➤ Está feito

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CARTER

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CARTER

Sophia, Sophia...

Aquela desgraçada continua me chamando, incansável, incessantemente. Eu vou surtar. Abro os olhos irritada e a claridade quase me deixa cega. Pisco rapidamente e me sento sentindo uma leve náusea. Estou sozinha no quarto, os gêmeos não deixaram nenhuma bagunça onde dormiram, que surpresa. Meus ouvidos estão apitando, minha visão está meio embaçada, acho que não acordei direito ainda.

Me levanto e cambaleio para fora do quarto, tudo está quieto, aparentemente eles já começaram a estudar cedo, mas quando chego na sala também não tem ninguém. Minha testa se franze de confusão. Procuro pela casa, mas não encontro nenhum Weasley em lugar nenhum.

Ok, isso não é legal.

— George!— eu chamo, nada— Fred!— nada. Eles não me deixariam sozinha sem me avisar. Tem algo errado, ficar sozinha me deixa assustada, eu sei que eles não fariam isso de propósito. Os comensais já vieram atrás de nós? Merda. Eu volto correndo para o quarto dos gêmeos, tropeço nos meus pés e a porta está fechada, não lembro de ter fechado a porra da porta. A escancaro e... tem sangue para todos os lados.

O quarto chega a ter sangue no teto e este pinga na minha cabeça, meu coração dispara e minha mão queima.

— George! Molly!— grito, agoniada olhando os outros quartos no exato mesmo estado, mas não tem ninguém aqui, nenhum corpo apesar de parecer ter havido uma chacina. Eu preciso encontrá-los. A casa toda está coberta de sangue agora. Eu passo mal e escorrego pelos cantos, me apoiando em cada coisa possível, aumentando a bagunça, corro para fora da casa desesperada. Por algum motivo, olho para as minhas mãos e me deparo com mais sangue ainda e a maldita adaga queimando minha mão para um diabo. Eu solto um gemido de dor e jogo a adaga no chão enquanto os sussurros dela ecoam por todos os lados, até mesmo dentro do meu crânio, ela parece zangada porque eu não a aceito, e isso me deixa com um péssimo pressentimento, tenho medo de que ela queira tomar o controle, eu me viro pronta para correr, mas de repente estou na sala de estar de novo, no meio dos livros. Eu e eu. A outra garota ajoelhada na minha frente, ela é idêntica a mim só que sem uma cicatriz na sua bochecha, nem marcas em seu pescoço. Ela é quase... perfeita.

Minha outra versão murmura feitiços que com certeza são de magia negra apesar de eu não entender merda nenhuma da língua que ela fala, ela parece não me ver ou simplesmente não se importa com minha presença, está segurando a adaga e a passa na palma da mão esquerda. Na palma dela... fico confusa pois o corte também aparece na minha. Parece que em meus braços foi injetado ácido e ele vai se espalhando rapidamente pelo meu corpo. Eu começo a me debater como que para tentar apagar as chamas que se espalham rapidamente.

Socorro, socorro. O sangue da minha outra eu pinga nas páginas de um dos livros e eu grito por George, porque é a única coisa que me passa na cabeça, eu estou assustada pra caralho.

— GEORGE!

Factum est, ela murmura — ou sou eu? Está feito.

De repente, tudo escurece e eu apago em cima dos livros.

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WEASLEY

O grito rompe pela casa em plena manhã. Desperto meio bêbado e logo noto o óbvio: Sophia não está no quarto.

— Fred!— estava pronto para acordar meu irmão, mas ele também já está se sentando. Levanto rápido demais e minha pressão cai me deixando tonto, mas eu não paro de andar, cambaleando e me batendo nas paredes como uma mosca em uma caixa de vidro. Meu corpo volta ao normal quando começo a descer a escada pulando os degraus, meus pais e minha irmãzinha saem de seus quartos enquanto eu corro na frente do meu irmão— Sophia!— chamo por ela. Não imaginava que meu sono estivesse tão pesado assim para que eu não notasse ela saindo, mas pelo visto me enganei. Cacete, o que foi isso? Ela não respondeu e eu bato com a língua nos dentes ao vê-la no meio da sala, deitada de bruços sobre um dos muitos livros que tivemos de ler ontem. Pulo por cima do sofá depressa e me ajoelho de seu lado a virando de barriga para cima, a puxo para meu colo. A porra da adaga brilha na sua mão direita.

Sinceramente, era mais fácil quando eram só os comensais atrás dela, sempre tive certeza que eles hesitariam ao saber que ela não está mais sozinha e que nós os estaríamos esperando e também porque eles tinham mais com o que se preocupar do que com a mulher que sobreviveu ao seu ataque, nós teríamos tempo para nós, mas pelo visto agora temos uma preocupação mais urgente. Como diz o ditado, primeiro o trabalho e depois o lazer. Acho que estou sendo escravizado por não ter nem um feriado de folga. A mão esquerda de Sophia sangra e mancha sua blusa. Olho para o livro que ela estava com a cara no meio. Ele absorve o sangue que estava nas suas páginas que nem a droga de uma esponja. Eu estou ofegante e olho para meu pai, pálido e de pijama listrado na frente de Ginny, como que para protegê-la, Fred faz careta com os mesmos pensamentos que eu aparentemente. Minha mãe dá a volta no sofá e se ajoelha na minha frente passando a mão no rosto pálido de Sophia.

— Achamos o livro— falo, todos ficam quietos para o nervosismo óbvio de meu pai. Isso não vai ser nada bom. Tiro a camisa e a enrolo na mão pronto para tirar a lâmina de Sophia sem me comprometer, mas foi só encostar a ponta dos dedos nela que Sophia arregalou os olhos e surtou. Ela meteu um soco na minha cara com a mão esquerda enquanto eu procurava desviar da adaga na sua mão direita. Maldita mão pesada dessa mulher, estou cansado de apanhar, cara, mas dela eu até que mereço.

Sophia tenta partir para cima de mim em mais uma investida com a lâmina furiosa, eu agarro seu pulso antes que a faca passe na minha barriga e antes que eu tente falar ou fazer qualquer coisa a mais, minha mãe bate com um livro na cabeça de Sophia e a morena volta á inconsciência nos meus braços, arregalo os olhos para a dona Molly e ela ajeita a roupa largando o livro com uma careta.

— Eu não pensei direito— justifica limpando a garganta.

— Não pensou errado, também— Fred diz pulando por cima do sofá para o meu lado— Acho melhor a gente aproveitar enquanto dá tempo— ele diz puxando minha namorada do meu colo enquanto eu ainda processo o que aconteceu. Passo a língua nos lábios sentindo o gosto metálico que eu decididamente mais odeio no mundo.

— Ela tentou me matar— bufo.

— Agora vocês estão quites— Fred joga Sophia no ombro e a adaga cai no chão— Um bom dia para os Weasley! Um bom dia!— ironiza saindo de cena, eu desmonto apoiando-me no sofá. Ele não está errado, mas que beleza.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora