𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒

『O que aconteceu?』

  » Ayla Rivera;

Presa naquela sala, sentada sobre aquela mesa e recebendo uma onda de toques que me levavam nas alturas, não pensei em muita coisa, tão pouco calculei cada um dos riscos que existiam por trás daquela ação. Mas com certeza desejei que um raio caísse sobre a cabeça de Alisson quando tivemos que parar o que estávamos fazendo por causa da sua aparição inesperada. Ao menos ela teve a decência de bater na porta antes de fazer uma merda ainda maior.

Respirei fundo quando já estava vagando pelo corredor com ela presa em meu braço. Ainda queria a trucidar como se não houvesse um amanhã, queria enterrá-la viva se fosse mais simples. Porém, ela era a minha melhor amiga e mesmo que fosse do meu desejo, não podia ficar mais tempo. Se estava na hora de começarem a entrega dos diplomas, era minha obrigação estar presente quando chamassem pelo meu nome.

— Não acredito que você desapareceu para transar com aquela mulher outra vez , Ayla – negando o meu feito, disse realmente desacreditada – E só para piorar, tinha que ser na sala do diretor?

— Não enche, Alisson – sem pique para receber suas broncas, a cortei imediatamente – Apenas aproveitei a oportunidade.

— Não tem que descontar a sua frustração em mim, o relógio quem não quis ajudar – rindo da situação, a filha da mãe sessou os passos para me ajudar com o desastre que estava o meu vestido – Sua mãe vai te matar quando descobrir isso, as duas vão trabalhar juntas na verdade – se divertindo com a minha cara, disse o óbvio, como se eu não possuísse essa noção – Não fica brava amiga, mas pra quem ficava tão relutante em perder a virgindade, até que você gostou bastante da coisa, não é?

— Deixa de ser idiota e vamos logo, esse não é o lugar para falar dessas coisas – com o meu dizer, ela riu ainda mais ao voltar a andar.

— Tem razão, as Dras Davis e Rivera não sabem que a caçula da família não é mais assim tão inocente – tomando alguns passos de distância, ela provocou uma vez mais. Só podia estar testando os meus limites, não havia uma explicação melhor.

— As vezes eu me pergunto como nos tornamos melhores amigas – sendo um comentário aberto, ela apenas deu de ombros e seguiu na busca pelo irmão. Seria ele a acompanhar até o momento tão esperado pelos nossos familiares presentes, enquanto eu seria acompanhada por mamãe. Essa que vinha na minha direção feito uma fera que acabou de perder o filhote – Mamãe, me desculpa desaparecer assim. Havia me retirado para um momento mais a vontade e acabei me esquecendo do horário – sem esperar qualquer pronunciamento da sua parte, logo apresentei a minha defesa. Não era a verdade, mas devia servir para amenizar os ares do momento.

— Podemos falar sobre isso em um outro momento, agora venha – tomando posse da minha mão como se estivesse conduzindo uma criança de nove anos, seguiu pelo caminho trilhado há poucos minutos por Alisson – Queria que visse a sua irmã antes da entrega dos diplomas, mas isso também terá de esperar – estava evidente a sua mágoa e irritação, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Dizer a verdade serviria apenas para deixar tudo ainda pior. Era um risco que escolhi não correr.

Com o silêncio falando pela gente, nos posicionamos entres os demais formandos e seus acompanhantes para noite, e aguardamos até o momento em que o meu nome foi chamado.

Estava na hora, aquele seria o meu adeus ao colégio, assim como também seria as minhas boas vindas à uma nova fase que logo se iniciaria. Não estava preparada para o novo, tão pouco havia me decidido pelo curso ideal. Mas era evidente que em algum momento dentro dos seis meses que consegui com elas, eu teria que apresentar a aprovação no vestibular de algum curso que valesse a pena. E mesmo que tivesse implorado por um ano, a verdade é que esses meses saíram mais longos do que pensei. Haviam mesmo me ouvido dessa vez, então restava apenas aproveitar.