CARLA DIAZDepois do funeral, eu voltei para o escritório, e Arthur teve que ir para o treino.
Amanhã de manhã, eu deveria dirigir até Teresópolis para uma entrevista, e não tinha sequer começado minha pesquisa. Esta época do ano, mesmo antes das finais começarem, a estação gastava muito tempo e dinheiro reunindo entrevistas com equipes do mata -mata.
Dependendo de quem realmente passasse para a final, várias delas seriam arquivadas e nunca iriam ao ar.Minha mesa estava uma confusão de papéis quando Keh entrou. Já eram quase oito horas, e eu tinha muito trabalho a fazer antes de dar a noite por terminada, mas sua visita foi uma distração bem-vinda de qualquer maneira. Ela sentou na cadeira de visitas no meu escritório, com uma caixa nas mãos.
Carla: Entre. Eu não estou ocupada. — Acenei para o desastre que me fez parecer ocupada.
Mas a verdade era que eu não conseguia me concentrar. A tristeza no rosto de Arthur e a forma como a sua voz quebrou quando ele falou na igreja hoje tinham me afetado profundamente. Eu só conseguia pensar nisso.
Keh: Eu fiz uma coisa para você.
Carla: Você fez algo para mim? — Ela olhou em volta no meu escritório.
Keh: Tem eco aqui?
Carla: Eu provavelmente vou me arrepender... — Joguei minha caneta sobre a mesa e recostei-me na cadeira. — Mas vamos ver o que você fez. — Keh enfiou a mão na caixa.
Keh: Esta é você. — Ela tinha confeccionado uns bonequinhos usando clipes, que haviam sido encaixados de várias maneiras para fazer duas pernas, dois braços, e um corpo.
O metal de dois clipes formava um pescoço e um removedor de grampos parecia uma cabeça. A forma como o removedor de grampos tinha a boca aberta, com pontas afiadas, fez a figura parecer mais como um dinossauro rugindo e com afiados dentes do que com uma pessoa.
Carla: Eu acho que você tem muito tempo livre.
Keh: Tive algumas horas por dia para fazer isso, já que você não estava por aqui para sairmos nos últimos dias. — Ela enfiou a mão na caixa novamente e tirou outra criação. — Este é Arthur. — Parecia com o meu, apenas uma cabeça mais alto.
Carla: Nós parecemos irmãos? — Eu arqueei uma sobrancelha. Ela me ignorou e pegou outra criação da caixa.
Esta era fácil de identificar: era uma serpente feita com clipes. O corpo era enrolado, e, novamente, um removedor de grampos foi anexado como cabeça. Pelo menos as presas e a boca aberta pareciam um pouco mais realistas para uma cobra. Ela colocou-a na minha mesa com as outras duas.
Carla: Por que você tem três removedores de grampos?
Keh: Não tenho. Entrei no seu escritório enquanto você estava na reunião do Sr. Babaca e roubei da sua gaveta superior direita. Eu vi que Fred estava na reunião também, então parei no escritório dele quando estava voltando para o meu e peguei o dele. A propósito, por que o seu fede? — Eu ri pela primeira vez em dias.
Carla: Eu não sabia que ele fedia.
Keh: Quer dizer que você não cheirou todo o escritório ainda?
Carla: Cala a boca. — Keh reorganizou sua obra de arte na minha mesa, movendo a serpente entre Arthur e mim.
Keh: O nome de cobra é Ana.
Carla: Por que não estou surpresa?
Depois do funeral ontem, Keh tinha me atormentado falando sem parar. Enquanto eu estava focada em Arthur, Keh tinha vigiado Ana. Ela tinha certeza, pela maneira como Ana olhava para Arthur, que a mulher estava usando a simpatia de Arthur para se aproximar dele novamente.
Eu não sabia quais eram suas intenções, mas não conseguia parar de pensar sobre o que Arthur sentia por ela. Vê-los em pé juntos na igreja tinha feito tudo o que eu sabia sobre a sua história parecer mais real.
Será que ele ainda a amava? E se ele quisesse dar a eles uma segunda chance, agora que ela estava sóbria?
Keh: Você precisa chegar lá e pôr um fim nessa história de amores do passado.
Carla: Eles acabaram de perder alguém que amavam e têm um passado. Se eu não posso confiar nele em luto com ela, então não posso confiar nele em nada e toda essa situação não era para ser. — Kehjogou as mãos para o ar.
Keh: Isso é uma grande besteira. Nós não deixamos tudo nas mãos do destino, nós lutamos pelo que queremos.
Carla: E se ele ainda a amar?
Keh: Então você vai se machucar. Eu vou comprar sorvete, e nós duas vamos ganhar alguns quilos sentadas no seu sofá assistindo filmes de Nicholas Sparks por um mês. — Eu pensei nisso por um momento.
Carla: Vai ser Kibon, da esquina?
Keh: Com cobertura de chocolate. — Eu respirei fundo.
Carla: Ele me pediu para encontrá-los para o jantar hoje à noite. Eles vão jantar com algumas pessoas que trabalhavam na casa de repouso onde Marlene vivia.
Keh: E você disse não?
Carla: Eu disse que tinha muito o que fazer antes de sair de manhã.
Keh: Como o quê?
Carla: Pesquisa.
Keh: Sobre?
Carla: O time.
Keh: Você sabe cada estatística para cada merda de equipe da serie A. O que mais você acha que precisa aprender, você não precisa. — Ela provavelmente estava certa. Olhei para a hora no meu telefone.
Carla: O jantar já está provavelmente em mais da metade.
Keh: Então você vai levar a sobremesa.
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Aulas, Cria!!
FanfictionSinopse: Na primeira vez que encontrei Arthur Picoli ele estava no vestiário masculino. Foi a minha primeira entrevista como jornalista esportiva profissional. O famoso Atacante do Flamengo decidiu me mostrar tudo. E, por tudo, não quero dizer que e...