Capítulo 34 :

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Eu não queria muito beber. Dois copos de vinho eram o limite para um happy hour de sexta-feira. Se eu fosse honesta, diria que vim pela companhia e comida, que era o que metade das pessoas solteiras em bares no Rio Janeiro. Nenhum de nós queria cozinhar em nossas cozinhas minúsculas se não fosse preciso.

Eu ainda estava fazendo beicinho quando meu telefone tocou no balcão. O nome de Otavio apareceu na tela. Virando para Keh, eu levantei a dose que ela pediu e bebi.

Então, bebi a dela também. Depois de sacudir os arrepios que o álcool deixou, tive coragem de ler a resposta de Otavio.

Otavio: Eu estava começando a pensar que você ia  me dispensar. Sua mensagem fez o meu dia podre brilhar novamente. Ás oito  no sábado?

Talvez Keh estivesse certa. Eu estava protelando por causa de uma atração persistente por determinado jogador. Uma que, no fundo, eu sabia que não deveria sequer ser tentada a explorar. Realmente não havia razão para não começar a namorar novamente. Suspirei.

Carla: Ok. Talvez você esteja certa.

Keh: Repita.

Carla: Eu disse que talvez você esteja certa. — Falei mais alto

Keh: Ah, eu ouvi da primeira vez. Só queria te ouvir admitir isso.

Keh e eu nos sentamos no bar até quase onze. Eu estava mais do que bêbada quando ela chamou um Uber  para nós, substituindo a nossa habitual viagem de metrô para casa.

O motorista a deixou primeiro, e eu me sentei olhando o trânsito pela janela em um torpor induzido pelo álcool. Um ônibus parou ao meu lado e me chamou a atenção um velho anúncio descascado nele. Era o logotipo do Flamengo junto com uma bela foto de Arthur de frente, onde lia-se "Picoli está de volta".

Deve ser de alguns anos atrás. O álcool me fazia tomar decisões precipitadas. Sem pensar, digitei uma mensagem.

Carla: Acabei de ver sua foto na lateral de um ônibus. Você gosta de ter seu rosto no transporte público? — Ele respondeu trinta segundos depois.

Arthur: Eu gosto de ter meu rosto em qualquer lugar que faça você pensar em mim. Mas eu prefiro ter meu rosto entre suas pernas.

Quem diz coisas assim? E por que diabos eu gosto? Sério, a metade inferior do meu corpo começou a formigar.

Carla: Você sabe como usar as palavras, amigo.

Arthur: Eu sei usar a minha língua. Quando você vai desistir e me deixar te mostrar?

Carla: Tentador. Mas acho que vou ficar com os homens que estão interessados em mais do que apenas meus orifícios.

Arthur: Eu estou ficando duro só porque você usou a palavra orifícios.

Eu ri em voz alta. O motorista olhou para mim no espelho retrovisor, e levantei o meu celular em explicação. Ele não deu a mínima.

Carla: Boa noite, Arthur.

O homem podia me fazer rir e me inflamar ao mesmo tempo. Era uma combinação que meu corpo inteiro gostou bastante.

Arthur: Vejo você nos meus sonhos. — Ele certamente iria.

Comentem meus tamborzinhos 🥁

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