𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒

『Chegamos ao fim』

  Narrador,
  10 de abril, sexta-feira. 

Em um início de fim de semana, antes mesmo do sol invadir seu quarto, Ayla se via de pé com o celular preso em suas mãos. Estava focada em reencontrar o seu lado que trazia orgulho para toda a sua família. Mas naquele manhã, a jovem Rivera não era a única a estar buscando motivos para ceder orgulho aos seus aliados.

Se despedindo da esposa após o rápido café que dividia com aquela que tanto amava, Alícia respirava fundo ao se direcionar imediatamente para a delegacia. Haviam conseguido por as mãos em quem ela tanto buscava nos últimos dias, e com isso, a delegada acreditava estar a apenas um passo de trazer a conclusão para o caso "mistério".

Poucos conseguiam entender isso, mas outros conseguiam sentir que aquele seria um final de semana muito tenso. Em seu interior, alguns sentiam que aquela sexta traria uma dor de cabeça que não podia ser medida. Estava difícil alcançar um mês naquele ano que não trouxesse surpresas indesejadas, principalmente para um grupo em especial.

Estando distante da família desde o assunto desagradável com a namorada, Nicole tentava não enlouquecer com a falta de contato com as mulheres que tanto significavam para ela. Sentia falta de Ayla, falta dos seus momentos em particular com a garota. Mas dentre tantos sentimentos, o que mais lhe incomodava era o fato de a mais nova ainda se mostrar presente nas redes atrás do canal de YouTube. Temia que a Rivera jamais fosse lhe ouvir diante aquele assunto.

— O que acha de darmos uma volta pelo parque, Davis? – descendo as escadas levando seu aparelho celular até o bolso, Leon questionou a amiga ao encontrá-la jogada sobre o sofá fitando o teto como algo extremamente interessante.

Quando a menina Davis bateu a sua porta já invadindo sua casa sem pedir permissão e se jogou naquele mesmo sofá três dias atrás, o rapaz se perguntou o que estaria acontecendo. Pois desde que a conhecia, aquela era a primeira vez que via a amiga tão abatida. Mas devido ao entendimento sobre tudo o que conhecia daquela que ali estava, tudo o que ele fez foi lhe receber de braços abertos e deixar a sua disposição qualquer um dos quartos de hóspedes.

Tendo Nicole ao seu lado no decorrer dos dias, Leon esperou que tudo parecesse estar de volta ao seu lugar até encontrar o momento ideal para interrogar a amiga, pois não estava conseguindo entender como a mais nova acabou se mantendo presa dentro daquela propriedade sem sequer perguntar pela namorada. Afinal, não havia ninguém no mundo que Nicole Davis idolatrava mais do que a caçula de sua família. Mas ao ouvir que haviam dado um tempo na relação, o rapaz não soube como conter a surpresa que o dominou.  Duvidava da seriedade daquele dizer, mas se viu obrigado a aceitar sua veracidade quando Nicole começou a lhe apresentar os pontos de modo cauteloso, pedindo discrição até o momento em que Ayla finalmente caísse em si e abandonasse aquele afazer tão perigoso.

— Não sei se estou muito afim não – ainda focada apenas no branco do teto, Nicole respondeu de forma aleatória, como se tivesse sido programada para dizer exatamente aquilo. Seu ânimo estava vagando para um mundo que não era aquele, e no que dependesse apenas dela e sua vontade, não deixaria a "humilde" residência de Leon tão cedo. Mas quando colocava algo em sua mente, o rapaz sabia ser insistente. Ele acreditava que seria muito bom para a amiga sair e distrair a mente ao menos por algumas horas.

— Nada disso Davis, sai logo daí – cansado de sempre receber um não, Leon apenas a derrubou no chão enquanto cruzava os braços em pose intimidante no momento seguinte – Não pode desistir de viver apenas porque ela ainda não deu as caras dizendo que fez o que você pediu. Já passou da hora de buscar se impor e mostrar que pode seguir sem esperar por nada.

— E eu posso fazer isso idiota, só estou pensando – se pondo de pé ao fuzilar o amigo como se fosse mesmo o matar, disse certa das próprias palavras – Desde que acordei hoje, estou tendo umas sensações estranhas, o que me lembra justo do que ocorreu com o Régis no mês passado – optando por dividir com Leon o seu pensamento, respirou fundo levando as mãos até os bolsos –Não estou gostando do que pode vir a acontecer, Órtegas.