『Eu odeio muito você』

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  » Nicole Davis;
 
Não estava preparada para a reação que dona Alícia jogou sobre mim, era essa a verdade. Mas estava me odiando ainda mais por demonstrar tanta fraqueza a frente de tantos olhares, aquela não deveria ser eu. Porém, após analisar toda a situação como um todo, percebi que não havia nada com o que me preocupar, pois não existe nada para me envergonhar. Afinal, não conhecia ninguém mais sentimental do que a dra Mellissa Davis, e foi ela quem enfrentou todo o processo da gravidez para me dar a vida, foi ela quem me cedeu os genes para me tornar este ser. Então, apesar de todas as minhas posturas lembrarem a minha mãe, era de se esperar que um lado tão importante da mamãe se fizessem presente uma hora ou outra.

Entendendo que não deveria ficar remoendo o ocorrido no andar de baixo, me pus frente ao meu computador para poder fazer algo de útil pelo restante da noite. Não estava com sono, e como ainda era muito cedo, precisava de algo para passar o tempo.

Quando bateram a minha porta, ainda estava pensando sobre o que dizer para quem estivesse do outro lado, mas não me surpreendi ao ter a figura de Ayla adentrando o quarto sem se importar com o que poderia ouvir.

Em certos casos, ela simplesmente não dava a mínima para a minha opinião. E sem receber uma resposta direta para a minha idiota questão, abandonei o computador quando o assunto abordado passou a ser o ocorrido há poucos minutos.

— A sensibilidade é uma das características mais forte da mamãe, então é normal que ela esteja refletida em mim de alguma forma, não acha? – para mim, isso era óbvio. Mas ainda queria ouvir a sua opinião sobre o assunto, por isso depositei sobre ela toda toda minha atenção.

— Você tem um ponto, mas confesso que não pensei em você com uma característica tão..como eu posso dizer? – as palavras pareciam faltar, e apesar de achar um absurdo a sua pontuação, entendia bem onde ela queria chegar.

— Doce filhinha de mamãe? – desejei me bater por dizer isso, e diante o sorriso que tomou os seus lábios, percebi que não deveria me sentir tão mal quanto a isso. O caminho era mesmo aquele.

— Não poderia ter dito melhor, filhinha de mamãe  – se divertindo com a minha cara, ela confirmou ao se aconchegar embaixo do meu edredom logo depois de se livrar do tênis em seus pés – Não vai vir se deitar?

— Não estou com sono, e ainda não são nem mesmo oito da noite – apontando para a tela atrás de mim, disse esperando que ela dissesse algo, mas isso não aconteceu. Uma feição duvidosa foi tudo o que pude encarar, o que me tirou um sorriso idiota ao negar sua ação – O que você quer agora?

— Eu? Nada demais – disse simples ao abrir espaço para mais um corpo na cama, deixando tão claro quanto água o recado que queria passar – O que tanto faz aí que não pode vir se deitar?

A vendo agir assim, faz desaparecer toda aquela pose de rebelde marrenta que me foi apresentada no dia em que nos conhecemos, e que se fortaleceu ainda mais na noite em que aquele idiota a beijou. Não parece que o seu olhar as vezes visualiza o seu alvo em chamas, que o seu maior desejo é observar o fuzilamento daqueles que se colocam no seu caminho. Essa versão é diferente, nova de várias maneiras possíveis, e tenho aprendido a gostar muito dela. Talvez estivéssemos mesmo fazendo o certo certo ao tomar aquela decisão, talvez fosse o melhor pra gente, o melhor para todos os envolvidos.

— Não é nada importante, já estou indo – cedendo as suas vontades, desliguei o computador e também me livrei do meu calçado antes de me deitar ao seu lado na cama, de frente para ela enquanto me cobria até a cintura. O clima não estava muito frio, mas era o suficiente para poder fazer uso daquela peça de cama.

— Eu ganhei você – sorriu com tal constatação, ficando completamente vermelha ao se dar conta da falta de palavras naquela frase. Era mesmo uma criança – Não ri, você entendeu o que eu quis dizer.

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora