➤ Ação

1.2K 192 54
                                    

O céu está escuro, não há estrelas, a luz da lua é insignificante

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O céu está escuro, não há estrelas, a luz da lua é insignificante. Não dá pra ver eles chegando, mas eu sei que eles estão logo ali pelos assobios, a cantoria porque eles querem cantar vitória sempre, aparentemente. Eles nunca acham que vão perder. Eu os vejo saindo das sombras, espalhados, fico tensa, mas procuro não demonstrar. Ela chega desfilando na minha reta, descabelada como sempre, vestida de preto, mostrando mais pele que esse frio poderia tolerar. Os olhos escuros dela não saíam da minha cabeça. Opacos, tão mortos. Como olhar diretamente para um dementador. Encará-la mexe tanto comigo, mas eu consigo não amarelar.

Ela sempre estava me encarando quando eu não conseguia dormir, estava sempre esperando eu falhar e correr de novo para ela. Acho que nunca vou conseguir superar seu olhar psicótico. Espero que ela jamais me supere também. Estou dando mais trabalho que os outros. Eu preciso que ela se lembre de mim, que se arrependa, que saiba do meu nome.

— Olá... Carter, não é?— ela me cumprimenta com o olhar raivoso e um sorriso dissimulado enquanto seus capangas se aproximam como ratos, me cercando— Você não consegue ficar morta, minha linda, linda Carter?

— Olá, senhora Lestrange.— sorrio e me levanto, deixando minha mais nova varinha a mostra, ela ergue o queixo, irritada pela forma como me dirijo a ela. Eu só usei o mesmo tom que ela— Poderia dizer o mesmo de você, não poderia?— Sete. Eles estão em sete, sem contar com Bellatrix. Olho para um deles, ele chama a atenção, mais pálido que os outros, mais polido, eu conheço ele. Malfoy. Os cabelos louros tão claros quanto perolas são inconfundíveis. Ele está péssimo, me encara com a expressão vazia. Não tenho tempo para me importar com o garoto, ele escolheu seu lado. Começo a recuar para a sombra da casa em passos lentos. O piso velho range com o meu peso— Um último encontro, Bella?

Ela ri, maliciosa, excitada com a proposta de brincadeira. Eu poderia jurar que saíram faíscas dos seus olhos.

— Com certeza será o último da sua vida— ela avança, mas três homens vem na sua frente. Nenhuma varinha apontada para mim, eles não querem trapacear agora, desejam me pegar com as próprias mãos, que bom, eu contava com isso, mesmo com os feitiços me protegendo, melhor prevenir do que remediar, não é?

Os assobios ecoam, o mundo parece estar em silêncio enquanto eles cantarolam, a sintonia única de uma noite que prometerá derramar muito sangue. Eu estou descalça e fecho a porta começando a correr. Está tudo tão escuro dentro da casa que invadimos, eu pisco para que minha visão se adapte melhor. Tenho que confiar cegamente na minha memória, abaixo a cabeça, estico-me para pular os dois primeiros degraus e subo as escadas com as costas coladas a parede enquanto um deles fica com a mão colada á maçaneta. Pegadinha suave e que os atrasariam o suficiente. Bem, vai doer quando tiver que puxar a mão com tudo e arrancar a pele sensível da palma.

Assim que chego no topo da escada uma mão quente agarra meu pulso e eu sei que é o George, ele me puxa para o banheiro, sua outra mão está envolta numa corda, temos que ouvir a armadilha de Fred antes de atiçarmos a nossa. Começo a murmurar feitiços para impedir que desaparatem da casa, ninguém vai fugir daqui tão fácil, uma vez que entrar pode ser que nenhum de nós saia.

Ouvimos um grito de dor, arrombaram a porta.

Protegere, tenere, impugnare, qui non receperint— eu sussurrava. Enquanto minha nuca se arrepiava, sentia como se outra coisa subisse pela minha espinha. Era como se houvesse outra presença além de nós dois no banheiro. Sibilando no meu ouvido, sua voz se harmonizando com a minha.

A casa estremece quando eu concluo o feitiço. Está tudo tão intenso dentro de mim, parece que tem algo errado. Abro os olhos e minha testa se franze de confusão. Eu ainda tenho os poderes daquele homem? Aquele que eu matei e aquele cujo gosto metálico do sangue ainda apodrece minha boca?

Não há muito tempo para conferir, mas... como eu não pensei nisso antes?

Foco, Sophia!

— Sophia— Bellatrix me chama, até sua voz é doentia, como um sussurro de assombração, quase tão assustadora quando a voz que Rita tinha em minha cabeça— Sophia, Sophia, Sophia— ela me chama, repetidamente. Ouvimos os passos de seus lacaios, se dispersando pela casa.

Engordio— George murmura, e a massa gelatinosa cresce. É como uma bexiga com gasolina dentro, tem uma pequena rampa sob ela e George está prestes a erguê-la.

— Malfoy está aqui— eu sussurro para meu namorado.

— Ele já escolheu o lado dele— ele me diz no mesmo tom. É. Nisso nós não discutiremos jamais.

— Seus amiguinhos estão aqui também? Nagini terá uma bela refeição esta noite!— fala um homem, eu não conheço sua voz, seus amigos riem. Nem fodendo que uma cobra enorme vai chegar a um metro de um Weasley.

Vamos separá-los. Vamos, Fred, diga que chegou a hora.

Tentam subir a escada, mas o primeiro degrau se parte e ouvimos um grito quando os pregos atravessam o pé de um dos comensais.

Homenum Revelio— Malfoy murmura, mas Fred já garantiu que este feitiço não funcionaria. Eles não teriam certeza de onde estaríamos. A casa é grande, podemos estar em qualquer lugar. A única reação que seu feitiço teria seria fazê-lo achar que estamos por toda parte.

— Movam-se!— Bellatrix vocifera, não gostando do atraso nem das surpresas. Só dois de seus homens foram feridos, querida, calma que tem mais.

Lummos— Draco tenta de novo. Nada fica claro. Eu sorrio. Os rapazes são brilhantes.

O despertador toca no andar de baixo, um grito é interrompido, o machado desceu com toda a glória. Menos um. Fred nos liberou. Eu e George puxamos a corda e a bexiga com gasolina desce rolando pela escada, ela explode quando entra em contato com um homem. Eu pego os fósforos da pia do banheiro e acendo um. Fico á vista dos inimigos, eu não consigo ver seus rostos, a única luz presente está na minha mão. Eu jogo o fósforo em direção ao fim da escada, as chamas se espalham como uma explosão. Menos três agora. Consigo ver Bellatrix e seu sobrinho surpresos enquanto dois dos seus gritam pegando fogo. Sua magia não vai salvá-los. Bellatrix faz careta, aparentemente tentando aparatar do meu lado, mas não demora a perceber que é inútil. George segura meu braço e me puxa para o quarto erguendo-me para que eu não atice a alavanca que faria com que uma estaca bem afiada atravessasse minha barriga.

— Chame reforços!— vocifera ela. Quantos mais matarmos, melhor, mas temos que lembrar que o importante é deixá-los vencer. Temos que morrer antes que seus reforços cheguem.

Alguém sai da casa e o céu noturno fica iluminado por uma luz esverdeada. Invocaram a marca negra. E com a caveira esmeralda brilhando nas nuvens sobre nossas cabeças, nós sabemos que não tem mais como voltar atrás. Como chegamos até isso, eu gostaria muito de saber. As decisões mais loucas que já tomei na minha vida, será que eu posso ousar dizer que me sinto tão energizada que não me arrependo? É uma aventura como nenhuma outra.

Eu não viveria nada disso novamente, se pudesse escolher.

— Corre, corre— George me puxa. Vamos, vamos, chegamos a última fase.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora