『Precisamos conversar』

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  » Nicole Davis;

Percebendo a velocidade em que as horas insistiam em correr, não me surpreendi quando o relógio já marcava as seis da noite. E mesmo que tivesse marcado com Leon de nos encontrar depois das sete, já estava pronta para me jogar no sofá da sala e esperar por uma mensagem dele por lá. Havia me arrumado com uma antecedência um pouco longa, mas julguei não ter importância alguma. Como mamãe costumava dizer, antes cedo do que se atrasar.

Com o celular em mãos, deixei meu quarto enquanto digitava uma mensagem em resposta à que recebi do tio Marcelo. Então guardei o aparelho no bolso e respirei fundo ao avistar Ayla a caminho da porta, pronta para deixar a casa em um completo silêncio. Com isso, a impedindo de prosseguir, me fiz presente ao impor uma questão em nome de mamãe.

O curto diálogo trocado entre a gente não foi tão agradável quanto pensei que pudesse ser, afinal, havia feito aquilo unicamente em prol da provocação. Ela estava me evitando o dia todo, e nem mesmo possuía uma explicação lógica para isso. Eu não sou alguém que representa perigo, não iria morder o seu calcanhar quando ela virasse as costas. Não precisava agir de forma tão imatura, podíamos conviver como pessoas normais sem precisar manter um apego nas últimas ocorrências. Ao menos era nisso que eu estava tentando acreditar.

Estando ciente de que agir feito uma dedo duro não era a melhor forma de tentar uma aproximação, lancei o foda-se para as consequências desse ato. Estava bem por saber que ao menos assim teria a sua atenção sobre mim, havia dado fim a sua fuga, e a seriedade em meu semblante não entregava toda a minha diversão interna com aquele momento. Ela estava mesmo irada com a minha abordagem, com a minha ação tão parecida com a das nossas mães.

— Nem sei porque estou te dizendo isso, não te devo satisfação alguma da minha vida – após me ceder toda uma explicação plausível para a primeira questão feita, ela disse em um suspiro, me cedendo as costas e saindo sem esperar qualquer novo dizer vindo da minha parte. Então me permiti um largo sorriso ao negar sua frustração enquanto observava a sua saída junto de Alisson e Felipe. Havia conseguido algo, mas não contava que fosse receber os frutos dessa colheita. Ainda possuía muito o que plantar antes de receber os resultados da fertilidade daquele terreno.

Deixando que minha mente vagasse para novos mundos, cai sobre o sofá e fiz do teto a minha única paisagem existente, o meu único foco para os minutos de espera que me restavam. Em breve daria sete horas, e assim como faria a minha saída, mãe e mamãe fariam a sua chegada. Estava no horário delas.

- Davis, vou me atrasar alguns minutos, espero que não se irrite com isso.

A mensagem caiu consideráveis minutos antes da hora marcada, então não liguei muito, nem mesmo cedi uma resposta. Estava bem com tudo, não iria me estressar por tão pouco. Afinal, ele teve a decência de me avisar antes da verdadeira espera ter o seu início.

— O que aconteceu com a festa? – portando a bolsa da mamãe em seu ombro ao segurar a porta para ela passar, dona Alícia cedeu a questão assim que impôs o olhar sobre mim. Sendo assim, saí dos meus devaneios, abandonei as redes sociais e me sentei feito uma pessoa decente.

— Nada demais, estou apenas esperando um amigo. Ele acabou se atrasando – explicando os meus motivos, aceitei de bom grado o beijo na bochecha vindo de mamãe e revirei os olhos para o desalinhamento dos meus fios, causado pelas mãos da delegada da casa – Mãe? Isso não tem mais a mesma emoção de quando eu era criança.

— Não é o que eu penso – sorrindo divertida, ela disse se jogando sobre o sofá a minha frente, abrindo espaço para que mamãe se sentasse ao seu lado, fazendo do colo dela o seu travesseiro – Sua irmã já saiu?

𝗠𝗶𝗻𝗵𝗮 𝗜𝗿𝗺𝗮̃ 𝗠𝗮𝗶𝘀 𝗩𝗲𝗹𝗵𝗮 - 𝒻𝒾𝓁𝒽𝒶 𝒹𝒶 𝓂𝒾𝓃𝒽𝒶 𝓂𝒶̃𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora