carla: Me desculpe.

Arthur: Não se desculpe. Isso torna o meu trabalho muito mais fácil.

Carla: Mais fácil? Como assim?

Arthur: Mudar quem eu sou ia dar um monte de trabalho, mas te provar que, se você me der uma chance, eu vou estar lá para te pegar, não vai ser tão difícil. Vamos encarar isso, eu sou um idiota. Não é fácil mudar um idiota. — Ela riu no meio das lágrimas.

Carla: Eu acho que só preciso de tempo.

Arthur: Eu vou ficar aqui esperando.

Ela colocou os braços ao redor do meu pescoço e me abraçou por um longo tempo. Não foi o resultado que eu tinha esperado, mas pelo menos eu sabia que estava no caminho certo.

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