➤ Destino: Inferno

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CARTER

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CARTER

Eu costumava caça com meu pai, me achava boa nisso, mas nunca me deparei em ter que pensar como uma presa. Na realidade, eu nem pensava, nós apenas seguimos nossa janta e matamos. Aquela espingarda faria uma grande diferença na minha vida agora.

Eu parei de esconder o rosto enquanto me dirigia para a parte mais obscura do Beco Diagonal, aquele canto esquecido por Deus. Onde os piores bruxos se escondem, alguns até se encolheram quando eu cheguei perto. Uau, eu matei minha própria família, sem dúvidas eles tem medo de mim. Fiz uma careta feia e marchei com determinação. Há muitas construções ferradas aqui. Eu vou ficar na mais vazia e vou esperar. Tenho que estar pronta para morrer hoje, e honestamente, não estou me importando muito com nada.

As ruas fedem a mijo de rato e lixo podre. Sinto como se estivesse descendo para o inferno. Estou tão suja e podre. O que me difere destes aqui? Nada mais. Porque eu também devo ser esquecida pelas atrocidades cometidas. Pelo sangue em minhas mãos, e aquele sujando minhas veias.

Eu não sou digna de piedade.

Eu só preciso fazer as coisas direito uma vez na vida. Estou pisando em ovos.

Roubar: eu descobri que posso ser boa nisso, por incrível que pareça. Consegui roubar uma adaga de uma bruxa velha que roncava dormindo de boca aberta, sentada no chão. Minha mão se aqueceu quando apanhei o objeto gelado, essa lâmina deve ser amaldiçoada, mas convenhamos que eu não tive muito tempo para questionar. Enquanto eu andava, alguns bruxos mais audaciosos me apontaram as varinhas, mas não é assim que eles vão ganhar a recompensa, não me entregando e sim apontando para onde eu estou indo. Os comensais gostam de uma caçada, isso é de conhecimento mundial, não ficariam satisfeitos de perderem uma, onde estaria a emoção?

Gelo corre nas minhas veias. Nunca estive tão cega de ódio. Venham me pegar, seus filhos da puta.

Os outros me julgam como se eu fosse a maior pecadora do mundo, eu sou apenas uma sangue ruim, uma assassina cruel. Eu sou o terrível monstro de todo esse cenário. Aposto como teriam me atirado coisas se suas mercadorias não valessem mais do que eu. Cuspiram no chão que eu pisei e chegaram bem perto para me xingar.

Essa é uma definição de inferno. Eu mereço? Talvez sim. Eu vou morrer hoje, mas levarei alguém comigo. Farei o possível para levar.

O lugar que entro é uma das últimas construções do Beco. Uma casa muito feia, escura e solitária. Caindo aos pedaços, o lugar fede a carne podre, torço o nariz e empurro a porta velha de madeira sendo devorada pelos cupins. Já é o amanhecer, mas ainda parece noite daqui de dentro. Eu vou morrer aqui. Bufo e olho ao redor, tem tantas manchas nesse chão que eu prefiro nem saber o que são. Dois andares, debaixo da escada, o breu está ainda mais instalado, vou me esconder ali, prender a respiração e esperar. Fecho a porta com a maçaneta de textura gosmenta. Eu vou matar alguém hoje, que meus pais me perdoem, mas eu vou morrer tentando.

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O dia vai ficando cada vez mais claro. Duas horas de espera, minha ansiedade me corrói e eu me agito, estou sentada debaixo da escada, não devo me mexer, mas estou tão tensa que meus ossos parecem a ponto de partir.

Eu não estou pensando duas vezes. Uau, palmas para mim, deixei de ser covarde? Espero mesmo não arregar a hora H. Fecho os olhos segurando a adaga com força.

— Sinto muito, mãe, pai e irmãozinho. Eu falhei e corri quando deveria ficar— sussurro como se a lâmina fosse me ouvir, ou então as paredes, por favor, alguém me ouça— Sinto muito, George, lhe dei esperanças e fui embora, sinto muito, Fred, você se machucou por mim para eu ter o mesmo fim. Sinto muito, rapazes, eu falhei e fiquei quando deveria correr.

Eu falhei e aceitei minha culpa. Espero que os vivos me perdoem e os mortos me recebam de braços abertos. Eu deveria estar em prantos nesse momento, mas estou tão vazia que.... não tem nada.

Meu destino final é o inferno, guardem lugar para mim, diabinhos, eu estou quase chegando.

Eu poderia pedir desculpas por horas, mas não tem como eu não me sentir mal pelos Weasley. Sinto falta do caralho de George e de Fred. Ficar abraçada com meus dois heróis foi uma sensação muito boa.

Espero que eles me esqueçam com o tempo e me superem, talvez como uma piada de mal gosto, mas que no fim vai fazê-los rir por tamanha estupidez.

Salvamos uma fugitiva anos atrás, nós nos apegamos à ela, e ela à gente, mas o destino tinha outros planos para nós. Seria uma história que contariam para seus netinhos na frente da lareira em uma noite de natal quando todos estiverem empanturrados da ceia. George... envelheça e aproveite a vida por mim. Eu te desejo tudo de bom. Freddie, continue a ser esse homem radiante e ótimo amigo. Eu espero que você viva para sempre também. Eu amo vocês.

Engulo o resto dos meus doces. Última refeição? Bomba de chocolate. Vão anunciar a queda da assassina nos jornais amanhã de manhã? Melhor só uma assassina, do que assassina e companhia. Apoiadores de uma revolução, seria assim que eles nomeariam os ruivos? Ou coisa pior quando nos encontrassem? Pela primeira vez em longas e tortuosas horas, eu tenho plena certeza de que fiz o certo em ir embora. Pelo menos daquela casa.

Minha cabeça está doendo, o único som que ouço é o ranger da casa como se o vento fosse forte o suficiente para levá-la ao chão, eles não vão chegar nunca?

Quando estou prestes a reclamar, a porta range alto. Minha companhia chegou, a minha corrida chegou ao fim e um arrepio percorre meu corpo de cima a baixo, acho que é assim que se sente quando sabe que a morte está próxima. Tiro a mochila das costas e me preparo, fico pronta para atacar, sempre fui rápida, tenho que ser mais veloz do que nunca agora.

Observo pelas frestas da antiga escada de madeira, esse lugar também deve ter sido carbonizado, e eu penso: é, deve ser esse o meu destino. Das chamas às chamas. Eu não sou a porra de uma Fênix. Giro a adaga entre meus dedos e espero as sombras se aproximarem o suficiente.

São dois homens vestidos de preto, não vejo seus rostos, apenas as varinhas em punho. Essas varinhas...

Novamente gelo é injetado no meu coração, mas não é de um jeito que eu posso aceitar, me acomodar. Eu fico com raiva e caminho em direção a luz. Eu os vejo e eles me vêem. Os fuzilo com o olhar.

— Que porra vocês estão fazendo aqui!?— vocifero.

— Que porra vocês estão fazendo aqui!?— vocifero

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Nota da autora:

O que estão achando amores?

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora