➤ Eu posso viver

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Fred é o primeiro a dar sinais de vida

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Fred é o primeiro a dar sinais de vida. Estou sentada nos pés de George há quase quatro horas e nada. Maldições imperdoáveis exigem muito das pessoas, sei que terei de ser paciente, mas que merda! Ele mal se mexe, isso me deixa ansiosa. Não paro de passar as mãos pelo meu pescoço, não sei bem como coordenar isso, mas ele me enforcou e... eu estou normal com isso. Sei que não era ele, literalmente. Me pergunto se não devia estar surtando mais ainda com mais esse detalhe.

Respiro fundo e me levanto quando Fred se levanta também. Ando até o ruivo com a cara amassada de sono, ele sorri para mim e eu dou um murro na sua barriga para então abraçá-lo.

— Au, de nada— ele resmunga me abraçando de volta. Isso é bom. Ele é outro que quase me mata de preocupação.

— Tenta não se meter no que não é chamado da próxima vez— falo desmanchando o abraço, faço careta e passo os dedos pela faixa na sua cabeça. É meio estranho que eu só me lembro que ele está sem camisa depois que nos separamos.

— Você fez a burrada e eu fui consertar— ele sorri de lado levantando a sobrancelha— É esquisito, geralmente sou eu que ouço isso, obrigado por me dar essa chance de não ser o mais inconsequente do quarto— debocha, sorrio e dou mais um murro na sua barriga.

— Fico feliz que esteja bem, Freddie— admito, ele bagunça meus cabelos, como se eles já não estivessem selvagens o suficiente.

— E eu fico feliz em te ver de novo, nanica. Não some de novo não, ok?— ele se dobra para de volta para sua cama e pega algo debaixo do travesseiro— Essa pulseirinha ficou bem solitária.

Eu olho o tecido entre seus dedos, minha pulseira reparada e limpa.

— Você ficou com ela— sinto meu estômago dar um nó.

— Quase perdi, mas... sei lá. Tive esperanças de te ver de novo— ele faz careta, ser sentimental não é muito sua praia, isso é visível— Você quer?

— Freddie...

— Não, sem sacanagem, sem despedidas, a gente não tem que parar de usar só porque nos separamos, coisa que não vai acontecer de novo— ele estende a pulseira na minha direção. Eu hesito um momento longo. Estou dando esperanças para eles, tenho que parar com isso, mas como ser neutra? Como não discutir como vai ser o dia de amanhã? Agora, oficialmente, Bellatrix sabe que estamos juntos. A casa deles pode estar em pedaços nesse momento, talvez até mesmo a loja, eu não quero carregar esse peso, porque eu sei que eu não valho tanto a pena assim— Você faz parte da família desde que beijou meu irmão, fofinha, não pense que a gente não vai fazer de tudo por você— Fred diz como se lesse meus pensamentos, envolve a pulseira no meu pulso antes que eu aceite ou recuse.

Seria mais um sim do que um não, de qualquer forma.

— Por que você gosta de mim Fred?— pergunto franzindo a testa— Eu nem sou tão divertida assim.

Fred dá de ombros.

— Você é uma boa pessoa, Soph. É fácil gostar de você— ele sorri, mais uma vez aquela coisa no seu olhar de "eu não sei como faz isso". Ele amarra a pulseira no meu pulso e me solta— Você é legal... e o George gosta muito de você. Meu irmão sabe o que vê nos outros e se alguém é importante para ele, é importante para mim também— aperto seu braço, suspirando.

— Me desculpa. Por tudo que te fiz passar.

— É uma via de mão dupla, eu também escolhi isso no momento que te trouxe para casa. Convenhamos, a nossa vida era meio chata antes de você aparecer— brinca e nós rimos. Paramos por um momento e Fred me puxa para outro abraço, me aninho em seu peito e Fred coloca o queixo no topo da minha cabeça. Nós aproveitamos este bem melhor, seu coração bate forte. Fred forte como cavalo, se não fosse por ele...

— Eu amo você, Freddie.— murmuro. Ele é meu amigo, quase meu irmão. Fred sopra uma risada nasalada.

— É meio inevitável, todos me amam.— se gaba. Eu dou um tapa em suas costas de censura— Eu estou brincando. Também me amo.

— Fred.

— Eu também te amo, Sophia.

Nós nos separamos do abraço.

— Pequena, eu vou almoçar, você vem?— ele aponta para a porta por cima do ombro. Olho para George e me abraço. Apenas sacudo a cabeça, Fred também olha para o irmão, se aproxima dele, suspira e dá um beijo breve na testa de George antes te dar uns tapinhas no meu ombro e sair. Suspiro e volto a me sentar nos pés de George, encolhida e abraçando minhas pernas, fecho os olhos por um momento longo, aproveitando o silêncio. Novamente levo a mão ao pescoço.

Os minutos se esticam, sinto uma enxaqueca que talvez vá me acompanhar para o resto de minha vida.

— Me diz que não é uma miragem— a voz rouca me faz arrepiar de cima a baixo, arregalo os olhos e viro a cara na sua direção imediatamente, estupefada, George permanece com os dele fechados— Você está mesmo aqui, moranguinho?

A emoção enche meu peito e eu parto para cima do ruivo, enlaçando seu pescoço. George solta um gemido de dor. Sei que deveria recuar a tal aviso, mas não consigo. Fico feliz que ele tenha acordado. O alívio me inunda e eu tomo cuidado de não deixar transbordar como sempre. Chorar é exaustivo, preciso passar dessa fase.

— Sophia— George diz com a voz embargada. Talvez seja a vez dele. O ruivo começa a balbuciar pedidos de desculpas, ele me abraça com firmeza e chora, agoniado— Eu não queria, me desculpa.

— Está tudo bem, está tudo bem, você conseguiu parar— eu repito tentando o tranquilizar— Você é mais forte que ela, Georgie.

— Eu sinto muito, eu demorei, me perdoa.

— Não é culpa sua.

Mas não é mesmo. George parece frágil, e eu vejo que é esse meu momento de cuidar dele. Ele está com medo, é visível, é compreensível. Eu também estou. Me ajeito para me sentar e ele se deita no meu colo. Passo a mão nos seus cabelos e tento o consolar de novo e de novo.

— Você não está com medo de mim?— ele pergunta, me olhando e fungando, seco suas lágrimas e afago seus cabelos ruivos.

— Eu jamais teria medo de você, Georgie— o olho nos olhos para que ele saiba o quanto eu estou sendo sincera— Você salvou minha vida— pego suas mãos e as beijo demoradamente. Não tive nem tempo de esquecer como é bom estar com ele. Independentemente do que esteja acontecendo. Eu respiro o mesmo ar que ele e sinto que posso viver. Uma droga viciante, essa do amor. Oxitocina.

— Não vai embora, Sophia— George me pede olhando meu rosto e balançando a cabeça— Não vai... Não consigo nem imaginar você passando por isso sozinha de novo, por favor, fica comigo.

Ele me suplica para ficar e eu não tenho resposta por uns minutos. Eu gostaria de ficar. Eu desejo. Eu quero. Eu...

As decisões são tomadas de uma hora para a outra, e eu pensando em como não quero estar em lugar nenhum que seja longe dele. George espera, me analisando como sempre. Senti falta do seu olhar, a saudade que senti dele esses dias separados pode ser só uma lembrança amanhã. Estamos fodidos e eu continuo não tendo para onde ir. Ele está me dando mais uma chance e depois do que passamos, tudo o que eu mais desejo agora é abraçá-lo e ficar. Quando Bellatrix o obrigou a me atacar, eu senti mais culpa do que desespero, não queria que ele passasse por isso, porque eu o amo. Eu amo George Weasley pra caralho e preferiria sofrer em dobro para que ele não tivesse que passar por nada disso, nada da minha vida nova. Eu o coloquei em primeiro lugar, eu o escolho. Então...

— Eu fico— digo. Nada além de George nos meus pensamentos, nada de dor, nada de medo nem hesitação. Só ele e eu— Eu fico com você, Georgie.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora