𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒

『Ainda preciso de você』

  13 de março, sexta-feira.

Dias e mais dias corridos, a semana chegando perto do fim e nada de boas notícias alegrarem o meu dia. Estava ficando cansada, exausta de tanta falta de ação de quem deveria garantir o bem da sociedade. Eles não eram mais os mocinhos que todos tentavam ver, agora haviam se tornado os vilões.

Minha alta já havia sido assinada, demorou mais do que o esperado, mas enfim estava livre para voltar a minha rotina. No entanto, ficar fora do hospital não era uma opção dentre todas as que existiam em minha pauta. Ficar aqui era a única coisa que se passava em minha mente, e vê-la despertar daquele sono profundo era o meu único desejo.

— Lanche carregado de calorias que sequer podem ser medidas só encontramos em nossa lanchonete favorita, e pela sua cara, é tudo do qual você está precisando Rivera – não medindo a altura do tom de voz usado, Alisson surgiu pelo corredor se jogando ao meu lado no sofá de visitas. O notebook ocupava espaço em minhas pernas, mas não teve de ser removido para evitar ser necessário comprar um novo.

— Sorte que seus pais possuem dinheiro para evitar perder uma filha, pois sua noção passou longe garota – tentando soar divertida, disse a empurrando para o lado. Mas a verdade era simples, eu não estava bem, não estava para brincadeiras naquele momento. Ela então me olhou de braços cruzados – Me desculpe Ali, não tive a intenção.

— Está tudo bem, entendo você – se ajeitando como uma pessoa decente, buscou contato contra minha mão – Mas o que me diz, um lanche rápido em nosso lugar? Você está precisando sair daqui, espairecer um pouco a mente, parar de dar atenção para tudo o que dizem nas redes sociais.

— Não me importo com a mídia social em si, apenas com os feitos por trás de cada publicação feita – respirando fundo, deixei a cabeça pender para trás ao buscar uma completa visão do teto. Não sabia mais qual caminho seguir para me reencontrar outra vez.

Régis estava bem, deixaria o hospital em poucos dias, sua observação já chegava ao fim. Depois de tudo o que causou, sairia pela porta da frente como um ser humano reconhecido pelo povo, quando na realidade, deveria no mínimo ser algemado e acompanhado por dois oficiais armados. Mas haviam conseguido um último suspiro antes do decreto final, com muito esforço, foram capazes de o liberar parcialmente de todas as acusações atuais.

Testemunhas, haviam me perguntado sobre isso durante a divulgação de tal proeza em meu canal de YouTube. Mas não era algo que permitisse uma resposta muito simples, afinal, se fosse para garantir a sua morte atrás das grades, teria seguido com o carro até o juiz responsável apenas para relatar todas as minhas memórias relacionadas ao dia em questão. Porém, quando um acordo foi apresentado e junto dele negaram todos e quaisquer meio de proteção, minha mãe logo se intrometeu no assunto. Ela não estava disposta a passar por nada parecido com aquilo outra vez, e como prova disso, me calou frente ao advogado de acusação. No que dependesse dela, eu jamais faria parte do caso Alone, e a verdade é que não posso julgá-la. Em seu lugar, faria o mesmo.

Descer de nível? Sim, ainda pensava muito nisso. E para tentar mostrar que tudo que aqui é feito, também é cobrado aqui, chegava a conclusão de que não precisava mais adiar a jogada que poderia me trazer um cheque-mate contra aquele que me parecia ser o rei do tabuleiro. Havia dado dicas antes, mas não havia cedido todas as peças do quebra-cabeça. Palavras ainda precisavam ser divulgadas, a semente do mal teria de ser plantada o mais breve possível. Já possuía por onde começar, pouco faltava para concluir todo um interesse criado em minha mente.

— O que está acontecendo? – sendo retirada dos meus pensamentos mais profundos, questionei quando notei a equipe médica responsável passar em passos apressados em direção ao seu quarto. Imediatamente senti meu peito se apertar, minhas pernas falharam quando tentei me levantar para me juntar a mamãe na observação atrás do vidro.