➤ O único jeito

1.8K 242 50
                                    

Nem todos os livros são nossos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nem todos os livros são nossos. Mais da metade, meu pai surrupiou da sede da Ordem. Claro que estávamos mexendo naqueles de magia negra não registrada em todo mundo e Sophia não poderia ter se ligado com um menos pior, não é mesmo? A garota está amarrada no meu quarto, tanto em cordas mágicas quanto com as normais. Eu quase matei ela, ela quase me mata... nada mais justo. Nosso relacionamento devia ser um modelo para os outros. Sintam inveja, eu adoro muito tudo isso!

Minha família toda está aqui enquanto minha namorada possuída faz barulho no andar de cima. Ela definitivamente não vai voltar a si nem tão cedo. Não adianta nada conversar com ela, eu tentei várias vezes mas Sophia está sendo completamente agressiva e mal parece me enxergar sem uma parte massiva de ódio, está cada vez pior com o cárcere longe da sua preciosa adaga. Sophia não come e nem fala nossa língua, está difícil ver ela assim, eu realmente não sei o que fazer, a impotência é extremamente irritante, e tudo por causa da maldita faca. Vou chamá-la de Rita, estou cansado de dizer adaga o tempo todo. A vagabunda da Rita é muito mais fácil de tratar. Meu pai ainda está tentando arrumar meios de explicar o que está lendo. Ele não me deixou ler por conta própria, como se eu fosse fraquejar ou sei lá o que. Estou impaciente e bato o pé esperando seu julgamento.

Estava tudo bem hoje de madrugada quando ela me provocava antes de dormir, eu só queria que tivesse durado mais um pouco, tento não pensar no quanto ela está insana agora se não eu juro que também vou surtar, mas não posso perder o controle, por nós dois. Encaro minhas mãos tremendo e coloco na mente a memória boa dos beijos dela, isso vai me manter concentrado. A gente vai ficar bem. Eu faço o que for necessário.

Fred está sentado do meu lado direito, Gina do esquerdo. A mamãe e o papai de pé na nossa frente com o péssimo semblante como se fossem falar que nosso animal de estimação foi tirar uma férias na casa da vovó. E não é da viva que eles estão falando.

— Pai— eu chamo o olhando sério, odeio esse suspense. Seus olhos, azuis e um tanto vermelhos pela noite mal dormida, se fixam no meu rosto exibindo insegurança— Por favor, seja sincero.

— Essa adaga é muito antiga, George— ele aponta para Rita enrolada na minha camisa no meu colo, estou a tratando que nem um bebê já que eu não posso destruí-la— Aqui diz que seis bruxos poderosos das trevas a criaram para roubar a magia de seus inimigos, mas um por um, eles ficaram loucos pela sede de poder rapidamente, a faca não compartilhava de seus princípios, não via inimigos e sim apenas fontes de magia e com isso, eles matavam sem justificativa pessoas inocentes, uns aos outros, qualquer pessoa que estivesse em seu caminho e com o excesso da magia acabaram sucumbindo... como muitos depois deles. Aqueles tão ambiciosos quanto— balanço a cabeça, Sophia não é ambiciosa assim, eu tenho certeza, então sem excesso e sem morte... só não podemos deixar Sophia matar mais pessoas, isso não parece impossível, tudo o que preciso é que minha namorada volte ao controle do próprio corpo— Matar uma pessoa inicia o ciclo, depois viriam mais vinte e uma até que o mais forte deles aguentasse todo o poder. A maioria não passa do décimo quinto assassinato, isso se... ninguém estiver os impedindo de continuar— meu pai abaixa a cabeça e esfrega o rosto, minha mãe passa a mão pelos seus braços, os lábios dela se apertando como se ela não quisesse que seus filhos ouvissem essa história de terror, mas não tinha o que fazer contra— Aqueles que resistiam ao poder, eram possuídos pela adaga — a porra da Rita —, levados à insanidade e tinham o mesmo destino— ele balança a cabeça com a respiração arrastada— De um jeito ou de outro, o sangue e a morte acompanharão aquele que segurar a adaga até ela achar o receptáculo perfeito para armazenar tamanho poder e, com o ciclo de morte concluído, a imortalidade virá.

Ele se cala por um momento mais longo que o necessário. Por que ele está calado?

