➤ Quebrar o silêncio

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O tempo parece ter desacelerado de novo e por mais que a folga seja boa, a gente não pode deixar nossa família sofrendo pra sempre a nossa falta

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O tempo parece ter desacelerado de novo e por mais que a folga seja boa, a gente não pode deixar nossa família sofrendo pra sempre a nossa falta. Fred ficou emburrado quando voltamos para o quarto e queria dormir sozinho, mas claro que não deixamos e por fim, ele não resistiu. Ele está com saudades de casa e de Angelina e eu não preciso que ele tenha raiva de mim agora, mas graças a Merlin e uma insistência de Sophia, ele não me chutou da cama.

Fui egoísta, eu sei, pela primeira vez não pensei em como Fred poderia estar porque eu só queria saber dos meus desejos. E eu queria muito Sophia, além do que estávamos nos acostumando. Não que apenas duas horas de sexo tenham me saciado, mas por hora, devem bastar. Foi tudo muito bom, mas temo dizer para os outros que chegamos ao fim do nosso sumiço. Pelo menos para os mais íntimos.

Imagino que a essa altura já tenham enterrado caixões sem corpos perto de casa, que os comensais já tenham feito sua verificação de ter certeza que estão todos sofrendo. Por favor, que ninguém tenha chegado a fase de raiva do luto. Talvez seja até melhor entrarmos em contato agora, não devemos arriscar que os cabeças quentes dos Weasley surtem e comecem outra guerra.

— Vamos quebrar o silêncio— eu falo no café da manhã. Há uma cafeteria trouxa a duas quadras do nosso hotel. É até que boa, mesmo que nenhuma comida trouxa supere a culinária dos elfos ou então da mamãe. Sophia e Fred estão em meio a uma luta de polegares. Minha namorada está ganhando, mas sei que Fred está deixando. Ele é meio molenga com ela, mesmo que sua implicância não tenha acabado. A maconha o deixou tranquilo temporariamente e quando menos esperarmos, ele vai jogar alguma coisa na nossa cara.

— Tem certeza?— Sophia pergunta desviando a atenção para mim, Fred apertou o dedão dela por dez segundos.

— Sim— garanto— Acho que eles já sofreram o bastante e eles definitivamente não merecem isso.

— Não, de jeito algum— Sophia sorri apertando os lábios e desvia o olhar para sua mão entrelaçada com a de Fred.

De todos esses dias fora, não teve um que eu não tenha sentido falta da minha família ou que tenha pensado na dor deles, o quanto eu queria vê-los de novo. Eu posso reverter isso a hora que eu quiser, Sophia não.

Tem momentos em que ela parece realmente bem. Eu gosto desses momentos, em que seus olhos encontram os meus e seu sorriso é mais seguro e verdadeiro.

Mas tem vezes em que ela simplesmente se perde dentro dela mesma, seu olhar se torna vazio e ela só fica quieta em um canto, sempre vejo seus olhos lacrimejarem, mas finjo que não para que ela não se desculpe ou perca tempo tentando me dizer que está tudo bem. Ela não tem que se preocupar comigo e sei que não quer que eu viva a dizendo o quanto eu sinto muito. Queria poder mudar essa parte da vida dela também, só não sei como.

— A gente vai ver o Bill?— meu irmão pergunta, solta a mão de Sophia e bebe do seu cappuccino. Dou de ombros.

— Temos que começar por algum lugar.

— Eu vou avisar a mamãe— Fred se levanta segurando o copo de café— Vamos ver a senhora Sabrina? Quero me despedir dela.

— A mulher que ia abusar de você quando você estivesse louco o suficiente?— Sophia fica incrédula.

— Não seja tão dura, Soph— Fred dá um beijo estalado na cicatriz na têmpora da minha namorada, quase rosnei porque fazer isso é meu trabalho, mas apenas os olhei bebendo chocolate quente— Ela é uma trouxa maluquinha, mas é muito boa.

— Ela queria teus pomos de ouro, garoto, se liga— Sophia debocha.

— Rá! Essa foi boa— eu digo, minha garota sorri para mim e nós damos um "toca aqui".

— Ela me quis por perto quando vocês não quiseram— Fred faz bico, manhoso. Ah, ótimo, vai usar da culpa para nos obrigar a ir junto.

— Você é um cuzão— resmungo me levantando e pegando meu casaco da cadeira para o colocar nos ombros de Sophia que tomou apenas um suco de laranja e não parava de se abraçar— E ela é uma drogada— passo o braço por cima do ombro de Sophia e ela se aninha a mim com um sorriso singelo nos lábios.

— Não fala assim da Sabrina!— Fred ralha. Eu não mereço isso. Melhor que ele não peça por mais daquela erva ou eu juro que vou arrancar teu pulmão pela goela. Nós pagamos a conta e saímos para a ventania intensa da rua— Cara, eu fiz uma amiga trouxa! Dá pra acreditar?

— Obrigada pela parte que me toca— Sophia levanta a sobrancelha, um pouco debochada, um pouco ofendida.

— Você não é trouxa.— argumento e caminho entre eles.

— Sou nascida trouxa— ela rebate— então sou meio trouxa.

— Você é diferente, agora, tecnicamente, é mais bruxa do que eu e o George até!

— Eu só acendi umas velas— Sophia murmura e então recolhe os lábios ficando vermelha. Sente meu olhar em seu rosto e eu dou um sorriso malicioso para sua timidez. Gosto bem de lembrar avidamente como que ela conseguiu.

— Vê se acende meu cigarro com o mindinho da próxima, vai ser bem descolado— Fred zomba. Nós rimos.

— Estou ansiosa para conhecer mais da família Weasley— Sophia muda de assunto após um minuto descontraído de silêncio e dá de ombros.

— Você irá conhecer muitos mais, não se preocupa com isso— aponto para a barriga dela zombando, ela ri e bate na minha mão. Fred nos empurra, enciumado, e acelera o passo para ir na frente.

— Vem cá, querido!— debocho afinando a voz— Vem dar um trato nessa velhinha!

— Vai te catar, garoto— ele fala indo atravessar a rua sem olhar para os lados. O agarro pela gola antes que ele seja atingido por um carro.

— Se um carro não te pegar, a Sabrina vai.— Sophia arregala os olhos castanhos e sorri com divertimento.

— Vocês vão vir ou não?— Fred faz careta para nós.

— Já falou pra Angelina da concorrência dela? Ela deveria ficar de olhos abertos, a Sabrina com aquelas pantufas, ah!— ironizo levando a mão a testa.

— E eu que sou o cuzão? Vocês são tão cruéise desnecessários.— Fred faz bico e me estapeia para que eu solte sua gola. Ele ajeita o casaco e cruza os braços.

— Você é.— balanço a cabeça.

— Mas sabemos que você nos ama!— Sophia se gaba.

— Não teria tanta certeza se fosse você.

Mas é claro que a gente tem.

HUMAN, George WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora