» Nicole Davis;
- 22 de dezembro, segunda-feira.No momento em que a radiação solar atravessou a proteção oferecida pelas janelas cobertas daquele quarto, percebi que já estava hora de me levantaram, estava na hora de dar início a mais esse dia no país que há muito tempo não chamava de meu.
Estava claro o que seria feito em algum momento do dia, estava claro que a aventura vivida no fim de semana teria de ser esquecida. Afinal, ela estava com a razão. Existia um probabilidade muito grande de não voltarmos a nos reencontrar, a cidade era grande demais para nos permitir isso. Mas na verdade, eu acreditava que se ocorreu uma vez, pode facilmente voltar a acontecer. No entanto, não é algo com o qual me vejo preocupada.
Com as malas totalmente organizadas outra vez, me decidi por descer ao térreo em busca de algo para comer. O restaurante do hotel deveria ser o ponto ideal para o rápido café da manhã, mas já começava a se tornar hábito uma chamada do Leon nos momentos mais impróprios. Então tentei o ignorar, recusei as ligações e busquei seguir com aquilo que era o plano. No entanto, diante a enorme insistência eu percebi que a melhor forma de conseguir um instante de paz seria cedendo ao seu chamado. Teria de atender o celular.
_ O que deseja meu querido amo? – adotando toda uma ironia que pouco era usada, esperei que ele digerisse a maneira como foi atendido para enfim me dizer algo. Mas como não parecia que algo fosse deixar a sua boca, respirei fundo com a sua lerdeza de sempre – Estou falando Ortégas, o que você quer?
_ Como assim o que eu quero? Ontem você desapareceu atrás da garota e não se preocupou em me mandar nem mesmo uma mensagem, Davis. Onde fica a consideração que deveria ter comigo? – dramatizando toda uma cena, disse o seu lamento. Então fiquei em silêncio a espera do seu término – Vai me contar o que aconteceu ou não?
_ Por telefone? Você só pode ter ficado louco – em um riso nasal, virei as costas para o restaurante do hotel e voltei ao meu andar para me jogar a cama uma vez mais. Havia perdido a fome, as lembranças das últimas ocorrências eram o suficiente pra mim.
_ Podemos nos encontrar na mesma lanchonete de ontem, se quiser – cedendo a alternativa, me lembrou da obviedade do dia.
_ Se esqueceu que hoje eu vou pra casa? Preciso falar com as minhas mães seu otário – sorrindo para o nada, disse simples. Era sempre muito bom ter as duas presentes em meus pensamentos.
_ Você pode fazer isso mais a tarde, perto da noite. Agora sai desse hotel e vem logo pra cá.
_ Pensei que era somente se eu quisesse – rindo do seu modo de falar e como ele mesmo se contradizia, tomei posse do relógio que foi dado a mim por mamãe em meu último aniversário e mirei os meus passos para as ruas da cidade.
_ Não há como deixar uma decisão dessas nas suas mãos, agora faz o que te falei. Vê se não demora – sem esperar qualquer dizer da minha parte, o babaca simplesmente encerrou a chamada. Poderia bater o pé e lançar o foda-se para o seu querer ao ficar exatamente onde estou, mas a verdade é que eu precisa disso, precisava desse momento, conversar com alguém antes de encarar minhas figuras maternas.
Me lembrava bem do tempo gasto de carro na tarde de ontem, mas como tempo era tudo o que eu possuía, achei que seria interessante caminhar ao longo do caminho. Aproveitaria para conhecer um pouco mais a cidade, afinal, muita coisa havia mudado desde o dia em que fui embora. Quinze anos era um tempo longo demais, o suficiente para mudar até mesmo a essência do lugar. Podia sentir isso nas profundidade do meu ser.
Mudanças sempre foi algo que me assustava, e a principal aconteceu quando viajei para outro continente com apenas oito anos. Não estava preparada, mas rapidamente me adaptei, pois mamãe disse que seria divertido, disse que seria a oportunidade da minha vida e que não deixaria de me procurar. A sua influência sobre mim valeu ouro naquele dia, e o apoio recebido tanto dela quanto da irredutível delegada da cidade, foram a chave final para o meu medo se dissipar. No fim, ter deixado o país foi um ponto altíssimo para o meu amadurecimento e crescimento como pessoa. E agora tudo começa a sofrer mudanças outra vez, mas em uma situação inversa, em uma situação completamente diferente da anterior.
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𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒
Random🔞 𝐀𝐲𝐥𝐚 𝐯𝐢𝐯𝐢𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐪𝐮𝐢𝐥𝐚 𝐞 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞. 𝐌𝐚𝐬 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚 𝐚 𝐬𝐨𝐟𝐫𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐢𝐧𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐯𝐢𝐫𝐚𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐯�...