➤ Caos

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CARTER

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CARTER

Eu me lembro de uma vez estar deitada no colo de minha mãe apenas passando o tempo de um feriado qualquer. Eu era tão nova, mas a lembrança segue fresca... Estranho como coisas específicas se tornam tão fixadas em nossas mentes não importa o que aconteça.

Ela cantarolava e passava a mão nos meus cabelos, infelizmente não me lembro mais exatamente da sua voz, mas eu sei que era bonita. Como tudo nela sempre foi.

— Pequena— ela me chamou com carinho. Abri os olhos e sorri. Ela retribuiu orgulhosa, seus olhos eram muito escuros, quase pretos, tão intensos e profundos, mas até os detalhes do seu rosto agora me escapam.

— Oi, mamãe.

— Você pode ainda não saber, mas está destinada a grandeza que só será reconhecida no último minuto, meu amor— ela disse afetada, os olhos brilhando. Franzi a testa sem entender.

— Como assim, mãe?

— Minha menina... Você...— ela apertou os lábios e balançou a cabeça. Beijou minha testa e então chorou.

Ela nunca terminou aquela fala, nunca soube do que ela estava falando até voltar a viver mais uma vez. Ela sabia? Como poderia? Ela não era bruxa...

Essa era a grandeza da qual ela falava? Se pudesse escolher eu seria medíocre e esquecível. Mil vezes uma vida apagada com o vento do que essa que me tirou tanto.

━━━━━━━ • ━━━━━━━

A Sala Precisa, a sala onde as pessoas vão para esquecer as coisas, mais uma coisa que eu imaginava ser uma lenda. Claro que seria idiotice tentar usar um feitiço para atrair a peça que procurávamos, mas eu tentei duas vezes. Eu e Harry fomos por caminhos diferentes para cobrir mais espaço e eu ficava dividindo minha atenção entre o Potter e a procura do Diadema que eu não poderia adivinhar o que seria. Sinto a terra tremer sob meus pés, não consigo não me preocupar em saber como George e Fred podem estar, o que poderiam estar fazendo.

Nós vamos cada vez mais a fundo na sala que parece não ter fim. Andamos em silêncio porque sei que Harry está concentrado em achar algo que parece o chamar. Estou escondida entre estantes e paro quando Potter para, hesito em me aproximar olhando-o através de frestas, montes de livros e objetos que nunca veria em minha vida comum. Ele coloca as mãos sobre uma caixa e a abre revelando algo que o deixou parado pela surpresa. Não sei o que é em primeiro momento pois seu braço está na frente e não tenho tempo de chamá-lo quando uma voz masculina anuncia sua presença.

— Ora ora, o que te traz aqui, Potter?— diz Malfoy, Harry tem o senso de não olhar na minha direção e eu me escondo apenas podendo ver três varinhas apontadas para Potter.

— Te pergunto o mesmo— diz Harry, friamente.

— Você está com uma coisa que me pertence— diz Draco— e eu a quero de volta.

— E qual é essa aí?— pergunta Potter enquanto eu olho ao redor procurando por qualquer coisa que possa me livrar de três coelhos numa cajadada só.

— É da minha mãe, não é a mesma coisa, mas dá pro gasto— não sei a que eles estão se referindo, mas acho que não devo interromper a conversa tão cedo— Ela não... me compreende, sabe o que digo?

Há um curto minuto de silêncio, começo a murmurar feitiços para proteger Harry porque se ele morrer, eu juro que acabo com todo mundo. Preciso me encontrar com George de novo e ninguém vai alongar mais esse tempo de distância.

— Por que não disse à ela?— Harry continua o papo, fico em duvida se ele está só enrolando para me dar tempo para agir ou se realmente está tão sob controle quanto aparenta ao segurar a varinha em uma mão e uma tiara na outra— Bellatrix— esclarece e eu fico rapidamente mais na defensiva— Você sabia que era eu... e não disse nada. Por que?

Draco livrou o rabo de Harry quando o trio estava na mansão Malfoy? Uau. É tudo o que eu posso dizer: uau.

