『O que foi isso?』

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  » Nicole Davis;

Ainda digerindo o que foi dito pelo tal diretor, observei o modo como minhas mães pareciam estar orgulhosas do feito alcançado pela criança, e pensei em como eu pude ser tão idiota em não ter dado a devida importância para uma simples apresentação quando se acaba de conhecer alguém. Isso teria evitado muita coisa, afinal, os sinais estavam ali o tempo todo. Os olhos da nossa mãe, a delicadeza e suavidade da mamãe, as informações incompletas que a todo momento me levavam a uma única comparação. Estava tudo muito claro, a cada segundo algo tentava nos alertar, me alertar. Mas eu escolhi não ver, o desejo me cegou para o que estava bem na frente dos meus olhos. A culpa era minha, e agora eu não sabia o que fazer.

Ver a mamãe se aproximando com um radiante sorriso presente em seus lábios, aumentava ainda mais o meu temor em relação a tudo o que estava acontecendo. Como iria resolver isso era uma incógnita muita elevada para o meu conhecimento, mas nada se comparava ao que iria acontecer quando toda essa confusão caísse no ouvido delas, das nossas mães.

— Aí estão vocês – cedendo um rápido selinho a esposa, dona Mellissa comentou ao direcionar seu sorriso até mim – O que houve com você meu amor? – após uma rápida análise em minhas vestes, ela questionou parecendo um pouco assustada. Mas depois de tudo, não sabia mais como responder a essa pergunta.

— Assunto dos jovens, querida – dando fim ao silêncio que era estabelecido, dona Alícia se dispôs a responder por mim a questão feita pela esposa. E mesmo que não tenha dito nada, a agradecia por essa iniciativa. Estava começando a me sentir fora de mim, e isso não era comum para alguém tão decido quanto eu.

— Aconteceu alguma coisa, meu amor? – também notando a minha repentina mudança, ela quis saber ao ignorar a resposta recebida para a questão anterior. Então respirei fundo e tirei do fundo poço um sorriso que demonstrasse alguma naturalidade antes voltar a me pronunciar. Aquele estava se tornando o meu abismo.

— Não é nada mamãe, estava apenas pensando que o vovô teria amado compartilhar com a gente esses momentos tão únicos – mesmo que não fosse uma mentira, também não era o que me afligia. E com isso, foi inevitável não pensar em como seria a reação dele ao ficar sabendo de toda essa história. Perguntas que não seriam respondidas, assim como o passado não podia ser mudado. Não iria adiantar ficar pensando muito nisso.

— As vezes eu também penso muito nisso – sendo acolhida pelos braços da minha mãe, ela disse nostálgica. E isso me tirou um sorriso de verdade, a interação delas como um verdadeiro casal seria sempre o meu combustível.

— Onde está a Ayla, querida? – enfim notando a ausência do seu clone, dona Alícia questionou a procurando pela extensão do lugar. Mas um motivo para me considerar tão idiota em relação a tudo.

— Foi trocar de roupa amor – negando a veracidade da própria frase, me fez levar as mãos aos bolsos apenas para sentir a presença da calcinha que lhe cobria a parte mais sensível ao toque em seu belo corpo.

Como me arrepender de algo que me dominou pro completo? Era uma luta muito injusta com o meu interior, e não era difícil saber que ela duraria por um tempo longo demais para ser contado. Havia me colocado em um caminho que não devia receber a minha presença em hipótese alguma, era uma aventura arriscada demais, e eu sabia disso desde o início. Leon havia me avisado, mas não se dispôs a me dar um nome. Outro assunto a ser resolvido em breve, mas no momento tudo o que eu precisava era de calma e consciência do que estava fazendo para não acabar surtando frente as mulheres que me conheciam melhor do que ninguém.

Aceitando o caminho do assunto proposto, me deixei levar por cada brincadeira, pergunta e relatos passados que giravam entre a gente naquele momento. Mas ainda não me sentia bem com a recente descoberta, e tudo se complicou ainda mais quando a vi se despedindo da amiga e se virando para a nossa atual localização. O meu semblante ainda exibia um meio sorriso, mas não havia como disfarçar todo o meu nervosismo diante a saia justa que havia me metido.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora