George pega minha mão quando saímos de casa e eu sinto o ar gelado tocando meu rosto. O ruivo puxa minha toca para me esconder mais. Eu me sinto uma criança, a blusa de George é enorme em mim de um jeito bom, ainda que meu instinto do contra me faça sentir um tanto de sufoco em usá-la.
Odeio esse instinto, ele é forte demais as vezes, um lado teimoso e infantil que fica me perturbando lá no fundo. Tira a porra dessa touca. Eu não devo e não vou. Aperto a mão de George com mais força. Tem uma sensação estranha de estar na rua de novo, depois de dias enfiada dentro de casa. Não está escuro. O céu está cinza, mais um dia sem cor ao se olhar pelas janelas, o sol brilhando de maneira insignificante por trás das nuvens que ameaçam chover. Parece que o mundo foi coberto de cinzas, tudo é ridiculamente triste. O ar quente sai da minha boca e forma uma pequena fumaça. Sinto a mão de George na minha, seus dedos se entrelaçam furtivamente aos meus, eu olho ao redor estagnada na porta de sua casa mas não gravo nada em meus pensamentos, ouço sussurros assustadores me falando para correr, tem alguém olhando para mim, alguém me procurando. Corre, porra, corre. O mesmo instinto daquela noite.
Meu coração se acelera, minha respiração fica irregular, estou á beira de uma crise quando o corpo de George toma a minha visão, escondendo-me do resto da rua. Ergo o queixo para o encarar, o medo apertando a minha garganta. Aparatar seria bem mais fácil. Seus olhos da cor do mel me examinam, ele ergue a mão livre para tocar meu rosto com a ponta dos dedos.
— E-eu mudei de ideia— falo, meu peito se aperta e eu recuo um passo puxando George para a porta— Eu não estou pronta.
— Sophia, está tudo bem— George fala, olho atrás dele, tem um homem maltrapilho sentado do outro lado da rua, seu olhar cruza com o meu e eu me encolho, assustada e paranoica— Olha para mim— o ruivo ergue meu queixo mais uma vez— Se concentra só em mim agora— eu olho seu rosto, sardas, nariz, lábios.
— Eu... preciso respirar— falo encarando sua boca, ele sorri sem mostrar os dentes.
— O que está pensando?— ele quer saber, tomba a cabeça de lado de forma adorável, seus cabelos leves seguem o movimento.
— Sua boca é bonita.
— Eu estou falando sério, Soph— ele sussurra, acaricia minha mão, meu rosto.
— Você sabe que eu também— sorrio, nervosa, ele cerra os olhos e seu sorriso cresce por mais que ele resista— Eu estou apavorada.— admito. Estou morrendo de medo que eles me achem. Eu não quero morrer. Melhor, eu não quero ser morta.
— Estou sabendo, com essa força, moranguinho— ele ergue nossas mãos entrelaçadas— você vai acabar quebrando minha mão— brinca— Mas, ei, não deixa o medo te parar, ele não tem poder sobre você, Sophia— ele aproxima mais nossos rostos, três dedos de distância, no máximo, é o que temos entre nossos narizes— O medo é um monstrinho covarde, mostre da valentia que você é feita e o bote para correr— ele me indica de maneira fofa e animada, isso me faz sorrir— Você acha que consegue, soldado?— ele pergunta. Eu o encaro; não está falando sério, está? Pergunto sem abrir a boca, sei que ele entende, mas levanta a sobrancelha em desafio— Eu te fiz uma pergunta!
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HUMAN, George Weasley
FanficHUMANA || Se a guerra não estivesse estourando, quem sabe eu não teria conhecido ele. Não há uma parte minha que se arrependa de ter conhecido ele. Meu garoto com os olhos de raposa. Meu George Weasley.