Capítulo 80 :

1.4K 72 43
                                    


Eu já estava vestida quando Arthur saiu do chuveiro no banheiro principal.

Arthur: Você ficou pronta rápido. — Ele riu. — E essa não foi a primeira vez hoje.

Eu estava pirando interiormente, mas, de alguma forma, consegui falar com calma. Estendendo a palma, eu mostrei o colar.

Carla: Isso estava no chuveiro. Quase foi levado pela água, mas o fecho prendeu na tampa do ralo.

Ele franziu a testa e levantou o colar, o A oscilando entre nós. Simbólico. Seus olhos fecharam-se por um momento e, em seguida, se abriram para olhar para mim.

Arthur: Deve ser da Ana. — Eu sustentei seu olhar, mas não disse nada. — Ela tomou banho aqui ontem. Deve ter deixado cair.

Carla: Ela esteve aqui?

Arthur: Sim. Mas sozinha. Cheguei em casa e tomei um banho, então, quando voltei para o hospital, lhe dei minha chave e disse para usar o meu apartamento para tomar banho. Ela vive do outro lado da cidade, e queríamos estar lá quando os médicos voltassem.

Eu balancei a cabeça. Então caminhei até minha bolsa e tirei meu celular, verificando-o rapidamente por nenhum motivo além de que eu precisava me concentrar em outra coisa. Arthur apenas ficou lá me observando. Quando coloquei meu casaco e permaneci em silêncio, ele falou de novo.

Arthur: Você está chateada comigo por fazer isso?

Carla: Eu deveria? — Ele correu os dedos pelos cabelos.

Arthur: Eu realmente não pensei nisso. Parecia que era a coisa certa a fazer, mas, agora que estamos aqui, acho que talvez não fosse.

Carla: Como você se sentiria se eu deixasse Otavio Narvaz tomar banho na minha casa? — A mandíbula de Arthur apertou. — E não falasse isso pra você.

Arthur: Bom ponto.

Carla: Eu tenho que ir trabalhar. — Arthur estendeu a mão e me impediu de passar, me puxando para perto para um abraço.

Arthur: Sinto muito — ele sussurrou em meu ouvido. — Me perdoa. Eu deveria ter pensado nisso. Eu não quero que fique com raiva de mim. — Inclinei minha cabeça para trás para olhá-lo nos olhos.

Carla: Nada mais aconteceu? Ela estava aqui sozinha, tomando banho?

Arthur: Não aconteceu nada. Eu juro. — Eu pensei por um minuto.

Carla: Ok. — Ele soltou um longo suspiro.

Arthur: Graças a Deus. Eu não acho que poderia lidar com você estando com raiva de mim hoje.

Forcei um sorriso, lembrando como os últimos dias tinham sido para ele. Com ou sem Ana, o homem amava Marlene. Não era fácil.

Carla: Eu não estou com raiva. Mande-me uma mensagem do hospital. Deixe-me saber o que os médicos falaram esta manhã.

Arthur: Obrigado, meu bem.

Na verdade, eu não estava mentindo. Eu realmente não estava com raiva. Nervosa, ciumenta, assustada, talvez.

Estranhamente, eu estava namorando um jogador que nunca tentou esconder que as relações não eram o seu forte, mas acreditei quando ele disse que mais nada tinha acontecido. O que me preocupou foi que ele estava abrindo seu coração para Ana novamente, mais do que sua casa.

Saindo do elevador, esbarrei diretamente em um homem que estava esperando para entrar, sem sequer vê-lo até que meu pé estava em cima do dele. Ele se atrapalhou antes de pegar o café que estava segurando, mas não antes que um esguicho respingasse em sua camisa branca.

Eu me desculpei profusamente e tentei andar o resto do caminho sem mais incidentes. Eu quase o fiz. Até colidir com o vidro da porta giratória de saída; meu rosto literalmente se chocou contra o sinal amarelo brilhante com a grande seta apontando para a outra porta.

Este acidente não foi minha culpa, eu estava prestando atenção enquanto caminhava. O problema era que minha atenção foi para a bela mulher sentada no saguão, olhando para mim e não para a porta elétrica que não estava funcionando.

Ana.

Comentem

Aulas, Cria!!Onde histórias criam vida. Descubra agora