Eu odeio tomar muito sol pois sempre fico vermelho, e essa cor só me deixa mais cansado a cada dia, mas hoje agimos como se fosse feriado então eu tento suportar para aproveitar o dia com os outros. Pelo menos metade de nós. Aproveitamos a praia, Fred não sai da cola de Bill e Fleur, ele está ansioso demais, é como se lhe tivessem eletrocutado e ele já comeu muito açúcar, arrasta Ron para um lado e para o outro como se fosse um boneco de pano. Estou deitado de bruços apenas vendo ao longe os Lovegood fazendo arte na areia. O dia está bom, eu estou ignorando ao máximo todos os outros sentimentos que não são suficientemente bons para serem aproveitados.
Sophia passa o protetor solar nas minhas costas espalhando-o através de uma massagem maravilhosa pelo meu tronco. Ela cantarola baixinho uma música que eu não conheço. Parece animada.
Queria saber o que se passa na sua cabeça, queria ter coragem para perguntar quando ela iria, queria não surtar nem um pouquinho com isso.
Sinto um aperto na garganta, algo bem próximo de raiva e ciúme. Nunca fui muito bom em esconder meus sentimentos então finjo que estou dormindo enquanto minha namorada tenta diluir toda o ódio de meu corpo.
Eu não tenho direito de estar com raiva? Porra, eu tenho, mas não é como se fosse dizer que ela não deve ir, não sou seu dono para dizer que não permito. Em papéis invertidos, eu jamais deixaria ela me impedir. Se bem que, talvez eu já teria morrido a muito tempo. Se eu perdesse minha família toda em um golpe só, buscaria por vingança que nem um louco. Eu perco a razão quando é sobre minha família, por que Sophia pensaria diferente?
Ela já os perdeu, já entendeu que não tem como trazê-los de volta através da vingança, já sabe que não dá para correr atrás disso sozinha. Mas porra, ela não vai estar sozinha!
Por que eu não consigo aceitar isso? Me revolta eu não poder ir junto. Quatro é mais do que demais para chamar a atenção.
Ela ficaria segura? Quem garantiria isso? Ela teria pesadelos no meio da noite, intensos e realistas, mas não o suficiente para acordá-la onde ela precisa que alguém a abrace e a tranquilize? Em quem Sophia se apoiaria? Como ela poderia se conectar?
Ela e Potter tem a mesma história, talvez eles virassem amigos...
Inferno, isso não basta! Eu não quero me afastar dela. Minha garota sempre está na ponta dos meus dedos, eu nunca posso segurá-la o suficiente para me sentir seguro. Eu só queria poder ter alguma certeza de que não a perderia, mas isso evidentemente não é uma opção.
— Eu quero nadar— eu digo quebrando o silêncio entre nós. Continuo de olhos fechados.
— Eu vou contigo— ela fala saindo de cima de mim. Levanto-me preguiçoso e me espreguiço antes de a pegar pela mão e a arrastar para o mar, em direção as ondas frias que não estavam tão mansas nem baixas. Sophia montou nas minhas costas e o gesto me arrancou um sorriso. Eu não quero ser domado pelo pessimismo, não agora.
Suas pernas envolvem meu quadril e ela beija meu pescoço me distraindo. Eu ergo o rosto para o céu e o mar vem batendo no meu peito. É apanhando que ficamos mais fortes? Eu vou me tornar indestrutível em breve. Sophia gira entorno de mim, pendurada, e nós nos encaramos. Ela força um sorriso, mas não consegue me olhar nos olhos por tempo demais. Ela fica linda de biquíni.
— Eu juro que a gente vai se ver de novo— ela me diz, abraço sua cintura e a aperto contra mim.
— Me promete?— eu não devia pedir isso e ela não devia concordar. Se tem algo que aprendemos é sobre como as coisas podem ficar perigosas e instáveis. Eu tenho medo do futuro.
— Eu prometo.
Queria ter certeza que não estamos mentindo quando ela me beija.
— Só você, amor, eu só quero ter você quando tudo acabar.— passo a mão molhada pelos teus cachos, tirando-os da frente e colando nossas testas.
— E você terá— ela sussurra.— Você sempre, sempre terá, George Weasley.
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As horas pareciam estar correndo e eu nunca odiei tanto tal sensação. Parece que estavam acelerando minha vida para pular a pior parte. A despedida e a insegurança. Por que eu estou deixando isso acontecer!?
Ela já confirmou com Potter, Granger e meu irmão. Roniquinho olhou para mim assim que ouviu a notícia. Não sei o que viu em meu rosto que o fez vir me abraçar. Eu também morreria de saudades dele o tempo todo.
Fred nem sabia o que estava acontecendo quando chegou, estava devorando um pedaço de bolo de chocolate que Fleur preparou e sorriu vindo nos abraçar. Quando eu o contei o que ia acontecer, ele não gostou nadinha de ser o último a saber.
— Como assim você vai embora?— ele perguntou se voltando para Sophia, revoltado— Mais do que basta meu irmão mais novo estar indo, você não pode ir!
— Freddie, eu vou poder cuidar do Ron— Sophia disse calmamente, colocou as mãos nos bolsos e encolheu os ombros.
— Mas eu..— Ron começaria a protestar, no entanto, Hermione lhe esmurra para que se cale. Não é hora de tentar convencer os outros de que pode dar conta de tudo que vier por conta própria. Ele só tem dezessete.
— George, me diga que não concorda com essa idiotice!— Fred coloca as mãos na cintura e se volta para mim, bufando. Apenas o encaro em silêncio e então olho para Sophia que baixa o olhar para os próprios pés.
— Vão ser só alguns dias— Potter disse o que eu estava enrolando para falar. Corrigindo, o que eu não falaria, mas achei que deveria tentar. Fred estufou o peito e inflou as narinas.
— Não! Eu vou ter mesmo que te amarrar aqui em casa?!— ele ameaça. Sophia sorri para meu irmão e o abraça.— Não, Sophia!— Fred dá um passo para trás, porém a mulher permanece grudada em seu corpo.
— Vai ficar tudo bem, Freddie.— ela tenta o convencer. Pela cara do meu gêmeo, nunca que isso vai acontecer.
Só alguns dias. Que Merlin me ajude, eu vou surtar.
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HUMAN, George Weasley
FanfictionHUMANA || Se a guerra não estivesse estourando, quem sabe eu não teria conhecido ele. Não há uma parte minha que se arrependa de ter conhecido ele. Meu garoto com os olhos de raposa. Meu George Weasley.