Capítulo 102 :

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Maria: A senhora devia ir com calma! — Maria entra no meu escritório em casa com uma garrafa térmica de café.

Só mesmo café para me manter acordada. Andava com muito sono, um sono tão grande e impróprio que chegava a me dar nos nervos.

Maria: Café em excesso faz mal para a saúde, Dona Carla!

Carla: Preciso me manter acordada e focada, Maria! Preciso termina de editar algumas entrevistas.

Maria: Seu Arthur tem que deixar a senhora dormir uma noite ou outra! — A senhora sorri para mim despreocupadamente e insinuando que eu não dormia mais, só fazia sexo, o que era quase uma verdade. Só não transávamos quando Arthur estava viajando...

Mas não dormir nunca chegou a ser um grande problema para mim. Me acostumei a dormir altas horas da noite, principalmente em épocas de campeonatos,  muitas noites em claros, editando entrevistas para muita das vezes ir ao ar no mesmo dia.

Eu definitivamente estava estranha. Devia ser coisa da idade, dizem que perdemos energia e disposição com o passar dos anos.

Carla: Maria, você se sente mais cansada depois dos 50?

Maria: Bem, não é como se eu tivesse 20 anos, mas não ando cochilando pelos cantos, Dona Carla! — Maria havia se tornado íntima, tão íntima que não sentia um pingo de remorso de tirar uma com minha cara.

Eu sempre me fazia de desentendida porque funcionárias como Maria eram uma raridade nos dias de hoje.

Maria: Vai com calma com o café, Dona Carla! — Sai deixando a garrafa térmica ao lado do computador, rindo por acreditar que passo as noites em claro na safadeza com o jogador febre do momento.

O que é uma verdade.

Eu andava exausta nos últimos dia, eu vivia na correria, uma louca à beira de um ataque de nervos, sem parecer redundante, era como me sentia a maior parte do tempo: uma louca. O que era muito estranho. Com toda a ajuda extra que Maria me proporcionava, eu devia me sentir menos cansada e com menos sono.

A verdade é que Maria, por mais boca grande que era, estava coberta de razão. Eu andava transando mais do que o recomendado ou do que o meu corpo dava conta. Mas o que poderia fazer com um namorado viril e insaciável como Arthur Picoli?

Trabalho mais um pouco na edição da entrevista de alguns jogadores que preparava para ir ao ar no dia seguinte. Quando me dou por satisfeita, fecho o notebook e vou para a cozinha à procura de algo para comer. Meu estômago ronca e, pelo amor de Deus, havia me transformado em uma esfomeada da noite para o dia, além de uma viciada em um jogador safado.

Bem que Maria me aconselhou que eu devia tomar remédio para vermes. Devo estar com uma solitária do tamanho do mundo na barriga, uma oca, porque minha fome está descomunal.

Maria: Não bastasse acabar com o pó de café da casa, ataca a geladeira, Dona Carla!

Carla: Credo, Maria! Nem parece que estou na minha casa, ta pior que a Keh. —  Maria não perdoa.

Maria: Dona Carla, a senhora deve procurar um médico!

Que besteira é essa?! Nunca fiquei doente na vida!

Carla: Ter sono e fome é algo tão comum. Tudo bem que antes mal tinha tempo para comer e dormir, mas não deixei de ser um ser humano por ser ocupada. — O problema de tudo é que até Arthur notou que ando faminta e sonolenta.

Maria: Sempre existe a primeira vez! —  Maria me olha com segundas intenções, dando a entender que queria falar algo mais, mas resolveu se calar.

Melhor assim!

Tirei da geladeira um pote de sorvete de morango e um vidro de pepinos. Nem peguei uma tigela ou prato, comi direto do pote, intercalando com mordidas nos pepinos. Pelo amor de Deus, nunca pensei que sorvete e pepino combinavam tanto.

Keh entra na minha cozinha sem ser anunciada, me dando o maior susto, não esperava sua visita.

Keh: Eca, Carla Days! Sorvete e pepino! — Keh enrugou a testa e arrebitou o nariz,  fezendo cara de nojo.

Carla: Qual o problema de comer sorvete com pepino? Deviam provar! Uma delícia! —   Ofereço a mistura para elas, que recusam sem hesitar.

Keh: Fala sério, Carla! Sorvete de morango com pepino é esquisito. —  ela faz careta — Você deve estar doente!.

Carla: Estou ótima! Melhor impossível...— Termino de mastigar mais uma porção que acabava de abocanhar.

Keh: Olha Carla. Não sei se comer sorvete com pepino é coisa de gente normal... Mas se você insiste que é...

Carla: Claro que é, Kelly! — Respondo um tanto frustrada com a falta de compreensão de todos. Eu só queria comer sorvete com pepino e se tivesse batata frita... Ficaria perfeito. — Maria, será que você poderia preparar uma porção de batas fritas?

Maria: Batata frita, Dona Carla? Mas a senhora riscou a batata frita do cardápio do jantar...—  Maria me olha surpresa.

Carla: Só por hoje, Maria! Não vamos morrer vítimas de colesterol por jantarmos batata frita vez ou outra. —   Não entendo o porquê tenho que me explicar sempre.

As duas me olham como se tivesse nascido um chifre na minha testa e eu tivesse virado o unicórnio colorido da Docinho. Pelo amor de Deus!

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