Ouço sussurros e minha dor de cabeça aumenta, o clima muda e assim que eu saio do esconderijo empurro os garotos com gestos teatrais de minhas mãos, os arremessando para direções opostas e deixando Draco Malfoy de pé sozinho, boquiabertoo e surpreso ao me ver. Sem saber como eu acabei de fazer o que fiz com seus amigos, ele me aponta a varinha, inquieto e com medo.

— Você...— ele franze a testa, confuso demais para construir uma sentença coerente. Dou um sorrisinho pequeno.

— Não conta para sua titia ainda, ok?

Expeliarmus!— uma voz feminina rompe arrancando a varinha da mão de Draco assim que ele a aponta para Potter, quase me assusto ao olhar para Hermione e Ron, os dois parecendo gatos molhados e eu me perguntando de onde é que eles vieram.

Avada Kedavra!— diz um dos rapazes tentando se levantar e errando milagrosamente quando eu o empurro mais uma vez contra uma pilha de cadeiras.

Estupefaça!— grita Ron e os três porquinhos começam a recuar nervosos pela desvantagem e confusos por não me verem com nenhuma varinha em mãos. É, eu também estou surpresa. Ron começa a correr atrás deles com toda a coragem grifinória e eu olho por Harry perguntando o que faríamos agora quando em pouco tempo Ron volta correndo na nossa direção completamente assustado, ele passa por mim agarrando meu braço e me puxando consigo— CORRAM!— ele grita e mais uma vez não demoro a obedecer, talvez porque a temperatura tenha aumentado sem justificativa e eu conheça bem a sensação que é estar perto do fogo.

— Quem fez isso?!— eu vocifero e nós quatro serpenteamos com o fogo maldito no nosso encalço.

— Goyle!— Ron grita— Eu vou matar ele!

— Não se eu fizer isso primeiro!— vocifero.

Nós corremos e fugimos do fogo apenas sendo encurralados cada vez mais, perdidos naquele labirinto sem fim de desesperança, eu juro que se eu não morrer queimada nessa vida, em todas as outras isso vai acontecer! Nós estamos quase nos esgotando quando vemos o milagre diante de nós: as vassouras! Montes delas encostadas contra uma montanha de lixo. Corremos para cima delas sem hesitar e eu fico bamba pois não montava em uma há muito tempo. Alçamos voo sob uma pressão absurda e eu fico logo atrás de Hermione enquanto procuramos uma saída sobrevoando tudo o que fora perdido por alguém sendo destruído.

Dentre tantos montes se desmontando, passamos direto por um em que se encontavam Draco Malfoy e outro rapaz que não lembro o nome e — não devo mentir — em primeiro momento nem me importei, mas... urgh! Maldito espírito lufano, eu não podia simplesmente dar as costas para criancinhas assustadas.

Eles estão do lado errado da guerra, mas isso não significa que merecem morrer. Eles são anos mais novos que eu.

— NÃO PODEMOS DEIXÁ-LOS!— gritou Harry lá na frente de todos nós, dando meia volta, ecoando meus pensamentos.

— VOCÊ TÁ FALANDO SÉRIO?— Ron se indigna refreando sua corrida para não ir sem seu amigo, nem me surpreende dado tudo o que o Malfoy já fez com ele e o que dizia da sua família, eu também teria o mínimo de orgulho no seu lugar e ainda assim o garoto não me fez nada. Que se dane. Dou meia volta com Potter e ajudo o outro garoto tão assustado quanto Malfoy que pegou a mão de Potter sem nem hesitar.

— Por que você voltou?— perguntou-me ele se agarrando na minha cintura certo de que sua vida dependia disso.

— Eu não sei— fui sincera e nós apenas ficamos em silêncio rezando que a vassoura fosse só mais um pouquinho mais rápida, só mais um pouquinho. O rapaz me abraçou, eu podia sentir seu coração martelando nas minhas costas.

— Me desculpa!— ele chorou. Eu não posso deixá-lo morrer, ele não é mau. Eles são tão novos para viver isso. Santa Helga, eu preciso salvá-los.

O mundo está um caos, eu só quero voltar para o meu garoto.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora