Capítulo 93 :

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Depois que a minha raiva diminuiu, eu tinha repetido os últimos meses mais e mais na minha cabeça. Uma garota ferida terminando com o cara antes que fosse machucada de novo. Isso não significava nada.

A única coisa boa foi que sempre que eu estava exausto no treino, eu pensava no desprezível Narvaz com a mão nas costas da minha garota, e de repente eu tinha uma nova explosão de energia. Energia cheia de raiva, mas dava certo no meu trabalho.

Encontrá-la no meio da multidão de milhares de pessoas levou menos de um minuto. Engoli o último gole de água, seguindo-a com meus olhos. Ela estava usando uma saia vestido preto, blazer vermelho ajustado e botas de salto alto de couro preto que iam até a bainha do vestido. Sexy pra caralho, mesmo que mal expusesse um pedacinho de pele.

De repente, ela parou de andar e olhou para cima, examinando a arena como se estivesse procurando algo. Quando seus olhos encontraram os meus, mesmo tão longe dela, tive todo o sinal que eu precisava.

Esta merda não tinha terminado. E eu ia descobrir de uma vez por todas por que ela estava fingindo que tinha.

CARLA DIAZ

Eu pensei em ligar para Arthur dezenas de vezes ao longo da última semana. Até mesmo disquei seu número em mais de uma ocasião, mas todas as vezes eu acabava apenas encarando seu nome.

O que eu diria? Não lembrava claramente de muita coisa que aconteceu na noite no quarto do hotel, mas a forma que ele ficou quando eu lhe disse que não o amava estava queimando em minha memória.

Era a única coisa que eu não queria lembrar, mas justamente a que me assombrava. Sabe aquela sensação que começa quando alguém está te olhando? Bem, multiplique a intensidade por mil vezes, e foi isso que me fez olhar para cima.

Eu o senti em meus ossos, na aceleração dos meus batimentos cardíacos, no brilho de suor que cobriu minha pele. A questão não era mais se Arthur estava olhando para mim, era de onde ele estava olhando. Não demorou muito para descobrir, e eu não conseguia desviar o olhar, mesmo quando deveria.

Quando ele se afastou sem olhar para trás, foi como se tivessem jogado sal em uma ferida aberta que se recusava a curar. Olhando para o camarote de luxo vazio, eu não prestava atenção ao redor enquanto caminhava.

A massa de pessoas invadia em todas as direções, e eu bati na parte de trás de outro repórter. De todas as pessoas, tinha que ser Barbara.

Barbara: Carla Diaz. — Seu sorriso era doce, mas a entonação em sua voz era falsa.

Carla: Barbara. Como você está?

Havia pouquíssimas mulheres no mundo dos esportes profissionais dos homens. Não era como se tivéssemos um clube ou qualquer coisa, mas todos nós sabíamos nomes e rostos umas das outras. Eu conheci Barbara em um evento há alguns anos quando estávamos ambas cobrindo os jogos da sub20.

Barbara: Eu estou bem. Um pouco decepcionada, no entanto.

Carla: Decepcionada?

Barbara: Picoli. Você é uma garota de sorte. Pensei que você tivesse terminado com ele, e ele estava de volta ao mercado. Eu não sabia que ainda estavam juntos.

Eu tinha feito minhas unhas naquela manhã e o desejo de deixá-las afiadas como garras surgiu de repente na minha cabeça.

Carla: Nós não estamos mais juntos.

Barbara: Ah. Bom saber. — Ela sorriu, e eu fechei os dedos na mão, cravando as unhas na pele. — Bem. Boa sorte hoje. — A loira jogou o cabelo e se virou para ir embora.

Carla: Espere, Barbara. O que te fez pensar que ainda estávamos juntos?

Barbara: Bem, geralmente, quando um caubói me mostra o seu cavalo, ele me deixa dar um passeio nele. — Eu me encolhi.

Carla: E Arthur não fez isso?

Barbara: Ele colocou a toalha ao redor da cintura após intencionalmente a deixar cair. E depois da minha entrevista, quando sugeri a ele que me desse uma exibição privada do que estava sob a toalha, sozinhos na minha casa naquela noite, ele me dispensou. — Eu respirei um pouco.

Carla: Ah. Tenho certeza de que não acontece frequentemente. — Uma de suas perfeitamente feitas sobrancelha se arqueou.

Arthur: Frequentemente? Isso nunca acontece. — Senti Arthur atrás de mim antes que eu ouvisse sua voz.  — Pode nos dar um minuto, Beth, por favor? — Os olhos de Barbara se arregalaram quando ele pegou meu cotovelo.

Barbara: É Barbara.

No momento seguinte, ele me levou para fora da arena em direção ao corredor. Arthur continuou se movendo, me segurando firmemente ao seu lado como se eu pudesse correr se tivesse a oportunidade.

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