HUMANA || Se a guerra não estivesse estourando, quem sabe eu não teria conhecido ele. Não há uma parte minha que se arrependa de ter conhecido ele. Meu garoto com os olhos de raposa. Meu George Weasley.
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CARTER
Queria poder me afastar da sociedade com os meus melhores amigos até que ela se desfizesse em pedaços, mas agora eu me importo com mais de dois Weasleys e infelizmente precisamos ficar perto de rádios que a qualquer hora anunciariam nossos nomes na longa lista de mortos da semana. Se aparecermos, saberemos que não desconfiaram de nós. Rufem os tambores e cruzem os dedos, que a sorte esteja do nosso lado.
Foi mal pelo humor quebrado, eu estou em meio a tantas crises internas que nem sei que papel estou interpretando agora, a lunática por vingança, a namorada contente pelo plano do namorado que deu certo ou a órfã em luto? É tanta coisa.
Eu estou aliviada de um jeito estúpido, é estúpido apenas porque eu acho que não deveria me sentir assim, não estou frustrada com nossa morte, eu estou animada. Uma nova vida — por mais irônico que isso soe —, não vamos recomeçar do zero, obviamente, mas pelo menos teremos menos com o que nos preocupar agora. Isso é bom, não é? Eu estou contente por estar com menos carga. No entanto, eu também estou tão, tão puta, porque não deixo de imaginar que Bellatrix ganhou, que eu deixei ela ganhar, o quanto aquela... puta, vadia arrombada, vagabunda, corna, cadela, mama esgoto... ARGH!
Me sinto como um touro bufando, o ódio me corrói até os ossos, mas os rapazes me mantem sã... de alguma forma. Não consigo deixar de imaginar com quanto humor ela viu tudo isso, do pó ao pó, a última Carter se vai nas chamas como toda sua família. Quando eu a ver de novo, a raiva com certeza vai prevalecer e ela não vai conseguir escapar pela terceira vez. Eu quase a matei. Eu...
Aquela desgraçada ia perder e ela sabia disso, viu a derrota chegando, mas também viu que eu não estava focada o suficiente para manter o feitiço e o desviou para terra, ela teve sorte mais uma vez que seus amigos estavam lá, se não eu finalmente teria acabado com sua raça. Eu nunca poderia desejar mais matar alguém. Por um momento preocupante eu pensei que fosse a adaga sussurrando em minha mente matamatamatamatamatamata, mas acabou que era só eu e todo meu rancor. Problemática? Talvez, mas a guerra vai foder a mente de todo mundo, eu não sou tão especial.
Eu respiro fundo, minha cabeça ainda está doendo, mas não falo para os rapazes, todo mundo está cansado, deve ser só o estresse.
Eu ando do lado de George, encolhida e debaixo da sua asa, aninhada ao meu ponto de conforto, meu porto seguro. Estamos andando atoa tem horas, de forma arrastada e até despreocupada, o céu está cinza, a marca negra ainda está lá, só que muito mais suave do que estava ontem a noite, apenas uma grande nuvem em forma de caveira cobrindo o sol. É apenas um sinal de que eles sempre vão deixar seus vestígios, tal realização me deixa tão triste e neste quesito tenho certeza que não estou só. Estamos vestidos da cabeça aos pés, as pessoas que passam por nós nos ignoram, os gêmeos estão meio pra baixo, obviamente, em breve sua família sentirá que os perdeu. Isso vai ser devastador, será que vão me culpar? Juro que nem vou me ofender. A paisagem vai se substituindo por uma floresta, eu não sei para onde exatamente nós vamos, mas eles devem ter alguma ideia e, como sempre, eu os sigo.
— A gente tem que se afastar muito mais de Hogwarts— George começa, ofegante, eu ando entre os gêmeos, nós três de touca preta e cabeça baixa. Eles ficam uma gracinha corados por conta do frio, devo falar— Eles ficam muito aqui perto— refere-se aos comensais. Anseio pelo dia que não terei nem que sonhar de ouvir uma menção a eles de novo— temos que ir para a Londres trouxa.
— A Londres trouxa?— me surpreendo, estava tão calada que chega a ser estranho ouvir minha voz— E vocês sequer já foram para alguma zona cheia de trouxas?— pergunto franzindo a testa e apertando suas cinturas. Meus pés doem e minha cabeça lateja. Eu estou bem. A chuva da noite anterior deixou a terra toda escorregadia, me surpreende que tenha sido tão grande. Já nos afastamos bastante de Hogsmade, queremos ir a outras vilas.
— Não.— Fred murmura com a mão encima da minha cabeça. Ele me trata como um animalzinho de estimação, passa a mão nos meus cabelos e se apoia em mim distraidamente— Mas a gente aprende rápido.
— Não temos dinheiro trouxa.— contesto, pensativa.
— Temos magia, mulher, de tudo o que aconteceu até agora, roubar vai ser o de menos na nossa ficha— ele responde.
— Touché— admito, sorrindo previamente.
— Eu sei, não dá pra ser um gênio como eu o tempo todo— ele se gaba. Dou lhe um beliscão na barriga e ele puxa meu cabelo como uma vingança de puro reflexo, e nós começamos a nos estapear.
— Vai ser interessante— George fala pensativo, se mete ente nós para nos conter embora sua expressão seja tão imersa, ele sempre presta atenção em tudo. Nos deu petelecos nas testas, eu quase choraminguei— Você conhece do mundo trouxa o suficiente, não é?— pergunta para mim.
— Conheço, eu nasci nele— suspiro ajeitando meus cabelos e fuzilando Fred com o olhar— Até meus treze anos era o meu mundo— É foda andar sem rumo fixo. É bem óbvio que George está incomodado de não ter um plano mais concreto, não é de seu feitio ter planos mal estruturados, mas não temos muita escolha. Fred parece bem, mas ele é um bom ator então não confio tanto assim na sua cara neutra e sorrisinho cínico para mim— A gente podia ficar num hotel por um tempo— é, eu concordo com a ideia. Pode ser até melhor, não nos procurariam por lá, acho— Só vamos ter que roubar um rádio bruxo.
— Sem problema, tem uma vila a uns três quilômetros, a gente desaparata para algum lugar que você conhece, moranguinho— George beija minha testa— Precisamos descansar.
— Hotel... seus hotéis são mais legais que os nossos?— Fred quer saber exalando o cansaço tipicamente dramático na sua voz, eu sorrio.
— Com certeza não.
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