— E?— pergunto, irritado pela sua demora— Eu não ligo para a história pai, eu preciso de respostas, como livramos a Sophia disso? O ciclo já começou para ela e como ela não continuou, a adaga tomou o controle— falo conforme as coisas fazem sentido para mim— Tem que ter um jeito de trazer a Sophia de volta, me fala logo que tem um jeito!

Fred segura meu ombro e aperta, pedindo para eu me controlar silenciosamente. Eu respiro fundo, não vou descontar no meu pai, não vou descontar no meu pai, não vou...

— Só tem um jeito de acabar com a maldição, meu filho.— a dona Molly dá um passo a frente, as mãos cruzadas diante da barriga.

— Que seria...— gesticulo a incentivando a continuar. Mais suspense, por muito pouco não reviro os olhos.

— O receptáculo deve morrer, George— ela fala finalmente e todos olham para mim em aguarde de uma reação. Não.

Não.

Repasso a história na minha cabeça e preencho as lacunas sozinho. Não. Eu tenho que pensar mais rápido... Homens sedentos pelo poder começam chacinas, atacando tudo e todos a sua volta, devem ter nomes no livro, datas... mais informação, não tem como um bruxo sozinho sair matando inocentes por aí sem ser atacado de volta, alguns lutavam com heróis da pátria, eles matavam ou eram mortos, será que essa história já foi ensinada em alguma aula que eu faltei? Puta merda! Nunca ouvi falar disso, como não houve repercussão?! Passo a Rita para o colo de Fred e me levanto pegando o livro das mãos do meu pai tentando mesmo não fazer nenhum movimento brusco ou desrespeitoso, começo a ler, ignoro o que acho irrelevante, procuro só uma palavra chave. Depois de tanta menção á morte eu só penso no...

Suicídio. Quantos se mataram para poupar outros do sofrimento? Ter sua magia arrancada de você não deve ser lá muito prazeroso. Me matar é algo que eu faria se soubesse que não tem solução, antes eu do que vinte e dois inocentes e sei que Sophia pensaria assim também se houvesse a mínima racionalidade no seu estado. Preciso garantir que ela sequer olhe por esse lado, mas do jeito que ela é, eu não tenho muito tempo. Isso se Rita já não tiver total controle sobre ela.

Essa filha da puta deve ter consciência, não é possível... ninguém aguenta o poder de tantos bruxos e eu tenho certeza que Rita armazena uma parcela também. A maldição só termina quando ela encontra alguém tão foda que teria que superar Dumbledore ou até Voldemort sem usar uma varinha. Ninguém aguentou ir até o fim do ciclo em séculos, então o que ela armazena ainda está ali. Tem mais poder ainda acumulado, não tem como minha namorada lutar contra essa merda sozinha.

Sophia não é uma bruxa extraordinária, ela talvez não passe do décimo quinto assassinato como tantos outros. Não que eu fosse ficar de boa de ter ela matando inocentes. Isso é conflitante. Mesmo que eu tivesse a mínima impressão que ela poderia aguentar até o vinte e dois, não sei se...

Não. Nem pensar.

Sem prevenção conhecida, são as ultimas palavras da página, ao virá-la já é outra coisa. Não fala de suicídio. Imagino que a maioria era então vilã para não ter coragem o suficiente para cravar a adaga no próprio peito ou era a possessão? Não há descrições o suficiente, isso me irrita e eu jogo o livro no chão saindo da casa fulminando de ódio. Sigo descalça para o jardim da frente e respiro fundo tentando pensar com clareza, mas o problema é que eu já sei o que fazer. Os pontos se ligaram rápido demais em minha mente e eu sei.

As chances de dar errado são absurdas, mas se eu estiver certo... Esse raciocínio contraria tudo o que eu estou fazendo nesses últimos dias. Tudo pelo que eu estou lutando contra.

O receptáculo deve morrer para que o ciclo seja interrompido, foi o que minha mãe disse e são as exatas palavras escritas no livro com páginas amareladas e velhas.

E se tiver como trazer ela de volta?

......

Eu não posso fazer isso, mas é a única opção que eu consigo ver.

Eu começo a chorar como uma criança e me sento na grama sozinho para deixar a frustação sair do meu corpo. Eu não posso tê-la, não posso deixá-la ir embora, não posso... deixar de amar ela. Não posso matá-la.

Mas que merda, Sophia. Me desculpa.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora