➤ Eu te verei de novo

1.1K 173 38
                                    

CARTER

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

CARTER

E foi um último golpe glorioso, eu nunca poderia me sentir tão viva. Isso era ainda melhor do que eu tinha sonhado. Olhei ao redor procurando por ele, o encontrei me encarando metros a frente. Estou sorrindo e estou coberta de sangue. Meu sorriso se evapora diante de seu semblante, por favor, que ele não me ache uma louca.

━━━━━━━ • ━━━━━━━

Eu volto para casa com a derrota pesando nos meus ombros após mais um dia no mar, George foi ficar com os irmãos e eu disse que precisava usar o banheiro. Me demoro no banho lutando para tirar todo o sal do meu couro cabeludo e pouco depois vou para a penteadeira do cômodo com uma tesoura afiada em mãos.

Por um momento, me olho no espelho repensando minha decisão. Eu sempre tive cabelos compridos, desde que me entendo por gente, meus cachos, quando cortados, nunca se elevavam a altura da cintura. Parece radical, mas o que eu tenho daquela garota de antes? Nada. Eu nem me recordo de quem eu era antes da guerra, do ódio, da dor.

É hora de uma nova era começar. Eu estou me juntando a revolução. Pego um punhado dos meus cachos e seguro a tesoura. Reluto no meio do caminho, olhando em meus olhos no reflexo, eu sinto que preciso dessa mudança. Ultimamente, esses cabelos só estão me dando trabalho. Dane-se.

Á base de pura impulsividade, corto meus cabelos acima dos ombros. Montes e montes de fios castanhos caem no chão e eu me sinto até mais leve. Estando mais curtos, parecem bem mais cheios e eu adoro o resultado. Por tanto tempo meus cabelos ficaram a deriva do universo, sem uma hidratação digna ou então presos por dias e dias. Ver meus cachos saudáveis e três dedos acima dos meus ombros me deixou chocada. Mas de um jeito bom.

Não é como se eu fosse muito vaidosa, mas meu cabelo é meu templo. Ter deixado meus cachos na mão por tanto tempo é só uma prova do quanto eu não estava bem. Eu precisava desta mudança.

Passo a mão por eles e os trato, indo e voltando para o banheiro, ainda com o corpo envolto por um roupão. É como se tivesse lavado até minha alma nestes momentos que fiquei sozinha. Só que, mal coloquei uma roupa, logo batidas fracas na porta quebraram o silêncio imperturbável que eu estava aproveitando comigo mesma.

Já havia recolhido os cabelos do chão, vesti uma regata branca curta e justa, pegando um casaco de George fino, largo e vermelho vinho para ficar por cima. Botei minha calça preta, e calcei meus tênis. Não conseguia parar de tocar meu cabelo curto, vou levar um tempinho para me acostumar.

— Pode entrar— digo secando o cabelo com magia quando a porta se abre e Harry Potter dá as caras. O Escolhido esboça pouca surpresa ao me ver sentada na penteadeira de costas para ele.

— Oi, tudo bem com você?— ele entra no quarto e se encosta na parede com as mãos pra trás. Eu respiro fundo e baixo as mãos cortando o vento que estava direcionando para minha cabeça. Viro-me para poder encará-lo sem ser através do espelho.

Os dias passaram mais rápido do que eu poderia suportar, parece que mal fiquei com George apesar de não ter saído de seu encalço.

— Oi, sim— eu murmuro dando a resposta mais fácil e umedeço os lábios— Quando iremos partir, Potter?

— Na verdade, estamos saindo agora, eu só vou te falar o que vai acontecer bem resumidamente— ele diz, ansioso, eu congelo e encaro seus olhos verdes sentindo o pânico me engolir depois de me mastigar muito mal.

— Agora?— repito surpresa, ele assente e hesita um momento antes de continuar. Eu me levanto.

— Tudo bem se você desistir, sabe disso— ele me garante pela milésima vez. Eu balanço a cabeça e procuro não surtar.

— Eu não vou desistir, é só... é só que o tempo passou muito rápido.

— Você logo supera essa sensação— diz ele, sorrindo amarelo. Balanço a cabeça também com um sorriso desanimado e espero que ele dê seguimento a sua fala— Vamos invadir o cofre de Gringotes hoje. Acreditamos que tenha algo lá de grande importância para você-sabe-quem.

— Como vamos invadir um dos lugares mais seguros do mundo bruxo pra roubar o maior bruxo das trevas?— pergunto, descrente.

— É aí que Bellatrix Lestrange e Grampo entram— ele diz. Meu sorriso evapora e todo meu rosto endurece. Eu não acredito no que ouço, sinto como se todo meu âmago estremecesse.

Limpo a garganta com minha respiração ficando descompassada.

— Como é que é?

━━━━━━━ • ━━━━━━━

Não conseguia olhar para ela por dois minutos sem ter a mínima vontade de matá-la da maneira mais horrenda e odiosa que pudesse pensar. Precisava me recordar constantemente de que aquela mulher de aparência horrenda, cabelos negros desgrenhados e andar cambaleante de um bêbado com labirintite era na verdade Hermione Granger, a sabe tudo que não mataria nem uma mosca. Ela não mataria minha família e daria risada enquanto isso, mas por Deus, como eu desejo dar um murro na sua cara.

Eu não queria chegar nessa parte, me deixou assustada pra caralho só de imaginar e agora ver acontecer? Sinto que vou explodir!

Estamos um pouco longe da casa, Harry, Ron/comensal, Hermione/vadia assassina do mal, Grampo, eu e os gêmeos estamos todos na areia, todos esperando por mim e eu me segurando no George, com medo do futuro.

Eu não queria desmanchar aquele abraço, mas eu tinha aceitado a missão da minha vida e agora tinha que agir.

— Eu te vejo em breve— sussurro para meu ruivo, ele me abraça com força e me tira do chão previamente.

— Boa sorte, moranguinho, mata quantos filhos da puta você puder.— um sorriso me escapa e George me devolve ao chão, me soltando com hesitação, dou um passo para trás e olho em seus olhos— Minha linda, linda, linda Sophia.— George dá um toque breve no meu queixo e sorri fraco. Meu coração é todo seu, querido.

Abracei Fred também, sentia-me tremer da cabeça aos pés. Fiquei tanto tempo com os dois que é um absurdo de estranho nos separarmos. Eu não vou chorar, chega de fraquejar!

— Até mais, Soph— Fred disse no meu ouvido, evidentemente ainda chateado comigo, mas eu espero que isso passe porque nada do que eu faço é com a intenção de magoá-lo.

— Eu volto— eu digo— Não fique de mal comigo— peço, fazendo bico.

— Se não voltar, nós vamos te buscar pelos cabelos. Bem, pelo que restou deles.— ele passa a mão nos meus cabelos e me solta dando um breve beijo no topo da minha cabeça. Recuo para perto de Harry Potter e coloco minha mão sobre a de Grampo, acenei para os rapazes e antes que eu pudesse me despedir de novo, nós desaparatamos. Foram minutos, o tempo estava correndo, será que agora seria o fim?

A última coisa que vi foi George movendo os lábios, me pedindo alguma coisa. Acho que ele pediu pra eu voltar viva. Acredito que nunca quis tanto cumprir uma promessa.

Agora, onde ele estava, eu encontrava apenas uma rua escura. Não teve como não me arrepender amargamente da minha decisão. Quero ver de novo meu ruivo com seus olhos âmbar. Eu vou vê-lo novamente. Nada ficará no meu caminho para me impedir disso.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora