HUMANA || Se a guerra não estivesse estourando, quem sabe eu não teria conhecido ele. Não há uma parte minha que se arrependa de ter conhecido ele. Meu garoto com os olhos de raposa. Meu George Weasley.
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Acordo agitado e tateio o escuro, tudo está um breu e isso só me deixa mais assustado. Estamos na mesma posição. Sophia ainda está aqui. Eu suspiro de alívio. Está tudo bem, é, tudo certo, ela ainda está de conchinha comigo, Fred ainda está do meu lado, minhas mãos ainda estão com curativos e eu ainda estou no meu quarto. Meu coração está martelando, isso é insuportável e eu tento retomar o controle. Será que não estou sonhando mesmo?
— Sophia— seguro o ombro dela e a sacudo. Eu não estou com vontade nenhuma de matar ela. Eu preciso que ela me confirme que não estou tendo mesmo um pesadelo— Sophia!
— Hm... oi?— ela desperta aos poucos virando-se para mim— O que foi, Georgie?
— Eu tive um pesadelo— admito, envergonhado.
— Sobre o que?— ela pergunta, sonolenta.
— Você ia embora de novo, mas eu não te encontrava dessa vez— resmungo.
— Eu não estou indo embora, Georgie— ela me abraça e passa a mão nas minhas costas tentando me tranquilizar. Estou nervoso, sinto minhas mãos tremendo e eu me lembro de socar o chão sem parar. Os curativos. Eu não estou sonhando. Está escuro demais, eu não gosto disso.
— Eu estou...— ah, eu não consigo admitir isso. Eu não posso sentir medo, eu não tenho traumas, mas de repente o escuro me assusta exatamente porque eu não consigo ver nada. Eu sinto Sophia, mas não a vejo. Preciso ver a porra dos meus curativos.
— Está com medo— ela completa por mim. É inegável. Ela sente minha inquietação, não paro de olhar para os lados só me deparando com mais escuridão e aquelas formas bizarras da noite que parecem moldadas como humanos carbonizados ou demônios— Respira fundo, ruivo— ela sussurra para mim, eu obedeço. Eu posso me mover, eu não estou sonhando.
— Você dormiu mesmo?— pergunto desacreditado. Se eu não consigo, quem dirá ela.
— Estava quase ainda agora, mas a voz dela voltou a ficar alta.
— Desculpa ter te acordado de vez— faço careta. A luz, por favor.
— Não tem nada, você dormiu só uma hora também— ela sussurra enfiando a mão gelada por debaixo da minha blusa e tocando minhas costas diretamente. Estremeço, mas não falo nada.
— O tempo estava bem diferente na minha cabeça— reclamo.
— Está tudo bem aqui, George, você está acordado e eu estou bem aqui— ela me diz, eu respiro fundo e dou um beijo no topo da sua cabeça.
— Pode voltar a dormir, eu vou só... acender a luz um pouco— aviso, tento me levantar, mas Sophia impede que eu siga em frente— Ei...
— Você não tem medo do escuro, Georgie.
— Aparentemente nós não somos mais amigos agora— falo, incomodado. Pensei que ela fosse entender.
— Eu não vou te impedir de acender a luz, acredita em mim, eu também não gosto mais dessa escuridão— ela mais uma vez parece ler minha mente— Mas a gente não pode deixar o medo ter essa força sobre nós. Lembra quando você me disse isso?
