Nicole Davis,
20 de março, sexta-feira.Uma semana, era esse o tempo passado desde o momento em que abri os olhos para luz que me indicava vida. Sete dias desde a apresentação de uma cena que colocou mais de um coração em teste, onde poucos souberam como prender a respiração e cruzar os dedos para que não houvesse falhas dali adiante. Muitas emoções foram sentidas, e no fim, todas elas se resumiam a um certo alívio. Era bom estar de volta.
Receber alta ainda não era algo que estivesse em minha lista de realizações, pois apesar de parecer estar super bem e pronta para outra dessas, mamãe e o médico que cuidava de mim se recusavam a assinar aquela folha idiota. Dessa forma, enquanto achassem ser necessário me manter ali sob observação, não podia fazer nada. Contra a minha vontade eu estava presa, sob suas ordens era obrigada a andar.
O mês não estava longe do seu fim, e em mais esse final de semana, esperava poder ao menos comer tudo o que tivesse vontade. Estava com saudades da bagunça feita em minha cozinha, além das altas discussões ocorridas para não haver a necessidade de bagunçar a cozinha. Percorrer o mercado atrás de coisas inúteis e nada saudáveis era sempre um ponto importante a cada duas semanas, e neste mês ainda não havia acontecido. Em tal ritmo, duvidava ainda ter tempo para fazer acontecer. Principalmente tendo noção de que mamãe jamais deixaria as coisas voltarem a sua antiga rotina, pois no instante em o sinal verde for dado a mim, possuo toda a certeza do mundo de que a dra Davis seguirá os meus passos por um longo tempo. Em outras palavras, talvez ela nos chamasse para voltar a morar com elas, mas ainda não possuía uma resposta para tal questão. Afinal, estava muito bem em meu pequeno espaço. Nós estávamos.
— Já que você não deixar o prédio, que tal uma caminhada pelos corredores do hospital? – se fazendo presente no mesmo instante em que a única enfermeira disponível se retirou, Ayla questionou caindo em cima de mim sem se importar com exatamente nada. Tive de me segurar para não tirar o seu sorriso diante a dor sentida quando o seu peso recaiu sobre o meu abdômen ainda em processo de cicatrização. Estava começando a entender o que mamãe queria dizer com mais alguns dias de repouso e observação. Minha namorada iria me quebrar se não fosse regrada.
— Mamãe e aquele médico chato me pediram para repousar se eu quiser sair daqui o mais rápido possível – a prendendo dentro do meu abraço, inalei o seu agradável perfume enquanto dizia o que foi passado a mim.
— Caso não saiba, fazer leves caminhadas também pode ser considerado como uma espécie de repouso. Pois além de fazer bem ao corpo, também faz muito bem a mente – se desviando de todos os meus toques, voltou a ficar de pé, não perdendo a chance de ao menos tentar me levar contigo. Sorri com isso.
— De qual livro você roubou essa fala? – observando sua frustração diante a falta de sucesso obtida, respirei fundo e me posicionei para deixar a cama com alguma ajuda sua. Ainda esperava pela resposta que viria com alguma piadinha sem graça, afinal, era esse um marco unicamente dela.
— Sabe que não faço esse tipo de coisa, realmente a formulei em minha mente – mantendo em seu rosto uma feição pra lá de séria, estive perto de acreditar em sua atuação. Mas me limitei a apenas negar o que acabava de ouvir saindo por entre os seus lábios, ela então soltou um longo suspiro e cruzou os braços assim que abriu a porta para liberar a nossa passagem – Me sinto mal por saber que não consegue acreditar em mim, principalmente em algo tão simples.
— Não é pra tanto Ayla, eu acredito sim em você. Mas não pode me pedir para fechar os olhos para algo que em algum momento acabei por ler em um dos vários artigos que mamãe fez para a sua faculdade quando ainda estudava, e aposto meio mundo que você leu essas mesma páginas. Foi de onde tirou essa "inspiração", e apesar de tentar, não pode nem mesmo tentar negar a única verdade existente para o momento. Principalmente se o alguém do outro lado possui chamas no olhar diante toda a sua certeza, deixando cada vez mais claro que não pode o corromper com tão pouco – aceitando acompanhar a lentidão dos seus passos por aqueles corredores, tive de comentar um dos muitos lados da minha visão. Foi quando observei o silêncio se formar enquanto suas mãos ocupavam espaço em seus bolsos, apenas para que o clima pudesse se fortalecer de alguma maneira.
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𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒
Rastgele🔞 𝐀𝐲𝐥𝐚 𝐯𝐢𝐯𝐢𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚 𝐭𝐫𝐚𝐧𝐪𝐮𝐢𝐥𝐚 𝐞 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐧𝐨𝐫𝐦𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐞 𝐬𝐞𝐦𝐩𝐫𝐞. 𝐌𝐚𝐬 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐚 𝐚 𝐬𝐨𝐟𝐫𝐞𝐫 𝐮𝐦𝐚 𝐢𝐧𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐚 𝐫𝐞𝐯𝐢𝐫𝐚𝐯𝐨𝐥𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐟𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐯�...