HUMAN, George Weasley

➤ Boa noite

WEASLEY

— Aqui não fala nada sobre essa maldição também— Gina bufa largando o livro na mesa. Estamos há horas nisso e não chegamos a lugar algum. Sophia não pode ficar bem se simplesmente não fizermos nada a respeito da adaga. Eu bocejo e tento me manter desperto, encaro o livro nas minhas mãos tentando fazer com que as palavras não me irritem nem pareçam distantes. É, eu estou com um pouquinho de sono, talvez.

Sophia está sentada na minha frente e cutuca meu joelho com o pé.

— Vai dormir, Georgie— fala deslizando da poltrona para se ajoelhar na minha frente no chão.

— Eu estou ótimo. Te falei que só dormiria quando você fosse dormir.— sacudo a cabeça para que a mecha do meu cabelo saia da frente dos meus olhos.

— Vão vocês dois para cama— minha mãe fala sacudindo a varinha na nossa direção, ela estava procurando em quatro livros de uma vez, Fred vigiava outros três assim como o papai e Gina ainda estava procurando por um novo, eu tenho que conseguir dar conta de um enquanto Sophia tenta se adaptar à sua nova varinha.

— Eu estou bem— Sophia tenta tirar seu corpo fora, mas minha mãe a olha naquela ameaça silenciosa de mãe como se fosse dar uma bronca em Sophia caso ela não obedeça. Sempre funciona.

— Podem ir descansar, você também, Freddie, querido. Vocês precisam mais do que a gente— Molly toca o ombro do meu gêmeo que nem hesita em acatar com a recomendação.

— Beijo, eu também amo vocês, mas não me perturbem até amanhã a tarde se não eu não me responsabilizo pelos meus atos— ele larga tudo e se levanta pronto para sair da sala arrastando os pés. Sophia se levanta segurando no braço de Fred como apoio quando ele passa do seu lado e o mantém preso quando estende a mão na minha direção. Eu bufo e aceito o chamado silencioso, não dá para fugir do sono para sempre, coisa que eu não quero nem de longe. Nós três saímos de cena em fila indiana, Sophia entre mim e meu irmão. Fred nos guia para o quarto e Sophia o larga para que ele vá se jogar na sua cama— Nada de transar comigo aqui, hein— ele fala, sua voz sai abafada pois ele está com a cara enfiada no travesseiro.

— Cala a boca, Fred— eu censuro sorrindo— Hoje não, né?— meu irmão ri e Sophia mete um murro no meu ombro— Au.

— O cantinho é meu— a morena anuncia pulando na minha cama e se colando na parede, sorrio para ela e me deito do seu lado, jogando a perna e o braço para cima dela. Eu quero e não quero dormir ao mesmo tempo. Não quero ter pesadelos, mas estou tão cansado! Meu rosto afunda no travesseiro e eu solto um gemido de conforto abraçando a cintura de Sophia com mais força— Eu não vou embora, George— ela sussurra como se tivesse lido minha mente, cruzo também nossas pernas.

— Só para ter certeza— digo e então me assusto com o peso repentino atrás de mim. Fred se deita conosco e a cama fica pequena. Sophia me puxa para nos espremer mais um pouco quando eu estava me prontificando para chutar meu gêmeo menos lindo da cama— ei— começo a reclamar mas Sophia me belisca e me censura com o olhar— O que eu fiz?— resmungo, Sophia revira os olhos como se eu estivesse perdendo algo muito óbvio.

— Eu não vou sair não— Fred diz e cola as costas nas minhas, me chutando mais para o lado.

— Fred!— censuro.

— George!— sou censurado. Sophia me belisca de novo e coloca o indicador nos meus lábios para que eu fique quieto. Por que eu que estou.... Ah.

A gente não dorme junto desde criança, convenhamos, a gente nem gosta, tem muita disputa por território. Nós dormimos juntos desde que nascemos até os sete anos, que foi quando infernizamos nossos pais o suficiente para ganharmos camas separadas, mas depois disso, umas raras vezes, eu ainda ia para cama dele ou ele para minha quando tínhamos um pesadelo ou quando brigamos e queríamos nos desculpar sem falar nada, no dia seguinte as pazes já estavam feitas. A gente não fazia isso por medo, mas agora eu sei que essa é a razão de hoje.

Fred não quer dormir sozinho porque está com medo. Sophia tira a mão da minha boca quando repara que eu entendo. Nós todos sentimos medo, mas eu nunca vi isso partindo do Fred sem que ele sorrisse de deboche ao apanhar da mamãe comigo.

....

Isso é estranho, eu não sei o que fazer então o deixo ficar com a gente. Também me sinto melhor com ele por perto. Dou um chute em seus pés e ele retribui me arrancando um sorriso.

— Boa noite, Freddie— falo e beijo a testa de Sophia que se encolhe me abraçando— boa noite, moranguinho.

— Boa noite, cópia, boa noite, Soph— Fred resmunga, preguiçoso.

— Boa noite, ruivo um e ruivo dois— ela suspira, não posso ver seu rosto, mas suspeito que está sorrindo.

— É melhor que eu seja o ruivo um— eu e Fred falamos ao mesmo tempo e então rimos.

— Tá, ruivo dois e ruivo dois para vocês não implicarem— ela se corrige.

— Como se fosse adiantar— Fred fala se virando de barriga para cima. Aposto como tem metade do corpo para fora da cama, sabe que vai ter que deitar de lado, mas ele nunca dorme de lado. Espaçoso do caralho.

— Temos que saber quem você mencionou primeiro— completo a fala de meu irmão, bocejando e fechando os olhos. Sophia e Fred ecoam meu bocejo e eu sorrio. Copiões.

— Nenhum de vocês me mencionou primeiro, eu não tenho que dar satisfação nenhuma— ela dá um tapa em mim e então em Fred.

— Uh, ela tá magoadinha— meu irmão debocha. Eu dou risada, Sophia gira no meu abraço ficando de costas para mim. A bunda dela se encaixa onde não devia, mas eu estou bêbado de sono, não dá para fazer muita coisa agora.

— Quer mesmo ficar nessa posição, linda?— pergunto, malicioso.

— Porra, eu ainda estou aqui— Fred do nada dá um tapa no meu rosto, desajeitado. Eu o chuto mais uma vez, não paro de dar coices.

— A gente espera você dormir— murmuro.

— BOA NOITE!— Sophia fala elevando o tom— Vocês estão me irritando.

— Cadê a adaga, Georgie?— Fred pergunta soando distante, em breve começaria a roncar e suas falas iriam perder o nexo

— Tá lá embaixo com a mamãe.

— Não vai ser com ela que eu vou matar vocês— Sophia resmunga, irritada.

— Pronto, Fred?

— Pronto, George.— nós nos levantamos e vamos para a cama dele deixando minha namorada sozinha. Em menos de dois minutos, Sophia vem correndo para cima de nós, se grudando a mim como catarro de Troll.

— Idiotas— ela diz— Eu quero ficar no canto.

— Chora— Fred diz se virando para a parede, é a vez de Sophia ficar pendendo para fora da cama. Me incomoda que ela fique incomodada. Que coisinha chata, eu me importo. Eu bufo e os empurro para outra mudança.

Nós fomos dormir no chão para ninguém ficar excluído. Eu entre minhas duas pessoas favoritas no mundo. Boa noite para mim.