➤ Cala a boca

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CARTER

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CARTER

A sede parece algo interminável.

Eu consegui desviar-me dela por algumas horas, mas uma vez que a voz se instalou na minha cabeça, era definitivo que eu não conseguiria ficar longe. Ela tenta falar comigo, tenta me domar, me conquistar com promessas de glória e vida eterna. É tudo o que passo para George e sua família preocupada que de repente eu perca a cabeça e comece uma chacina na sua casa. Eu não seria tão ingrata.

Ao menos, eu acho que não.

— Eu não estou agindo como louca ainda, estou?— pergunto a George enquanto ele murmura feitiços de cura para as feridas nas minhas mãos. Cavei uma terra dura, exigiu muito das minhas mãos, sinto o alívio com o reparo da magia.

— Não, ainda não. Só cavou até suas mãos sangrarem como um cachorro doido, mas acho que você está normal— ele sorri, debochando, reviro os olhos, mesmo nos piores momentos ele me arranca risadas. Olhos as faixas na sua mão.

— Não vai mesmo cuidar de você?— pergunto flexionando as mãos novas em folha.

— Não, não preciso— ele resmunga, esfrega o rosto e me encara cansado— Me ajuda a ter certeza que estou acordado.

— Não é exatamente isso que você precisa agora— falo franzindo a testa, George se levanta, estava ajoelhado na minha frente, eu sentada na beirada da sua cama, a adaga no travesseiro, sibilando.

— Garanto que vou dormir quando você dormir— ele se senta do meu lado e beija meu ombro.

— Eu não estou com sono.— a experiência de quase ser enterrada viva me deixou bem acordada, diga-se de passagem. A ilusão de ser enterrada, já nem sei mais, eu tossi terra, minha garganta está toda detonada. Eu sou a definição de fodida.

— Então eu também não estou.— diz, me encolho para perto dele respirando fundo.

— Puta merda, Georgie— resmungo irritadiça— Eu não paro de dificultar sua vida.

— Mesmo se fosse de propósito, eu ficaria do seu lado, não se preocupa com isso, agora não, ok?— ele bate na minha coxa e me acaricia distraidamente, observo sua mão ali, ele nem se toca de como isso me desconcerta— A gente vai dar um jeito nisso tudo. Eu prometo.

— Acho que ter um problema a menos já seria um alívio.

— Vai ficar tudo bem, moranguinho— ele me garante, eu não faço ideia de como ele consegue ser otimista ou, pelo menos, é capaz de tentar ser.

Ficamos algumas horas num jogo de perguntas e respostas. Procurei não esconder nada porque com todo meu ser eu não quero ficar ligada a mais um problema. Disse como me sinto umas trezentas vezes, eu estou bem, não, não estou pensando em matar vocês. O senhor Arthur está pensando em chamar algum amigo para cuidar de mim, a burra que pegou uma faca qualquer dentre tantas outras apenas para se proteger. Claro que esta em questão tinha que ser sentimental, matamos um cara juntas e ela me quer todinha para si. Se é que me entende, eu não tive tempo durante o furto para perguntar para vendedora quais seriam as consequências de ter essa relíquia em mãos. Uma lâmina que corta para os dois lados, uns quinze centímetros, cabo parecido com o couro de dragão. Não se vê escritas em nenhum lugar, e George disse para não testarmos nenhum feitiço por enquanto nela. Já que estamos ligadas, eu posso sentir.

Eu não tenho toda essa ambição que a adaga me promete saciar, eu não quero riqueza, poder, muito menos a imortalidade. Roubar o poder dos outros pode me sobrecarregar, eu não sou tão estúpida assim, minha cabeça já estava dolorida pelo poder daquele homem assombroso que tirei a vida. Não sei como descontar isso, preciso destruir alguma coisa...

No sangue e na morte... a voz diz, interrompendo meus pensamentos.

— Ah, cala a boca.— eu olho a adaga com raiva, George aperta minha coxa tentando chamar minha atenção.

— O que estou perdendo?

— Ela não para, ela não cala a porra da boca!— enterro o rosto nas mãos e me dobro, George passa a mão nas minhas costas com calma.

— Eu sinto muito, moranguinho— ele diz— Mas por favor, aguente um pouquinho.

Eu começo a rir. Do nada. Simplesmente dou risada porque A PORRA DO UNIVERSO ME ODEIA! Eu GARGALHO, tenho crise de riso porque eu já nem sei mais o que fazer. Senta e chora, Sophia, cansei! Se mata, Sophia! Eu não sou corajosa o suficiente. Então lute para viver, Sophia! Com que forças, porra?! Eu olho para George com um sorriso largo no rosto sentindo-me vazia por dentro.

— Você pode sair disso, sabe— levanto a sobrancelha sugestiva.

— Não, nem me venha com essa, eu não vou abandonar minha namorada— ele cerra os olhos da cor do mais doce mel e encara meus lábios.

— Tecnicamente, a gente terminou— o lembro aos sussurros, estou só de sacanagem com sua cara e ele sabe, tenho certeza pois ele sorri também, não pretendo ir a lugar algum, se me afastar de George de novo nem sei o que será de mim— o que me faz sua ex.

— Você não terminou, teria que ter usado todas as palavras.

— São palavras mágicas, quer que eu use agora?

— Olha o veneno, garota— ele revira os olhos.

— Eu estou terminando com você, George Weasley, pode ir.

— Cala a porra da boca— ele me rouba um selinho demorado, meu estômago se enche de borboletas e meu sorriso psicótico se desmancha para algo mais natural— Você é minha agora, nem tente fugir— sussurra perto do meu rosto.

— Eu estou sendo de todo mundo ultimamente, está sabendo da sua concorrência não é, ruivo?— sussurro olhando para o lado, a porta está aberta.

— Vou destruir um por um— mais um selinho. E mais outro— Tudo pela minha garota.

— Cala a boca, quanta boiolice— sussurro cerrando os olhos e me inclinando na sua direção, ele sorri com malícia.

— Vem me calar, gatinha.— desafia em tom provocativo. Eu agarro a gola da sua camisa e o beijo mais uma vez tendo em mente que a porta ainda está aberta. George e seus lábios fazem com que eu esqueça temporariamente das vozes sussurradas e viciosas. Apague meus demônios, amor, eu sei que você consegue.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora