WEASLEY
— Eu dei uma passada perto da loja e da casa de vocês, esqueci de falar— Lino nos fala ao retornar da cozinha com a mamãe. Eu e Fred trocamos olhares, ansiosos.
— Onde estão as garotas?— dona Molly pergunta, meio distraída. Ela coloca a louça na mesa de centro e passa as mãos no avental como se estivesse alisando a saia.
— Lá em cima— Fred diz mais interessado na comida do que em qualquer outra coisa e nossa velha assente e se retira murmurando um "licença".
— E aí?— pergunto para Lino— Como tudo está?
— A loja está bem, comigo e Angelina por lá, por enquanto está tudo de pé— ele fala, suspirando, se senta no chão servindo-se do pudim gordo. Eu e Fred nos adiantamos pegando grandes pedaços por pura gula.
— Uma preocupação a menos— falo, dando de ombros, Lino não está errado em usar o "por enquanto", mas pelo menos ainda temos a loja. A qualquer momento devo me preparar para perdê-la e tenho que aceitar, afinal, foi escolha minha— E nossa casa?
Lino apenas contrai os lábios carnudos e balança a cabeça em negativa, eu e Fred afundamos no sofá desanimados e sincronizados.
— Que merda, cara— meu gêmeo resmunga— Você entrou lá para ver o estrago?
— Tentaria, mas não, os comensais ainda estão lá— Lino faz careta— Vocês pegaram o mais importante, não é?
— Claro, trouxemos direto para cá antes de irmos atrás da Sophia— Fred disse. Roupas, escovas de dentes, fotos, livros mais difíceis de encontrar, coisas contrabandeadas ainda escondidas no malão de Fred com feitiço de expansão.
Tenho nojo só de imaginar a porra dos comensais na minha casa, talvez devesse lhes fazer uma visita na surdina e ver se eles gostam mesmo de fogo, tanto quanto aparenta.
— O que planejam fazer agora?— ele pergunta. Dou de ombros.
— Nem sei.
— Talvez a gente devesse ir para o Chalé das Conchas, não acha?— Fred bate no meu ombro para chamar minha atenção— Poderíamos ver Bill.
— Não podemos ficar em nenhum lugar muito tempo, isso não é seguro para ninguém que esteja com a gente— eu fico pensativo.
Queria poder ficar em casa para sempre, mas simplesmente não dá. Hora ou outra os comensais vão procurar por nós aqui, o mais óbvio para um refugio de qualquer Weasley é a Toca. Teremos que nos mover, fazer com que eles nos sigam para pontos diferentes sem que foquem na nossa família, os distraindo numa caçada atoa. Á vista, no entanto, inalcançáveis.
— Temos sorte de não sermos prioridade deles, podemos passar mais dois dias ou três aqui, mas logo seremos viajantes de novo— resmungo esfregando o rosto.
— Pode aparecer na minha casa sempre que precisar, mano— Lino se dispõe, eu apenas balanço a cabeça, mas nem fodendo. Já basta colocar minha família no rastro da destruição, não quero arrastar meus amigos para isso também. No fundo ele sabe que enquanto puder evitar, não passaremos nem perto de sua casa.
— O futuro pode ser uma merda, mas uma hora o jogo vai virar— eu falo, mastigando o pudim maravilhoso que só minha mãe faz. Vou sentir falta disso, sem sombra de dúvida— Agora nós ficamos escondidos até os pirralhos terem algum sucesso no que quer que estejam tramando de fazer— tombo a cabeça para trás no encosto do sofá e encaro o teto— Minha vida seria tão mais fácil se Bellatrix simplesmente morresse.
— Acho que é mais ela que está obcecada em pegar Sophia— Fred diz— Os outros só fazem o que você-sabe-quem manda, e o todo poderoso não deve dar a mínima para essa sobrevivente em especial.
— Bem, meio que deve ser mais do que trabalho agora que nós matamos dois deles— pego uma colherada cheia de pudim e levo a boca— Eles vão querer se vingar.
— Eu devia ter matado Bellatrix— Fred bufa— Logo no começo, teríamos poupado tanto trabalho!
— Você não fez nada errado, Freddie— eu digo, ajeitando a postura. As vozes das garotas no andar de cima parecem distantes, elas não saíram de onde quer que estivessem.
— Eu hesitei em matar logo aquela vaca, claro que fiz merda— eu seguro a nuca do meu irmão e a aperto com firmeza, o repreendendo.
— Não fez— digo com firmeza— Olha nos meus olhos quando eu falar com você, mal educado— ele ri e me olha entediado— Você não fez nada errado. Eu também hesitei, a gente não é assassino, claro que hesitamos.
Fred apenas afasta minha mão e balança a cabeça exalando frustração.
— E se vocês morressem?— Lino sugere, de repente.
— Caramba, Lino, deixa eu pelo menos terminar de comer!— Fred reclama.
— Cara, nem vem com isso— solto um gemido de piedade— Eu estou cansado de morte.
— Não, espera, foi mal, e se vocês forjassem suas mortes?— ele se corrige, agitado. Eu e Fred olhamos para nosso amigo e há um momento longo de silêncio. As três mulheres descendo as escadas, rindo.
— George, isso...— Fred se interrompe, pensativo. Sophia chega e passa a mão no meu ombro, dando a volta para se sentar entre Fred e eu, mas eu puxo ela para se sentar meu colo.
— Ruivo— ela arregala os olhos castanhos, surpresa. Eu olho para Lino e então para minha garota de novo— O que foi?— Sophia se preocupa, ajeitando-se no meu colo, ela segura meu rosto.
— Rapazes, o que há?— minha mãe coloca as mãos na cintura, tão alerta quanto Sophia. Lino e Fred me olham, indecisos, então meu gêmeo olha para minha mãe.
— A gente tem que morrer— ele diz, fazendo careta confusa, incerta. A sala toda fica imersa em um silêncio muito alto enquanto a chuva despenca sem pausa do lado de fora. Mais uma ideia horrível vindo aí, quem melhor do que os gêmeos Weasley para fazer algo nesse nível?
Nota da autora:
Olá, amores, vocês por um acaso já leram Morgana? Se não, passou da hora hein! Vai lá ver meu romance com o Fred Weasley!
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HUMAN, George Weasley
FanficHUMANA || Se a guerra não estivesse estourando, quem sabe eu não teria conhecido ele. Não há uma parte minha que se arrependa de ter conhecido ele. Meu garoto com os olhos de raposa. Meu George Weasley.