『Chega!』

86 12 0
                                    

  21 de março, sábado.

A manhã seguia um caos, resquícios do que se prolongou da data anterior ainda fazia o coração de muitos perder o compasso. O inesperado fez do momento algo ideal para cumprir com todas as etapas do que havia sido listado em seus cadernos, o plano havia sido caótico, mas também havia sido perfeito.

Ainda buscando controlar todo o alvoroço causado por um grupo infiltrado em meio aos protestantes, Alícia respirava fundo ao checar se sua família estava realmente bem, principalmente depois de ver Ayla sendo segura como refém para que sua ação a favor de Régis fosse impedida. Não que desejasse o fazer, mas era o seu trabalho. Independente do que pudesse acontecer, enquanto o homem estivesse sob sua custódia, era sua obrigação o manter a salvo. No mínimo, tentaria o fazer.

— Quais as chances daquele verme sair com vida da sala de cirurgia? – se posicionando ao lado da esposa após ter conseguido estabelecer algum controle naquela área do hospital, a delegada precisou perguntar antes de encaminhar os responsáveis para interrogatório. A delegacia não era muito longe, mas se manter informada era mais do que estritamente necessário. Fazia parte do seu trabalho não deixar nada passar.

— As mínimas possíveis – perdida em seus próprios pensamentos, Mellissa a respondeu – E mesmo ele sendo um ser vivo, acredito que se tivesse esperado mais um minuto estaria nos poupando tempo. Não seria necessário buscar pelo impossível apenas para manter ar nos pulmões de um monstro como aquele – expondo sua opinião, a dra deixava esvair o motivo pelo qual não fazia parte da equipe que trabalhava contra as probabilidades para manter a vida de Régis Alone. Afinal, para a jovem médica se o homem morresse seria um grande favor ao mundo.

— É o meu trabalho querida, não posso deixar que minha opinião instintiva aja em uma situação dessas. Estaria traindo tudo aquilo em que acredito, indo contra cada juramento feito quando me apossei desse distintivo – era um ponto forte, Mellissa não podia negar. Porém, apesar de tudo, ela ainda se perguntava como podiam lutar pela vida de alguém como Régis Alone. Era inaceitável, o cúmulo dos cúmulos em uma só existência. Mas ali estavam todos.

— A verdade é que nada disso importa, tanto faz o resultado apresentado no final do dia. Apenas espero que não tenhamos que passar por essas emoções outra vez, pois meu coração não aguenta mais ser testado, chegou ao seu limite – soltando um longo suspiro ao se deixar ser abrigada pelos braços fortes da mulher que tanto amava, a dra confessou realmente cansada das surpresas nada agradáveis que caíam sobre os seus ombros a todo momento. Sentia a exaustão a abatendo sem prévio aviso, enfim fazendo valer as palavras de Ayla dias atrás. Precisa descansar, ter um longo tempo de paz e tranquilidade em sua casa, sob os cuidados das pessoas que significavam o mundo para ela.

— Está tudo bem amor, estamos bem – buscando afirmar aquilo que a esposa precisava ouvir, Alicia respirou fundo garantir sua segurando dentro do seu abraço, então respirou fundo ao notar toda uma observação de ambas as filhas a distância. Ayla apenas negava enquanto Nicole parecia inerte ao mundo, as duas vagando por direções diferentes.

Observando o carinho existente entre suas mães, Nicole se perguntava se em algum momento existiria motivos fortes o suficiente para destruir tudo aquilo que vinha se fortalecendo ao longo dos anos, enquanto sua irmã não pensava em nada fora do que havia ocorrido nas últimas horas.

Imitando aquela que levava nas mãos todo o seu mais sincero sentimento, Ayla ainda buscava entender como acabou ficando sob ameaça de uma lâmina afiada a frente de sua mãe. Era muita falta de sorte para uma pessoa só, estava cansada de ser sempre a vítima e mesmo assim agradecia por ter visto de perto as inúmeras perfurações contra o abdômen de Régis quando o mesmo tentou reagir ao acontecimento. Mas apesar de estar certa do seu fim mesmo em sala de cirurgia, lamentava que o trabalho não tivesse sido finalizado naquele quarto. Achava inaceitável o fato de chances serem dadas ao ser mais desprezível que conhecia, mas fugindo um pouco dos fatos que importavam, a jovem Rivera respirava fundo ao buscar pelo celular em seu bolso. Possuía tudo o que precisava para mais uma jogada, e vendo o homem que tanta lhe causava ânsia se aproximando, cerrou os punhos mantendo a todo instante a distância.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora