➤ Durma, amor

2.2K 332 60
                                    

WEASLEY

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

WEASLEY

Vou dar mais uma olhada em Fred quando termino de me vestir, ele está dormindo, quase roncando. Sua cor está voltando ao normal. Acho que nunca tinha ficado tão preocupado com ele. É até estranho, Fred é como uma parte de mim, ver meu irmão mais próximo mal assim me desconcertou por completo, mas eu sou otimista, ele vai ficar bem, essa peste é forte pra caralho. O quarto está escuro, só a luz do corredor me dá uma brecha para vê-lo da porta. Tem algo na sua mão, eu acho, mas antes que tenha qualquer certeza, meu irmão rola para o lado, resmungando palavras desconexas, a mão se fecha. Eu deixo isso para lá quando ouço passos se aproximando. Olho para o lado e me deparo com Sophia. Eu fecho a porta do quarto de Fred. Sophia abraça minha cintura de lado e eu passo o braço por cima do seu ombro. A levo para sala, andar abaixo. Estou cansado. Não estava muito preparado para lutar com comensais nesta noite. Eram só dois, ao menos. Junto de Angelina, eu pude lutar. Por pouco não levaram a varinha de Fred. Eu poderia ter matado pelo menos um deles, mas não consegui...

Isso porque ele escapou, não porque eu me sentiria mal. Depois de tudo, acho que até seria um alívio matar um comensal. Alguma justiça. Por Sophia e sua família, tantas outras pessoas. Se eu pudesse, mataria todos eles. Me sinto pesado, nós arrastamos os pés até o sofá e puxo Sophia para despencar comigo.

— Como você está?— ela pergunta.

Eu poderia dizer bem. Mais fácil, mas não é bem assim.

— Cansado— eu bufo e a olho, seu rosto está perto demais do meu. Me consola, sua proximidade, Sophia quase sorri. Seus lábios se apertam e formam uma linha reta enquanto ela mede meu rosto. Eu queria poder fechar os olhos e ter certeza que ela não vai evaporar... mas não tenho. Não. Eu sei que não.

— Descanse— ela diz em um sussurro.

— Eu não vou conseguir— resmungo, Sophia passa a mão livre pelo meu rosto.

— Vai ficar tudo bem— ela beija minha bochecha com calma, suavemente.

— Não mente para mim— ela me beija, quer me calar. Não. Não. Eu seguro seu rosto e a afasto— Sophia.

— George— ela sorri, sem humor.

— Para com isso.

— Eu não estou fazendo nada.

Nada?— me indigno— Eu sei o que você quer fazer, não leva essa coisa para frente. Por favor— eu suplico. Meu orgulho me deu as costas com essa garota. Sophia se senta de lado no sofá, tirando o braço da minha cintura, ela olha para a lareira e a máscara cai. De contentamento mal plagiado á dureza, ao frio. Eu não vou conseguir fazer ela ficar. É notável— Não. Olha... a gente vai ficar bem, ok? Nós vamos, sei lá... para a casa da minha mãe por um tempo.

— Para de mentir para você mesmo— ela diz, sem me olhar nos olhos— Não tem como eu ficar contigo.

— Puta merda, Sophia— eu fico com dor de cabeça. Ando de um lado para o outro no meio da sala e esfrego o rosto. Eu poderia falar muita merda nesse momento. Explodir como se não houvesse amanhã, mas eu esperava por isso. No fundo sempre soube que ela não me escolheria, e agora isso? Claro que ela vai se jogar no fogo sem se dar a chance de procurar outro jeito de apagá-lo. Queria jogar na sua cara tudo o que sinto, a raiva, o medo, a insegurança. Porra, eu estou com ódio! Eu disse que a amo, eu nunca tinha tido a chance de falar isso para nenhuma garota, e agora... A que eu mais quero vai cravar uma adaga no meu peito. Estou tremendo, engolindo espinhos. Isso queima todo o meu ser, indigna toda minha existência. Tudo por nada— Então o Fred foi torturado pra nada?— pergunto em voz alta, um tanto quanto ríspido. Sophia se levanta.

— Não. Foi quase o pior jeito de me mostrar o que tem que ser feito.

— O que? Que você tem que morrer em nome de todos nós? Que altruísta!— não consigo controlar a língua. Estou fodido de raiva. Ela vai me dar as costas— Depois de tudo, Sophia!

Ela baixa o olhar, mantém-se concentrada, calma. Quem diria, agora eu invejo seu autocontrole.

— É questão de tempo até eles virem até aqui...

— Foda-se, a gente vai embora!

— Eu posso distrai-los, tirá-los do seu rastro— ela continua como se não tivesse me escutado.

— Você fica!

— Sua família inteira pode ser atacada, Weasley!— ela se estressa. Não quero que ela use esse argumento. Eu não posso brigar contra a verdade— Todos sabem que vocês são traidores, não provoque a fúria dos comensais mais ainda! Já desconfiam que eu estou aqui!

— A gente vai embora!

— Vocês tem uma vida toda aqui!— ela grita— Vocês tem uma loja, fazem as pessoas felizes com suas invenções, colorem o Beco, dão esperança aos outros! Vocês ainda têm todos da família, não tem como comparar, George! Você não vai abandonar tudo isso por minha causa, eu não sou nada.

— Eu amo você, caralho!

— Mais do que tudo o que você tem? Não é possível.

— E se fosse!?

— Você estaria mentindo!— ela diz. Eu tento retomar o controle da minha respiração. Nós ficamos em silêncio por um momento longo. Ela está medindo a balança, ela ou minha mãe? Sophia ou Ginny? Ela não tem o direito de me obrigar a escolher. Ela sabe como eu reagiria. Eu sinto a vontade ridícula de chorar, mas a seguro. Não vou derramar uma lágrima por isso. Me recuso de mais humilhação. Não vou ficar de joelhos, mas também não vou me calar.

— Fica, Sophia— eu peço— Fica comigo essa noite.

Ela funga e limpa a garganta me olhando nos olhos com tristeza. A morena respira fundo, balançando a cabeça. Tudo está tão quieto que eu escutaria uma agulha caindo no chão. Sophia me dá as costas e começa a arrastar os pés para a escada. Eu a sigo. Ela me leva até meu quarto no escuro. Quero estender o braço e pegar sua mão, mas não o faço.

Ela para do lado da cama e eu hesito. Não quero brigar mais. A luz fraca da lua ilumina o quarto atravessando a janela. Eu não apaguei a da sala, me lembro. Me sento na cama e me arrasto para deitar por cima das cobertas. Sophia passa por cima de mim e se deita atrás de mim, abraçando minhas costas. Sua mão vem ao meu peito e eu entrelaço nossos dedos. Ela está numa posição que será mais fácil de sair sem me acordar. Nossos pés se tocam, assim como o resto dos nossos corpos. Eu sinto seu calor. Coloco meu pé por cima dos seus, como que para segurá-la ali. Sophia beija minha nuca e eu me arrepio.

— Eu te amo, ruivo— ela sussurra. Eu trago sua mão para perto do meu rosto e a beijo.

— Eu te amo, moranguinho— estou exausto para resistir ao sono por tempo demais. Eu estou me desprendendo dela querendo colar mais ainda. Eu não quero dormir, mas gastei da minha magia e o estresse me matando— Eu vou buscar você— eu digo a ela. Acho que ela ri.

— Durma, amor.

Quando acordo, não a acho em lugar nenhum. Doeu pra caralho.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora