『Terra chamando Nicole』

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» Nicole Davis;
- 21 de dezembro, domingo.

Quando acordei naquela manhã, inconscientemente levei minha mão para o lado apenas para encontrar com o espaço completamente vazio. Mas o que eu podia esperar? Era apenas mais uma noite como outra qualquer, ela não me esperaria para um diálogo tão agradável quanto aquele que tivemos antes de tudo acontecer.

Respirando fundo, procurei pelo celular e observei o quão cedo ainda era. Não possuía nada para fazer durante todo o dia, e como ainda sentia o meu corpo pesado. Achei que seria muito mais vantajoso para mim se voltasse a me apagar sobre aquela cama sem me preocupar com nada. E como me apresentar para quem esperava pela minha presença era algo que só aconteceria amanhã, foi exatamente o que eu fiz. Não conseguia pensar em mais nada que não se resumisse em voltar a dormir instantaneamente.

Sentindo o calor que emanava do sol aquecer minha pele, tirei coragem do epicentro da terra e me levantei com a intenção de tomar uma banho relaxante antes de decidir como terminaria o dia em que tudo parecia estar caminhando para a direção certa.

A noite havia incrível de formas que sequer consigo explicar, tudo havia chegado a uma intensidade que me fez querer um replay de cada segundo vivido horas atrás. Mas em uma cidade tão grande quanto esta, acreditava mesmo que as chances de voltar a vê-la eram quase inexistente. Afinal, não estava claro se dividíamos o mesmo mundo de influência social. O seu modo de agir era algo um pouco duvidoso em certos pontos, mas não cabia a mim fazer julgamentos. Também não represento tudo o que se espera de alguém como eu, e ainda sim estou presa a um status que não me faz condenação. De certa forma, com relação a isso podíamos dar as mãos sem muita pretensão.

Ordem e disciplina era algo muito comum quando empregados na mesma frase em que meu nome se mantinha audacioso, pois era incontestável o quanto minhas mães não deixavam de ressaltar o enorme orgulho que sentiam. Mas fora dos holofotes, eram raras as vezes em que a menina dos olhos se mostrava abertamente para o mundo. E com esse saber, acreditava fielmente que a nossa sofreria com algumas mudanças, pois a partir desses últimos dias do ano ela passariam a conhecer essa minha segunda metade.

Tirando o excesso de umidade do fios quase negros, deixei o banheiro respirando fundo ao ouvir a insistência de quem quer que fosse do outro lado da linha. Então deixei a toalha em seu devido lugar e atendi o idiota que me importunava enquanto descia pacientemente a escova por entre os delicados fios do meu cabelo. Aquele corte lateral não seria do agrado de nenhuma das duas, mas como já sou adulta, tenho de impor alguns limites. Ao menos tentaria algo assim.

_ Ortégas, em que posso lhe ajudar nessa bela tarde de domingo que me sinto completamente intediada e necessitada de algo interessante para fazer? - fazendo todo um drama que desconhecia ser meu, novamente busquei novos ares para os pulmões ao adentrar o colete jeans que cobria uma regata totalmente preta. Estava bem com aquele estilo, mesmo que não fosse o de todos os dias. Combinava comigo.

_ A última vez que apelou para uma cena tão dramática, Davis. Horas depois você me confessou ter quase certeza de que estava apaixonada por alguém - voltando há um passado que não deveria ser lembrado, imaginei que o idiota deveria estar exibindo um largo e divertido sorriso nesse exato momento. Confiança e intimidade eram mesmo duas coisas que acabavam com o respeito em certas circunstâncias - Qual o nome da garota dessa vez?

_ Não viaja Leon, não tem ninguém envolvido dessa vez. E só para deixar claro, aquilo foi um surto psicótico que não demorou para ser reparado. Eu não estava bem, não estava raciocinando da forma que deveria - impondo a minha versão para todo o ocorrido, tomei posse da carteira com tudo o que era necessário e fechei a porta do quarto atrás de mim ao seguir na direção que me levaria a saída do hotel. Precisava mesmo de algo interessante para ocupar a minha mente, mas não era nada parecido com o que foi dito por esse babaca - Mas enfim, você ainda não me disse para qual finalidade está me ligando ao invés de mandar as mil e umas palavras de sempre. Do que precisa?

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora