『Minhas duas filhas apaixonadas』

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  Nicole Davis;
  9 de janeiro, sexta-feira.

Sentada de frente para uma parede mais branca do que o cadarço do tênis que comprei ontem, já estava a ponto de mandar um foda-se no ar e ir embora pra casa. Havia me cansado de tanto esperar.

Quando enfim respirei fundo e fiquei de pé para realizar o meu desejo, ouvi sua voz se fazer audível logo atrás de mim, finalmente haviam terminado.

— Se quiser vir amanhã para adiantar o processo das digitais, não há problema algum. Mas será apenas isso, a próxima data do curso teórico está marcada para terça e quinta-feira – sem muita paciência, pude ouvir a voz da mulher que cuidava de todo o seu avanço dentro do estabelecimento. Eram muitos detalhes, muita coisa para atrasar até até chegada do exame final. Se realmente quiser prosseguir, é necessário que aja alguma disposição.

— Não é um problema pra mim, estarei aqui dentro do horário marcado – sua afirmação era espontânea, ela estava animada com a hipótese de em breve poder estar cortando toda a cidade sem se preocupar com os ultimatos dados por dra Alícia Rivera. As ameaças de nossa mãe costumavam surtir bastante efeito.

— Combinado então, tenha uma boa tarde e até amanhã – exibindo sorrisos, a mulher acenou enquanto Ayla se virava para me alcançar. O meu estresse havia acabado de aumentar umas cinco vezes apenas naquele momento.

Não pensei que fosse ser uma pessoa ciumenta, mas me senti à apenas um fio de trazer ainda mais problemas para a minha conturbada vida. Não precisava ser tão cortez com alguém que mal conhecia, afinal, não se sabe o que pode encontrar por trás de tal pessoa.

— Vamos direto pra casa, ou você quer fazer alguma coisa antes disso? – sua questão havia sido feita de forma suave, realmente interessada na resposta que iria obter. No entanto, tamanho entrosamento com aquele ser dentro da autoescola terminou por extinguir o restante da paciência que ainda me restava.

— Se não se importar, quero muito ir pra casa – tentando não ser grossa com ela, comentei lhe estendendo o capacete.

— Tudo bem por mim, não tenho planos para nada no momento – o seu sorriso era a arma perfeita contra todo o meu mal humor, não tinha como nutrir qualquer tipo de raiva contra uma cópia tão bem feita de dona Alícia misturada a personalidade de mamãe. Genuinamente inocente em todos os atos já feitos sem pensar, uma criança buscando por espaço em um corpo que alcançava aos poucos a fase adulta. Como ficar com raiva de alguém assim?

— Vamos então? – estando sobre a moto, recebi o seu aceno positivo enquanto o meu movimento era copiado. Não estávamos muito longe de casa.

Aproveitando a brisa oferecida pela baixa velocidade dentro das ruas traçadas, fiz do silêncio o meu professor, o meu conselheiro diante pensamentos incertos. E com um sorriso idiota no canto dos lábios, voltei para o aniversário dela. 

"— Melhor presente de todos! – caindo dentro dos braços de nossas mães, Ayla exclamou diante todo o processo de sua habilitação na categoria B já pago em suas mãos. Era mesmo um presente de tirar o fôlego, mas todo o clima pareceu nublar no momento em que vi dona Alícia a afastar para encarar sua mão. Nada foi dito no momento, mas dentro de mim gritava a certeza de que logo teríamos uma longa resenha familiar em relação ao assunto.

O décimo oitavo aniversário da caçula da família estava animado, com convidados que até então eu não sabia da existência ou não conhecia pessoalmente. Um exemplo vivo, o promotor Deniel Batista, um marco na vida da aniversariante.

As horas corriam rápido dentro daquele casa, tudo nos empurrando para um momento decisivo. Sentia que o destino é suas consequências não gostavam muito de mim, não eram meus amigos em situações tão perturbadoras. Não era difícil fazer o reluzente anel passar despercebido pelos olhares das dras Davis e Rivera, ao menos eu pensava que não. Mas infelizmente, se era preciso que ele ficasse ali sempre a mostra, não deveria ter sido surpresa a rapidez em que o objeto foi notado pelo olhar periférico de dona Alícia. Ela via tudo o que não precisava ser visto, era mesmo algo muito impressionante.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora